Organizadores tentam por um fim na chamada "Black Fraude"
Os promotores da Black Friday brasileira criam um selo para identificar quais são as lojas bem intencionadas. Veja como obter o certificado e se planejar para essa data

No próximo dia 28, sexta-feira, acontece a Black Friday brasileira. O evento é baseado na tradição do varejo americano que realiza promoções de vendas na sexta-feira após o feriado de Ação de Graças. No Brasil, a data foi incorporada ao calendário do comércio em 2010 por iniciativa do portal Busca Descontos. A ação já é considerada o melhor dia para as vendas online – no último ano, as 24 horas de ofertas movimentaram R$ 424 milhões, segundo a ClearSale, empresa de soluções para autenticação de vendas no e-commerce.
Apesar do bom resultado nas vendas, o evento ganhou má fama nas edições passadas: algumas lojas mal intencionadas fizeram uma maquiagem nos preços para que os descontos parecessem maiores, deixando muitos consumidores insatisfeitos. Em 2013, foram 8,5 mil notificações no site ReclameAqui relacionadas ao Black Friday. Por causa disso, os internautas apelidaram a ação de “black fraude”.
Para recuperar a imagem do evento, o portal Busca Descontos e a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (câmara-e.net), organizadores oficiais da data, criaram um selo chamado Black Friday Legal, que pretende identificar as lojas online e físicas que irão oferecer promoções idôneas. Os comerciantes que desejarem participar devem assinar o código de ética da Black Friday; um documento que define condutas sobre a honestidade das ofertas e a relação com os consumidores.
Ludovino Lopes, presidente da câmara-e.net, afirma que a ideia é unir empresas comprometidas com a realização de ofertas reais para o consumidor, mas que cada loja possa escolher os valores que deseja praticar: “o lojista pode oferecer qualquer faixa de desconto que não comprometa os seus negócios”.
Além do código de ética, os comerciante passarão por uma análise feita pela camara-e.net que vai verificar os dados cadastrais da empresa, como CNPJ e razão social, e avaliar se a loja disponibiliza informações de contato importantes para os clientes, como e-mail, telefone e endereço.
“O comerciante que aceitar os termos do código e passar pela análise da câmara-e.net, receberá o selo Black Friday Legal 2014 e poderá usá-lo em seu site e campanhas de marketing. A logomarca da empresa também ficará disponível no site do evento para o consumidor que quiser confirmar se a loja assinou o código de ética”, afirma Ludovino Lopes, presidente da câmara-e.net.
As inscrições para o Black Friday Legal 2014 terminam no dia 24 de novembro. Até o momento, a câmara recebeu o cadastro de 470 empresas que desejam receber a certificação. Os organizadores do evento estimam que este ano o faturamento fique entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão.
Leia mais: Promoção de vendas é bom negócio para varejistas?
COMO SE PLANEJAR PARA A BLACK FRIDAY
Confira quatro recomendações de Marcelo Sinelli, consultor do Sebrae São Paulo, para os comerciantes que desejam participar do Black Friday:
Credibilidade. Os consumidores estão cada vez mais utilizando sites e ferramentas de comparação de preços; eles estão atentos às melhores promoções. “Oferecer uma oferta maquiada ou com um desconto irrisório pode ser um tiro no pé e prejudicar a imagem da empresa”, afirma Sinelli.
Alvo. O lojista deve definir qual é o objetivo da empresa ao participar da Black Friday: “pode ser aumentar o capital de giro da empresa ou vender um produto que está parado no estoque ou ainda tornar a marca mais conhecida dos clientes”, diz o consultor do Sebrae. A partir dessa definição, o empresário deve escolher o que vender e quais serão os preços. “É importante ressaltar que para participar da ação não é necessário que todos os produtos estejam com desconto.”
Treinamento. Para as lojas físicas, é importante orientar os funcionários para as vendas desse dia. Os comerciantes devem salientar quais são as ofertas e as condições de troca do produto. “Em alguns casos, vale a pena estender o horário de funcionamento e até mesmo oferecer uma comissão maior para os vendedores”, diz Sinelli.
Comunicação. O comerciante deve ficar atento a e-mails marketing e malas diretas que envia para os clientes. O consultor lembra que todos os anúncios devem ter o mesmo conteúdo sobre preços, produtos e condições de pagamento. Além disso, é fundamental informar que aquelas promoções são validas apenas para aquele dia.Para mais orientações, o Sebrae São Paulo preparou uma cartilha para os empresários que desejam se informar sobre a Black Friday.