Gil encosta a bicicleta e abre ponto fixo da brigaderia no Centro de SP

Após pedalar por quase uma década pela região central para vender seus brigadeiros gourmet, o carismático empreendedor montou uma loja da Brigadeiria do Gil... e tem grandes planos para ela

Rebeca Ribeiro
25/Mar/2025
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Gil encosta a bicicleta e abre ponto fixo da brigaderia no Centro de SP

Há nove anos, Gilmar Alves, figura conhecida no Centro de São Paulo por vender brigadeiros gourmet com sua bicicleta, compartilhava com o Diário do Comércio o sonho de deixar de ser ambulante e abrir uma unidade fixa da Brigadeiria do Gil. Pois bem, ele conseguiu.

Seu ponto comercial, aberto ao final de 2024, fica na rua Álvares Penteado, também na região central da capital paulista, onde está a clientela que cativou - e adoçou - ao longo de quase uma década.

A verdade é que a bicicleta já estava pequena para o tamanho da Brigadeiria do Gil. No ano passado, chegou a vender mais de R$ 3 mil por dia, o que lhe rendeu R$ 500 mil em faturamento no ano. O ‘empurrão’ final para expandir o negócio veio da Prefeitura, que suspendeu sua licença para comercializar sobre duas rodas no calçadão devido às obras de revitalização do local.

Empreendedor nato, transformou a notícia ruim em oportunidade, saindo da zona de conforto para formalizar um ponto comercial. Para este ano, sua expectativa é atingir R$ 1 milhão em faturamento com a loja. “Nos dois primeiros meses de 2025, já crescemos 300% comparado com 2024”, conta Gilmar, que percebe um aumento no movimento, com novos clientes se somando aos compradores fiéis.

A receita desse sucesso vai além de leite condensado e chocolate. Na visão do empreendedor, para prosperar no Centro de São Paulo é necessário um atendimento personalizado, sempre respeitando e tratando o cliente com gentileza, algo que, segundo ele, não é muito comum na região.

“Uma vez, uma pessoa me disse que aqui no Centro não tem isso de ‘oi, bom dia, tudo bem?’. Não existe esse tratamento na região; aqui as pessoas falam ‘é três reais, pronto, acabou. Quer levar? Leva’.”, comenta.

O ambiente da Brigadeiria também é um atrativo. Aconchegante, tem mesas e cadeiras de madeira, miniaturas de bicicletas decorando o espaço e a própria bicicleta do Gil na entrada, como um cartão de visitas.  

 

A origem

Gilmar, ou simplesmente Gil, como é conhecido, não é empreendedor de primeira viagem. Pelo contrário. Formado em administração, já teve pizzaria, lanchonete, bar, pastelaria, restaurante, balada e até mesmo lan house.

Seu último comércio, antes da Brigadeiria, foi um bistrô onde vendia batata suíça, que faliu em 2015 em meio à recessão econômica. Com as dívidas acumulando, entrou em depressão, mas, incentivado por um amigo, se recompôs e foi vender brigadeiros gourmet em sua bicicleta.

As food bikes estavam em alta em 2015, e a ideia de vender produtos gourmet parecia promissora. Então, Gil começou a montar suas próprias receitas de brigadeiros e vender em Interlagos, bairro onde morava. Aos finais de semana, comercializava na Avenida Paulista, quando precisou pedalar até o Centro Histórico para entregar encomendas a duas clientes no horário de almoço. Foi quando percebeu o potencial da região. 

“Eu não conhecia o Centro de São Paulo, mas quando eu pisei aqui, fiquei impressionado com a quantidade de pessoas e pensei: ‘O que eu estou fazendo naquele lugar? Tenho que vender aqui”, conta Gil, que levou sua bicicleta para o novo ponto e vendeu R$ 356 em seu primeiro dia.

Planos

Além dos brigadeiros, Gil pretende levar à nova loja o cardápio do seu antigo bistrô, com batata suíça e massas artesanais, além de expandir o mix de doces com bolos caseiros. Um projeto previsto para começar já em abril.

Para tanto, pretende investir cerca de R$ 170 mil, montante que também será usado para estruturar uma cozinha show, onde os clientes poderão assistir ao preparo de seus pratos. A iniciativa, segundo Gil, é um agradecimento à clientela, que sempre confiou em seu trabalho, mesmo sem ver como ele fazia seus brigadeiros. 

O empreendedor diz que a ideia da brigaderia-restaurante é fugir do conceito “arroz e feijão”, comum em restaurantes da região, ao oferecer opções de pratos diferentes. “Eu sei que os clientes não vão almoçar batata suíça todos os dias, mas vai ter aqueles que vêm todas as quartas-feiras para comer, por exemplo. É a rotatividade de clientes que eu quero.”

Sempre sorridente ao realizar um atendimento, Gil busca ensinar esse tratamento aos seus funcionários como um diferencial da loja. “Outro dia, chamei a atenção de uma funcionária porque ela gritou ‘próximo’ (ao chamar o cliente na fila). Expliquei que aqui não existe essa palavra, aqui falamos ‘oi, tudo bem? Posso lhe atender?’”, diz. “Eu tenho um cliente que começou a comer meus brigadeiros sendo estagiário e, quando subiu para um cargo sênior, veio comemorar comendo meus brigadeiros. Isso em uma lacuna de seis anos”, conta.

Apesar do ponto fixo, Gil não pretende abandonar o pedal. Futuramente, quer voltar a vender brigadeiros com sua bicicleta, mas em outros locais da cidade, levando seu carisma e conquistando novos clientes por São Paulo.

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IMAGENS: Rebeca Ribeiro/DC

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