Diego Perez, da Abfintechs: Com Selic alta, fintech é opção para crédito no varejo

O setor aposta na antecipação de recebíveis e no Drex (moeda digital brasileira) para ganhar mais impulso nos próximos anos

Victor Marques - DC News
23/Dez/2024
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Diego Perez, da Abfintechs: Com Selic alta, fintech é opção para crédito no varejo

Entre as várias categorias de fintechs definidas pelo Banco Central (BC) – de câmbio, crédito, empréstimo, financiamento, gestão financeira, investimento, multisserviços, negociação de dívidas, pagamento e seguro – dois tipos podem atuar dentro do segmento de crédito, as Sociedades de Crédito Direto (SCD) e as Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP).

E as SEPs, desde este ano, estão autorizadas pelo BC a atuar na antecipação de recebíveis. Com isso, elas estão habilitadas a criar mecanismos de antecipação de recebíveis com uma estrutura muito similar à do crédito bancário. “Entendemos que esse tipo de fintech será muito demandado pelo varejo”, afirmou Diego Perez, presidente da presidente da Associação Brasileira de Fintechs (Abfintechs), nesta entrevista à AGÊNCIA DC NEWS.

Antecipação de recebíveis é a segunda modalidade de crédito preferida pelas PMEs (38% delas), segundo pesquisa Serasa Experian deste ano – atrás apenas dos empréstimos (42%). Isso deve se acelerar, em especial num ano em que a Selic deve continuar sua curva de alta. A taxa básica de juro encerra 2024 a 12,25%, mas a previsão do mercado, segundo o mais recente relatório Focus, divulgado segunda-feira (16), é que ela encerre 2025 a 14% – há quatro semanas, a previsão era de 12%. Má notícia para as empresas brasileiras e, é claro, para o varejo, principalmente para as PMEs, que costumam pagar mais pelo crédito. “Elas têm menos garantias e acabam recorrendo ao crédito privado”, afirmou Perez.

Confira na entrevista completa com Perez suas impressões sobre o potencial das fintechs para o ambiente varejista.

 

AGÊNCIA DC NEWS – Como o ambiente de fintechs pode contribuir com o acesso a crédito para o varejo?

Diego Perez – As fintechs de crédito sempre estiveram próximas do varejo. Algumas delas fazem parte daqueles grupos que capturam as transações das maquininhas, e esse instrumento também é utilizado para antecipar recebíveis, que, no fim, é uma forma de crédito. O que mudou foi que, neste ano, tivemos uma nova habilitação do Banco Central para a antecipação de recebíveis.

 

O que muda com essa habilitação?

O Banco Central habilitou as Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEPs) para criarem mecanismos de antecipação de recebíveis com uma estrutura muito similar à do crédito bancário.

 

Por que é interessante para o varejo?

Com esse ajuste, entendemos que esse tipo de fintech será muito demandado pelo varejo, especialmente porque as operações, embora pequenas, acumulam-se em montantes relevantes. A antecipação desses valores pode gerar um capital de giro muito interessante para o setor.

 

Com a Selic mais alta em 2025, será a saída para conseguir crédito mais barato?

Com a taxa de juros elevada no próximo ano, acreditamos que o crédito privado estará amplamente disponível para o varejo. As fintechs estão muito bem preparadas para esse cenário econômico.

 

Você acredita que o cenário econômico atual beneficia o crescimento do setor de fintechs?

O setor continuará crescendo. Nos últimos dez anos, mesmo enfrentando intempéries como a pandemia, crises geopolíticas, altas e baixas econômicas, o setor manteve um crescimento acima de dois dígitos, especialmente no Brasil. Mesmo com cenários adversos como inflação ou alta do dólar, as fintechs conseguem se adaptar e aproveitar as oportunidades para entregar produtos melhores.

 

O Banco Central deve começar a testar o Drex no ano que vem. Qual a expectativa para as fintechs?

Ele tem o potencial de ser um divisor de águas. Com ele, será possível estruturar novos produtos financeiros de forma automatizada e programável.

 

Como acontece atualmente?

Hoje, quando você contrata um crédito, o cenário pode mudar em seis meses ou um ano, exigindo a renegociação ou expansão do crédito.

 

E como funcionará quando o Drex estiver pronto?

O Drex permitirá que cenários futuros previsíveis sejam programados na plataforma. Assim, quando esses cenários se confirmarem, o contrato se ajusta automaticamente. Os ativos digitais envolvidos equilibrarão valores a pagar, a receber, e as garantias. Ele também tem potencial para reduzir custos e intermediários, aumentando a eficiência financeira para empresas de todos os tamanhos.

 

E como o varejo pode se beneficiar diretamente do Drex?

O Drex trará eficiência para operações estruturadas, especialmente aquelas que precisam de garantias para obter crédito mais barato.

 

Pode dar um exemplo?

Um recurso preso em um título de longo prazo pode ser utilizado como garantia financeira para contratar crédito, mas, caso haja inadimplência, o título muda de titularidade automaticamente e o crédito é liquidado sem maiores complicações.

 

Por que isso é importante?

Isso evitará bloqueios de contas e outros problemas mais graves. Esse nível de eficiência é algo que o mercado ainda carece, apesar do grande investimento em tecnologia. Estamos confiantes de que o Drex trará uma verdadeira revolução ao mercado financeiro.

 

IMAGEM: divulgação

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