Na soma de Trump, tarifas contra importados chineses chegam a 245%
A conta envolve taxas recentes propostas pelo presidente dos EUA, de 145%, com encargos que já estavam em vigor. Para Pequim, trata-se de um ‘jogo insignificante’

*com informações do Estadão Conteúdo
A China está agora sujeita a tarifas de até 245% impostas pelos EUA, informou a Casa Branca ao anunciar uma nova investigação sobre minerais críticos. Mas esse porcentual parece se aplicar apenas a dois tipos de produtos, veículos elétricos e seringas, e, na verdade, não é novidade.
O número resulta da soma das tarifas propostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, de 145%, com encargos que já estavam em vigor.
No primeiro mandato, Trump impôs uma tarifa de 25% sobre veículos elétricos chineses, que foi elevada para 100% pelo ex-presidente Joe Biden no ano passado, mesma alíquota aplicada por ele às seringas importadas da China.
Ou seja, os 245% não refletem novas medidas, mas apenas a soma das tarifas máximas atualmente aplicadas. A Casa Branca "simplesmente decidiu somar" os valores agora, disse um funcionário.
A maioria dos produtos chineses enfrenta tarifas mais baixas, ainda que significativamente superiores às que vigoraram por décadas. Algumas dessas tarifas já existentes devem aumentar no ano que vem, como é o caso das cobradas sobre luvas médicas de borracha, que passarão a ter uma tarifa total de 245% a partir de janeiro. -
Jogo insignificante - A China já tem conhecimento de que alguns de seus produtos exportados aos Estados Unidos estão sujeitos a tarifas que, somadas, chegam a 245%, informou nesta quarta-feira, 16/4, um porta-voz do Ministério do Comércio chinês. "Isso expõe plenamente o grau irracional a que chegou a prática dos EUA de instrumentalizar e militarizar as tarifas", afirmou.
O representante da pasta reiterou que Pequim já deixou clara sua posição sobre a "imposição unilateral" de sobretaxas por parte de Washington. "A China não se deixará levar por esse jogo insignificante de tarifas promovido pelos EUA. No entanto, se os EUA insistirem em prejudicar substancialmente os interesses chineses, a China contra-atacará com firmeza e lutará até o fim", completou.
Estímulo ao consumo interno - O governo da China divulgou nesta quarta-feira um plano de trabalho para incentivar o consumo de serviços em 2025, como parte dos esforços para "liberar novos motores de demanda doméstica e impulsionar o crescimento econômico".
O documento foi publicado pelo Ministério do Comércio chinês. O plano cita "48 medidas específicas", ainda sem detalhar uma a uma, voltadas a diferentes setores, abrangendo tanto as principais indústrias de serviços quanto "novas formas de negócio e novos cenários de consumo".
As ações estão organizadas em seis áreas prioritárias: "apoio político, atividades promocionais, abertura e ambiente de consumo". De acordo com o comunicado, a China pretende "aumentar a oferta de serviços de consumo de qualidade" por meio da "expansão da abertura e redução de restrições para participantes do mercado interno".
O plano também prevê o incentivo a "novos modelos de negócios", como serviços digitais, saúde integrativa e entretenimento cultural.
O texto ainda destaca a importância de "melhorar o ambiente de consumo" com regulamentações mais claras, fortalecimento da proteção ao consumidor e estímulo à inovação.
A China ainda menciona a modernização da infraestrutura em áreas rurais, com o objetivo de "reduzir a disparidade entre o consumo urbano e rural". As medidas começam a ser implementadas ainda em 2025, com acompanhamento contínuo dos resultados.
Nos EUA - Enquanto isso, Trump afirmou que há uma chance de que o "dinheiro" obtido com a aplicação de novas tarifas será suficiente para "substituir o dinheiro" dos impostos americanos.
O comentário aconteceu na terça-feira, 15, em trecho televisionado de entrevista exclusiva para a Fox Noticias. O presidente americano fez referência ao período dos anos 1960 a 1980, no qual, segundo ele, a base da economia dos EUA era sustentada por tarifas mais altas, ao invés de impostos pagos pela população.
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