Feira do Empreendedor tem início com público recorde

No primeiro dia do evento, que deve receber 120 mil visitantes nesta edição, palestras sobre finanças e busca por modelos de negócios inspiradores atraíram a plateia

Italo Rufino
20/Fev/2016
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Feira do Empreendedor tem início com público recorde

Mais de 26 mil pessoas visitaram a Feira do Empreendedor neste sábado (20/02), primeiro dia eo evento. Foram cerca de 3 mil pessoas a mais do que na abertura da edição 2015. Organizado pelo Sebrae São Paulo, o evento é o maior dedicado ao empreendedorismo no Brasil. 

A previsão é que 120 mil pessoas passem pelo local em busca de oportunidades para abrir o próprio negócio, cerca de 20% mais visitantes do que na última edição.

Entre os visitantes que percorriam os largos e cheios corredores estavam os amigos Ezequiel Fernandes, de 23 anos, e Luiz Carlos da Silva, 24, estudantes de economia do Centro Universitário de Araraquara.

“Assisti palestras sobre finanças, que é um tema importante para meu curso de graduação e que também uso em meu estágio”, disse Fernandes. 

Por sua vez, Luiz Carlos queria conhecer novos modelos de negócios promissores – ele deseja abrir uma empresa no interior paulista. “A feira é bacana para analisar modelos de negócios que despertam o interesse do público.”

A busca por inspiração também era o objetivo dos irmãos Rafael, 30, e Daniele Shimabukuro, 30, fundadores da marca Bastille, confecção e varejista de moda com sede na Vila Mariana, zona sul da capital paulista. 

“Conhecemos uma rede de franquias que vende camisetas de futebol usando bicicletas”, disse Rafael. “Gostei da ideia de novo formato de ponto de venda.”

Empregando 10 funcionários, os irmãos também estavam interessados em conhecimento sobre finanças. “Ano passado sentimos uma ligeira queda nas vendas”, disse Rafael. “Queremos aprender mais sobre fluxo de caixa para a empresa não sofrer muito impacto com queda nas receitas.”

Um dos estandes mais procurados na feira era o de moda, em que o Sebrae oferece oficinas nas áreas de design, modelagem e confecção de moda. São abordados temas como plus size, fitness, moda inclusiva e sustentável.

“A gente está pensado em montar uma empresa de calçados. Queremos estruturá-la e pegar ideias novas também. A situação agora está favorável. É o melhor momento para abrir, porque é preciso inovar em um momento de crise. Mesmo com o mercado meio confuso, acho bom inovar”, disse Lucas Cruz, recém-formado em design.

QUERIDINHO DOS EMPREENDEDORES 

Gustavo Cerbasi, mestre em administração e finanças, proferiu a palestra mais aguardada do dia – “escolhas inteligentes em tempos de incerteza”.

Logo no início da conversa, o consultor financeiro disse que não gosta de usar a palavra crise. A seu ver, o país atravessa atualmente uma transição de mercado.

“Houve queda na renda das famílias, no crédito para as empresas e nos investimentos feitos pelo governo”, disse. “Não podemos esperar que a prosperidade de 10 anos atrás volte.”

Antes que a plateia de mais 700 pessoas se inquietasse, Cerbasi forneceu uma possível solução: “É necessário criar estratégias financeiras para o novo cenário”. 

Para Cerbasi, quando o tema é finanças, as escolhas dos empreendedores devem ser racionais, que implica analisar friamente receitas, custos e lucro – o que em geral ocorre quando o empreendedor cria a empresa, mas se perde no decorrer da gestão. 

É imprescindível, portanto, que parte dos lucros seja usada como investimentos na própria empresa. Os ganhos devem ser revertidos em ativos que aumentem as receitas e, consequentemente, o lucro futuro, capaz de formar um círculo virtuoso. 

A estratégia de reduzir a retirada de dinheiro da empresa, segundo ele, deve ter como objetivo injetar dinamismo nas finanças da organização.

“O segredo está em consumir menos consigo próprio e usar os recursos poupados para investir em melhorias contínuas na empresa, como pessoal e estrutura”, afirma.

Tal procedimento serve também para que o empreendedor evite os três maiores riscos financeiros de um negócio, que segundo Cerbasi afetam 90% das empresas brasileiras.

Primeiro: falta de planejamento para evitar cenários imprevisíveis, como mudanças tributárias e no câmbio. A recomendação é diminuir gastos fixos para ter maior flexibilidade frente às diversidades futuras.

Segundo: é preciso evitar o perigo de gastos e investimentos desnecessários, como aquisições de imóveis, equipamentos e outros ativos.

Do contrário, a empresa corre o risco de não utilizar 100% da capacidade dos ativos, e perdendo com a ociosidade. Um exemplo simplista seria a compra de um prédio com capacidade maior do que a empresa necessita e que requer muito desembolso. 

O terceiro item é não saber diferenciar financiamentos de empréstimos. O primeiro é recurso para investimentos em bens ou projetos – e o objeto financiado é usado como garantia pelo credor. Já o empréstimo, com juros maiores, é o que o empreendedor recorre quando está com a corda no pescoço. 

E quando for preciso empréstimo? “Antes, é preciso avaliar se não compensa mais vender um ativo ineficiente e usar o dinheiro para financiar um novo com melhores prazos e taxas”, afirma Cerbasi. 

CERBASI REUNIU MAIS DE 700 PESSOAS EM PALESTRA/FOTO: SEBRAE

PARA EMPREENDER

“Ano passado, 61% das pessoas que vieram na feira eram pessoas físicas, não eram empreendedores. Este ano, 81% é gente que quer empreender. Além do tamanho do público, aumentou a proporção das pessoas que querem vir para cá para abrir uma empresa”, disse Bruno Caetano, diretor-superintendente do Sebrae-SP.

Segundo ele, o cenário econômico do país contribui para o aumento da procura por novas opções de trabalho.

“Da mesma maneira que tem a crise, tem as oportunidades que a crise traz. Muitas pessoas são afetadas pelo desemprego que está subindo, e as pessoas estão buscando no empreendedorismo uma maneira de fazer a sua renda, continuar sua vida -- e o empreendedorismo pode ser uma saída desde que bem planejada e bem estruturada”, explica.

Na cerimônia de abertura da feira, Guilherme Afif, presidente do Sebrae Nacional, afirmou que o Brasil e o mundo estão buscando o empreendedorismo para gerar desenvolvimento econômico e emprego.

Afif também lembrou que, embora o ambiente de negócios brasileiro ainda não seja amigável as micro e pequenas empresas, o Sebrae está se esforçando para conseguir boas conquistas aos empreendedores. 

“Temos que trabalhar em rede porque, mais do que nunca, o Brasil precisa do empreendedorismo e de enfrentar a burocracia sufocante e a carga tributária paralisante nas atividades, para que a gente possa cumprir a nossa maior missão social, que é gerar emprego e renda."

AFIF, PRESIDENTE DO SEBRAE NACIONAL:  CONTRA A BUROCRACIA E ELEVADA CARGA TRIBUTÁRIA/FOTO:SEBRAE

A feira vai até terça-feira (23). A entrada e todos os serviços oferecidos são gratuitos. Para saber sobre as oficinas disponíveis e as demais atividades da feira, o endereço está aqui.

*Com informações da Agência Brasil

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