Mísseis americanos, britânicos e franceses são lançados sobre a Síria
Operação, desencadeada na madrugada deste sábado, buscou destruir instalações militares de produção e estocagem de armas químicas usadas contra um reduto de rebeldes, próximo a Damasco
Mísseis dos Estados Unidos, França e Reino Unido foram lançados na madrugada deste sábado (14/04) contra instalações militares da Síria, supostamente responsáveis pela produção de armas químicas. O presidente Donald Trump afirmou que a operação foi "perfeitamente executada" e que "a missão foi cumprida".
A Rússia, principal aliada da Síria, não desencadeou nenhuma operação militar em resposta aos mísseis aliados. Era essa uma das maiores preocupações da comunidade internacional. Uma escalada poderia levar a um conflito de proporções inéditas desde o início da Guerra Fria, ao final do último conflito mundial.
Em Moscou, o Kremlin se limitou a emitir comunicado em que o presidente Vladimir Putin condenou a operação ocidental "nos termos mais categóricos".
A destruição das instalações militares sírias ocorre exatamente uma semana após o uso de armas químicas num dos subúrbios de Damasco, naquele momento ainda em mãos de forças rebeldes.
A chamada Guerra Civil da Síria já dura sete anos, mas desde o início não é marcada pelo confronto apenas de forças internas.
Ao lado das forças regulares do ditador Bashar Al Assad, o regime sírio conta com a cobertura aérea da Rússia e com a operação, por terra, das milícias xiitas do Hizbollah, patrocinadas pelo Irã.
Do outro lado, os rebeldes - que vão de dissidentes das Forças Armadas até grupos confessionais ligados ao islamismo radical - tiveram o apoio logístico dos Estados Unidos, da Turquia e das forças terrestres curdas.
Em abril de 2017 um último bombardeio com armas químicas havia provocado 80 mortes num redulto rebelde. Em resposta, os Estados Unidos lançaram mísseis contra instalações militares sírias. Desta vez o número de mortos por armas químicas teria oscilado entre 40 e 55, a leste de Damasco.
Uma organização internacional que monitora o uso desses artefatos, que são proibidos por convenções internacionais, confirmou que a população civil, sobretudo mulheres e crianças, estavam morrendo asfixiadas por meio de gases tóxicos, semelhantes ao sirin, empregado pelos alemães na Primeira Guerra Mundial.
A Rússia acusou os rebeldes de terem "teatralizado" o uso dessas armas, o que, para Moscou, realmente não ocorreu.
Durante a semana, no entanto, duas reuniões do Conselho de Segurança da ONU não conseguiram aprovar uma resolução que ao mesmo tempo condenava o uso de armas químicas e autorizava inspetores internacionais a monitorarem as regiões atingidas.
OS ALVOS DA OPERAÇÃO
A Rússia afirmou na manhã de sábado que parte dos mísseis lançados pelos aliados haviam sido interceptados em voo e não chegaram a atingir seus alvos.
O Pentágono desmentiu essa versão e mostrou vídeos nos quais mísseis lançados de embarcações ancoradas no Mediterrâneo atingiram perfeitamente seus objetivos.
Segundo o Pentágono, os mísseis explodiram sobre laboratórios de pesquisa e produção de armas químicas e biológicas em Damasco e em Homs, além de instalações para o armazenamento dessas armas nas imediações desta última cidade.
Ao todo, foram lançados 103 mísseis, entre os quais Tomahawk que estavam a bordo de embarcações e GBU-38, transportados por aviões.
Nas localidades de Jaramana e Barzah, segundo o Pentágono, duas instalações que produziam artefatos químicos foram "parcialmente destruídas" por meio de 23 dos 30 mísseis lançados. Os sete restantes foram interceptados ou se perderam.
Não se sabe ao certo se civis ou militares morreram na operação. Segundo a Rússia, isso não ocorreu. A Síria relatou o ferimento de três civis em Homs.
O governo americano informou que não ocorrerão novos bombardeios.
O ministério britânico da Defesa disse que quatro caças Tornado da Real Força Aérea foram responsáveis por um dos alvos relatados pelo Pentábono. Oito mísseis Storm Shadow foram lançados a partir desses aviões.
Em Paris, o presidente Emmanuel Macron não deu detalhes sobre a participação francesa.
IMAGEM: Fotos Públicas/US Navy