Focus reduz projeção de inflação neste ano
De acordo com o relatório de mercado do Banco Central, o índice oficial de inflação este ano passou de 6,84% para 6,80%. Já o PIB deve acelerar a queda
Os economistas do mercado financeiro mudaram para melhor suas projeções para a inflação neste ano.
O Relatório de Mercado Focus divulgado na manhã desta segunda-feira 21 pelo Banco Central (BC) mostra que a mediana para o IPCA -o índice oficial de inflação - este ano passou de 6,84% para 6,80%.
Há um mês, estava em 6,89%. Já o índice para o ano que vem permaneceu em 4,93%. Há quatro semanas, apontava 5,00%.
No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado no fim de setembro, o BC havia apresentado suas estimativas mensais para o IPCA no curto prazo, sendo que a taxa projetada na época para a inflação em novembro era de 0,45%.
Na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que justificou a decisão do colegiado de reduzir a Selic (a taxa básica de juros) de 14,25% para 14,00% ao ano, o BC afirmou que cortes maiores dependerão da retomada da desinflação de serviços e de avanços no ajuste fiscal.
QUEDA DO PIB
O Relatório de Mercado Focus desta semana trouxe mudanças nas projeções de atividade no País, na esteira da divulgação do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) de setembro, na semana passada.
No documento, as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) mostram aprofundamento da recessão, com a retração passando de 3,37% para 3,40%.
Foi a sétima semana consecutiva de piora nas projeções para a atividade neste ano. Há um mês, a perspectiva era de recuo de 3,22%.
O BC informou na semana passada que o IBC-Br de setembro subiu 0,15% ante agosto na série ajustada.
Apesar do ganho mensal, o indicador de tendência do PIB fechou o terceiro trimestre com retração de 0,78% ante o segundo trimestre, o que reforçou entre alguns economistas a percepção de que a retomada da economia ficou mais para frente.
Para 2017, o Focus mostra que a percepção também piorou. O mercado prevê para o País um crescimento de 1,00% no próximo ano, abaixo do 1,13% projetado uma semana antes. Há um mês, a expectativa era de 1,23%.
O BC trabalha com uma retração de 3,3% para o PIB em 2016 e com uma alta de 1,3% para 2017. Já o Ministério da Fazenda, que projeta avanço de 1,6% para o próximo ano, vai divulgar nesta semana uma estimativa atualizada e menor que a atual.
CÂMBIO
A vitória do republicano Donald Trump nas eleições americanas, que pressionou os mercados globais de moedas nas últimas semanas, voltou a influenciar as estimativas para o câmbio no Brasil.
De acordo com o Focus, a cotação da moeda americana estará em R$ 3,30 no encerramento de 2016, ante R$ 3,22 de uma semana antes. Há um mês, estava em R$ 3,20. O câmbio médio de 2016 passou de R$ 3,43 para R$ 3,45, ante R$ 3,43 de um mês antes.
Para o fim de 2017, a mediana para o câmbio permaneceu em R$ 3,40 de uma divulgação para a outra, mesmo valor de um mês antes. Já o câmbio médio de 2017 passou de R$ 3,32 para R$ 3,36 - estava em R$ 3,34 um mês atrás.
Nas últimas semanas, após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA, o BC brasileiro não apenas interrompeu as atuações com swap cambial reverso como retomou os leilões de swap cambial tradicional, como forma de reduzir a volatilidade e segurar a alta forte do dólar.
Em comunicações recentes, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, tem dito que a atual posição em swaps dá tranquilidade à instituição em suas atuações e que o Banco Central pode usar qualquer instrumento disponível para conter a volatilidade.
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