Comércio bom prá cachorro

A "política" pet friendly ganha cada vez mais espaço nos estabelecimentos. Tratar bem o melhor amigo do homem fideliza a clientela

Mariana Missiaggia
19/Set/2015
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Comércio bom prá cachorro

Quando Naroa Nadales, 28 anos, proprietária do Piadina Tree, chegou ao Brasil, ela trouxe em sua bagagem seu cachorro.

Chipi é um dos 106 milhões de animais domésticos, que vivem no Brasil. Um número que não para de crescer. Estima-se um animal para cada dois brasileiros. Os cães ainda são a preferência nacional, com mais de 37 milhões.

Uma população que fez os brasileiros desembolsarem R$ 16,7 bilhões, em 2014. Produtos como ração, tosa, consultas, vacinas, banhos, brinquedos, remédios, vermífugos, petiscos, cobertas e camas somam um gasto anual de R$ 3.500. 

RESTAURANTE RECEBE CÃES COM ÁGUA FRESCA E RAÇÃO

Enquanto sobram alternativas em tratamentos e alimentação, faltam espaços em que eles sejam bem-vindos junto de seus donos. Habituada a levar seu cachorro a todos os lugares que frequenta, Naroa percebeu que o hábito não é comum no Brasil. 

“Percebi então, que o único lugar que conseguia vir era ao meu próprio restaurante. Me mudei para Moema, e vi que o bairro tem muitos animais, que também deixavam seus donos sem opção.” 

Com capital próprio, Naroa fez um investimento de R$ 250 mil para a abertura da empresa. E deu certo. Trazer a piadina (uma espécie de sanduíche, em formato semelhante ao taco, com uma massa crocante por fora e macia por dentro, e recheios diversos) para São Paulo foi uma ideia certeira, que garantiu um de 250% em quatro anos de funcionamento. 

Foi então que, há dois anos, Naroa decidiu adaptar seu terraço para receber os clientes que chagavam acompanhados de seus bichinhos de forma confortável, e se tornar um estabelecimento pet friendly. Além de espalhar 42 mesas pelo espaço, ela criou um cardápio especial para os animais que é servido como cortesia para os que chegam na companhia de seus donos, mediante consumação mínima de R$ 40.

NAROA, DO PIADINA TREE, ADERIU À POLÍTICA PET FRIENDLY
 
Os visitantes de quatro patas são recebidos com o Dog Menu, com direito a escolha entre frango, carne e cordeiro, e água fresca. As refeições – do dono e do animal – chegam a mesa ao mesmo tempo. Para receber os animais, Naroa estima um custo individual de R$2,70.

“Assim, eles perdem o foco do dono, e se preocupam com o prato deles, em vez de ficar puxando a cadeira do dono, latindo, e esperando cair uma migalha”, diz. 

Além de fidelizar cada vez mais clientes, Naroa acredita que a iniciativa seja importante para estimular outros estabelecimentos a também aceitarem os mascotes, e aumentar o número de estabelecimentos pet friendly na cidade.

DIVULGAÇÃO

Ao se tornar a primeira opção para pets no bairro de Moema, Naroa viu sua clientela aumentar em 10%, com a distribuição de panfletos nas redondezas, divulgação em sites Pet Friendly, e mídias sociais.   

NICO, CLIENTE DO PIADINA TREE/FOTO: DIVULGAÇÃO

“Estamos muito perto do Parque do Ibirapuera, onde muitas pessoas vêm para passear com seus animais de estimação. Entendemos que não poderíamos satisfazer apenas os donos, teríamos que agradar também os pets”, diz.

“Queríamos trazer algo realmente novo para o Brasil.” Para 2015, a expectativa é crescer entre 30 e 40%. Ao que tudo indica, a meta será batida. Em média, são vendidas cerca de 5 mil piadinas/mês. 

BANANA VERDE

O vegetariano Banana Verde, na Vila Madalena, se tornou pet friendly há três anos. Mas, só percebeu a importância dessa decisão em 2014. “Na verdade, abrimos nossas portas para os animais, e servimos água para eles. Mas, já percebemos que temos que dar mais. E em breve, serviremos ração vegetariana como cortesia”, diz Ronaldo César de Moraes, 38 anos, gerente geral do restaurante.

Moraes afirma que poucas modificações foram necessárias para receber os clientes de quatro patas, e aumentar sua clientela em 10%. A varanda, antes desperdiçada, deu lugar a cinco mesas e a uma horta orgânica.  

“É o nosso diferencial. Somos o único restaurante da rua (Harmonia) a considerá-los, de fato, bem-vindos porque criamos uma estrutura para isso”, diz.

*Foto: Thinkstock

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