Qual é o DNA do modelo de gestão da sua empresa?
‘As incertezas podem levar ao medo e comprometer a energia, limitar o aproveitamento de oportunidades e o uso de recursos’

*Luiz Carlos Ferreira de Oliveira é Conselheiro Consultivo e membro do Conselho de Orientação e Serviços da ACSP
*Claudio Colucci é Doutor em Ciências pela USP e especialista em gestão
No artigo anterior, abordamos tendências e ferramentas de gestão. Agora, vamos falar sobre o modelo de gestão da sua empresa. Você consegue definir de maneira objetiva qual é o DNA do Modelo de Gestão (como as coisas são feitas) da sua empresa?
Envolve uma combinação de mentalidade, práticas, comportamentos que definem o desempenho e a vitalidade da empresa. É traduzido através de uma combinação de perspectivas interconectadas e complementares.
Modelos de gestão tradicionais são caracterizados por hierarquias rígidas, forte burocracia, muito verticalizados, baseados no comando e controle, por vezes associados aos ambientes de negócios mais estáveis e previsíveis, com forte foco na conformidade e eficiência.
É importante considerar que mesmo setores considerados estáveis podem enfrentar crises específicas.
Modelos contemporâneos, centrados em pessoas, com estruturas mais horizontalizadas, efetivas redes de competências, auto-organização, flexíveis e baseados em princípios ágeis, por vezes são mais associados aos ambientes turbulentos e dinâmicos.
Procure refletir, se juízo de valor, onde a sua empresa está entre esses dois extremos. Qual a melhor opção para responder aos desafios de mercado?
Ambientes de negócios têm se transformado significativamente nas últimas décadas. Observa-se que uma crescente turbulência e dinamismo têm substituído a estabilidade que anteriormente caracterizou diferentes setores.
Esse fenômeno pode ser atribuído a uma série de fatores, incluindo avanços tecnológicos, globalização, mudanças nos comportamentos dos consumidores e a evolução das regulamentações governamentais.
Agora apresentamos as diferentes perspectivas do modelo de gestão, para que você reflita sobre a sua empresa.
As incertezas podem levar ao medo e comprometer a energia, limitar o aproveitamento de oportunidades e o uso de recursos. Procure refletir sobre o que pode ser controlado pela empresa e o que não pode ser controlado. Priorize a sua energia para o que pode ser controlado.
Sobre o propósito, procure avaliar se a empresa demonstra uma integração excepcional de valores. Se os elementos do propósito estão fortemente presentes, são consistentemente demonstrados e vivenciados nas diferentes áreas da empresa e por pessoas de diferentes gerações (encare a combinação de pessoas de diferentes gerações como complementaridades a favor da empresa).
Avalie se o pensamento sobre estratégias é participativo e explora a inteligência coletiva, ou é restrito a visão de uma, ou outra pessoa.
Procure verificar se na empresa há uma consciência clara sobre a gestão dos conhecimentos críticos para o sucesso do negócio, se a empresa é aberta às inovações, ou parece que parou no tempo.
Avalie criteriosamente se a combinação de estrutura e a dinâmica do trabalho contribuirão para o enfrentamento dos desafios de mercado. Processos de trabalho implementados? Centrados no cliente? Automatizados? Ágeis?
Sobre resultados de desempenho, investigue os indicadores implementados, os que devem ser implementados e comunicados às pessoas para que saibam onde estão e aonde devem chegar. Aqui uma dica: lembre-se que dinheiro em caixa é absolutamente crítico.
Avalie se entre as pessoas que trabalham na empresa há colaboração, flexibilidade, como participam e colaboram com os processos decisórios. Reflita sobre a agilidade pró-cliente e superior experiência para este.
A empresa conta com pessoas que simplesmente ocupam cargos de gestão, ou são efetivas lideranças?
Reflita se a empresa é caracterizada pela prontidão para mudanças (pense nos desafios de 2025), ou se imperam resistências.
Qual é o perfil da cultura (crenças, valores, modelo de agis da empresa)? Há segurança psicológica, ou impera o medo? Como as lideranças podem contribuir para uma evolução da cultura.
Finalmente, como são estabelecidos os objetivos (apenas curto prazo?)? Como se dá a motivação das pessoas (apenas salários e prêmios?). E as pessoas de diferentes gerações?). Como são tomadas as decisões (racionais X intuição)? Como são coordenadas as atividades (flexibilidade X inflexibilidade)?
Ufa! Parece complicado! Na verdade, é importante avaliar de maneira isenta, objetiva, sem vieses, de maneira holística.
Estabeleça um programa de evolução desafiador e realista para o contexto da sua empresa. É fundamental evoluir mentalidade, práticas de gestão (ferramentas) e comportamentos para o sucesso e vitalidade da empresa.
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