A digitalização do micro comércio já começou

Menor custo de softwares na nuvem e dispositivos móveis tornam sistemas de gestão digitais mais acessíveis aos pequenos negócios, como a Zirkus Churros, de André Vita (na foto)

Italo Rufino
11/Jul/2017
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A digitalização do micro comércio já começou

Por quase quatro anos, André Vita foi analista de sistema da Petrobras em Pernambuco. Com a crise que se instalou na companhia, Vita decidiu explorar seu apreço por gastronomia e foi empreender.

Em 2015, ele criou a Zirkus Churros, microempresa que mantém dois food truck de churros em Recife. 

A gestão do negócio, porém, era deficitária. Não havia controles rígidos sobre o volume de vendas. Ele nem sabia ao certo os dias e horários de maior demanda.

Tudo era calculado no “olho” e anotado numa caderneta por Vita e seus funcionários. Ao final do dia, o empreendedor inseria as informações numa planilha de Excel.

“Às vezes, eu comprava ingredientes em excesso, que, por ter prazo de validade curto, acabavam indo para o lixo”, afirma Vita. 

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Há um ano, Vita passou a utilizar um sistema de gestão, que consiste num hardware, com impressora fiscal, gaveta de dinheiro, leitor de código de barras e display, e um software na nuvem, que faz gestão do fluxo de caixa e gera relatórios sobre as vendas. 

Com a ferramenta, Vita identificou o volume de vendas de cada ítem do cardápio. Com isso, passou a fazer promoções dos itens menos vendidos. 

Dependo do horário do dia, o churros de goiabada pode ser vendido por R$ 1,99 – menos de um terço do valor original. O preço baixo faz consumidores experimentarem o sabor pela primeira vez. 

“Muitos gostam e voltam a pedir, mesmo fora da promoção”, diz Vita. “Como compramos a goiabada pronta, o prato dá menos trabalho para ser produzido e tem margem maior.”

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Outra ação de Vita foi oferecer batata frita nos carrinhos, uma vez que a venda de churros vinha caindo. Em dois meses, o faturamento com batata igualou as receitas provenientes dos doces. 

Por fim, Vita também passou a oferecer um combo composto por um churros salgado, batata e cerveja (ou refrigerante).

“Os clientes já costumavam pedir os itens em conjunto”, diz o empreendedor. “Então, criei o combo com um leve desconto para fomentar ainda mais as vendas”. 

Em 2017, a Zirkus Churros deve faturar quase R$ 100 mil. Ao mesmo tempo, a empresa teve ganhos de 20% em diminuição de perdas de ingredientes. 

CHURROS DA ZIRKO: GASTOS COM PERDAS DE ALIMENTOS CAIU 20%

MAIS ACESSO 

No passado, novas tecnologias começavam a ser usadas por grandes empresas e demoravam anos para chegar à base da pirâmide dos negócios. 

“Com o barateamento de serviços na nuvem e dispositivos móveis, sistemas de gestão para micro comércios estão bem mais acessíveis”, diz Eros Jantsh, Vice-Presidente de Negócios da TOTVS para o segmento de microempresas. 

JANTSH, DA TOTVS: EMPREENDEDOR QUE NÃO É VOLTADO PARA TECNOLOGIA CORRE MAIS RISCO DE QUEBRAR

De acordo com Jantsh, nos últimos anos a crise aumentou consideravelmente a competitividade entre micro e pequenos negócios. Diferentes motivos levam a ferrenha briga. 

Primeiro, muitos profissionais, que ocupavam cargo de gestão em empresas e foram demitidos, se tornaram micro e pequenos empreendedores devido à dificuldade de recolocação no mercado. 

Segundo, em momentos de retração no consumo, grandes varejistas tendem a realizar ações baseadas em preço baixo, o que toma mercado dos pequenos, que não possuem capacidade financeira para abaixar as margens. 

Terceiro, jovens com ensino superior, que utilizam ferramentas tecnológicas e redes sociais com naturalidade, trocam a carreira corporativa por empreender em negócios da economia criativa, como moda e gastronomia. 

“Empreendedores que não são voltados para a tecnologia correm muito mais risco de fecharem as portas”, diz Jantsh.

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E INTERNET DAS COISAS

Há poucas semanas, a Totvs lançou a Carol, uma plataforma de análise de dados e inteligência artificial. 

Utilizando a base de dados de transações do Bemacash, plataforma de ponto de venda utilizado por micro e pequenos varejos, a Carol analisou milhões de recibos.

Foi identificado, por exemplo, que o produto Coca-Cola foi registrado de 986 formas diferentes pelos estabelecimentos.

 Com recursos de aprendizado de máquina, a tecnologia entendeu que todos eram refrigerantes produzidos pela mesma empresa, com diferentes sabores e tamanhos. 

INTERFACE DA PLATAFORMA CAROL: INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ESTÁ ACESSÍVEL PARA PEQUENOS NEGÓCIOS

Um dos objetivos da plataforma é gerar conhecimento de negócios para os empreendedores compreenderem seu mercado de atuação, obtendo informações sobre concorrentes e previsão de vendas em eventos externos (como mudanças climáticas e feriados).

De acordo com Jantsh, a solução pode ajudar pequenos empresários em processos complexos, como precificação de produtos, que depende de diferentes análises, como mercado-alvo, concorrência, custos e sazonalidade. 

FOTOS: Divulgação 

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