Índice de cheques sem fundos é o maior em 10 anos
O volume de cheques devolvidos sobre os movimentados atingiu 2,20% em 2015 - o pior resultado desde 2006. Os calotes foram maiores entre as empresas, segundo a Boa Vista SCPC

O volume de cheques devolvidos por falta de fundos no ano passado chegou ao pior patamar da série histórica da Boa Vista SCPC, iniciada há dez anos. De acordo com o levantamento, a proporção do total de cheques sem fundos sobre os movimentados atingiu 2,20% em 2015. Em 2006, esse índice era de 2,17%.
Em números absolutos, foram devolvidos 15,114 milhões de cheques no ano passado.
Separando as devoluções de pessoas físicas e jurídicas, o levantamento mostra que as empresas registraram um índice maior de cheques devolvidos, de 4,1%. Já a taxa de devolução de cheques de pessoas físicas caiu 3,8%.
O levantamento também leva em consideração uma quantia menor de cheques circulando na praça. Em 2015, o número de cheques movimentados recuou 10,9%, para um total de 687,128 milhões, dando sequência para uma longa queda no uso desse meio de pagamento nos últimos anos.
Flavio Calife, economista-chefe da Boa Vista SCPC diz que o aumento de cheques devolvidos, porém, acompanha os outros indicadores de inadimplência, que seguem em ascensão.
"Em 2015, o mercado do crédito foi mais afetado, mesmo com a inadimplência mais controlada por conta do rigor na concessão de empréstimos pelos bancos. Neste ano, com a piora do mercado de trabalho e o aumento dos preços, haverá perda na renda média e isso vai abrir espaço para o aumento da inadimplência", avalia Calife.
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Na comparação com 2014, no entanto, houve até uma queda no número de cheques devolvidos. O total de 15,114 milhões de cheques devolvidos em 2015 representa uma retração de 1,6% ante os cheques devolvidos no ano anterior, em termos absolutos.
O percentual de cheques devolvidos sobre os movimentados recuou em dezembro de 2015, ficando em 2,37%, ante o resultado de 2,55% de novembro. Em contrapartida, o indicador foi maior na comparação com dezembro de 2014, quando esta mesma taxa era de 1,91%.
*Com informações do Estadão Conteúdo
*Foto: Thinkstock