“Destruição criadora” reinventa modelos e mercados
Ela carrega a inovação e se tornou um agente para o nascimento, a morte e a transformação de empresas e setores

No mercado desde 1999, a Decolar.com protagonizou uma grande revolução no setor de turismo: foi pioneira na venda de pacotes de viagens e passagens de avião pela Internet. No início de 2013, a empresa inovou novamente e lançou o primeiro aplicativo de vendas do setor. Não é à toa que, hoje, a Decolar.com é a maior agência de viagens da América Latina, com faturamento de US$ 4 bi em 2013, com 15% das vendas pelo aplicativo.
Com essas duas formas de venda, Internet e aplicativo, a empresa provocou uma “destruição criadora”, fenômeno pelo qual, por meio da inovação, um mercado é radicalmente transformado, podendo, até, levar concorrentes à falência. A poética expressão “destruição criadora” é de autoria do austríaco Joseph Alois Schumpeter (1883-1950), ainda hoje um dos mais importantes pensadores do capitalismo. Eis a definição de Schumpeter na obra "Teoria do Desenvolvimento Econômico, de 1911:
“Esse conceito engloba os cinco casos seguintes: introdução de um novo bem; introdução de um novo método e produção; abertura de um novo mercado; conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens semimanufaturados; e estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria”.
Para o especialista Newton Campos, a diferença entre esse processo nos dias atuais e no século passado reside na velocidade com que as transformações ocorrem. “É um conjunto de impactos positivos e negativos. Por um lado, a inovação destrói relações comerciais preestabelecidas. Por outro, ela constrói novas”, afirma Campos, professor de empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
E a destruição criadora está aí. Recentemente, a Whirlpool Latin America, dona da Brastemp, anunciou o lançamento de um produto que promete transformar a experiência de consumo de líquidos. “Os consumidores terão a bebida que quiserem, na hora em que quiserem, e ao toque de um botão”, afirma Fernando Yunes, diretor sênior de Novos Negócios. Usando cápsulas semelhantes às de café, a B-Blend é uma máquina (pequena e quase portátil) capaz de produzir refrigerantes, sucos, néctares, chás quentes e gelados, cafés, chocolates, frapês, energéticos e coquetéis sem álcool.
“O caminho, aos poucos, é levar a indústria para dentro da sua casa”, diz o consultor Valter Pieraccini. “Agora, mediante o potencial de transformação da experiência do consumidor deste produto, não seria estranho se outras empresas produtoras de bebidas repensassem seu modelo de negócio para acompanhar as transformações, certo?”
Para as empresas o dilema da inovação é pura questão de sobrevivência. “Ou inovam ou serão engolidas por outras que o façam. Na lógica da destruição criadora, perder para alguém que faz melhor faz parte do jogo”, dizn Campos. Com ele concorda Pieraccini: “Inovação é um processo infinito de superação; quando o seu concorrente inova, a inovação traz também a morte de um antigo produto”.
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