Cacau Show é a maior franquia do Brasil pelo segundo ano consecutivo
Estratégia acelerada de expansão e aposta em modelos de menor investimento são fatores que contribuíram para a liderança em 2023, segundo o ranking da ABF. O setor como um todo faturou R$ 240,66 bilhões, alta de 13,8% sobre 2022
Pelo segundo ano consecutivo, a Cacau Show ultrapassa O Boticário e lidera o ranking das 50 maiores franquias da Associação Brasileira de Franchising (ABF), divulgado na tarde de quinta-feira (8).
Em 2023, a marca do segmento Alimentação manteve a estratégia acelerada de expansão, apostando em modelos de menor investimento - como o Container, lançado na Convenção de Franqueados de 2020.
A rede de chocolaterias chegou às 4.216 operações no país - o que representa um crescimento de 10,7% ante a edição de 2022. Já a rede de produtos de saúde, beleza e bem-estar, líder em diversas edições do ranking e vice nesta, fechou o ano passado com 3.689 unidades, crescendo apenas 0,05%.
"Este é um marco incrível para nossa história porque mostra que estamos na direção certa. São 20 anos de franchising de muito compromisso com cada um de nossos franqueados. Sem essa turma, nada disso seria possível", disse Alexandre Costa, CEO e fundador da Cacau Show. Com um novo modelo de negócio em testes, a expectativa da rede para 2024 é abrir 550 novas lojas.
Entre as Top 10, na sequência vem McDonald's, com 2.662 unidades (2,5%), Colchões Ortobom, com 2.380 (0,30%) e OdontoCompany, com 1.899 (-5,20%).
Foco maior na eficiência das operações e fortalecimento dos demais canais de venda, em especial os digitais, explicam esses números, segundo Tom Moreira Leite, presidente da ABF.
Também houve ajuste de operações deficitárias ou repasse de unidades já existentes. "De qualquer maneira, notamos movimentos representativos e expansão de redes ao longo da lista, incluindo-as entre as Top 10", disse. "Como a Cacau Show, que chegou à liderança na edição passada mas manteve um nível elevado de expansão, ultrapassando as 4 mil operações."
Como destaques, a Lubrax+, de serviços automotivos, foi a única que subiu três posições entre as Top 10, da 9ª para a 6ª, com 1.741 operações e alta de 1,7%, e o Burger King, que entrou no rol, na 10ª posição, chegando a 1.331 franquias (5,7%).
Nas demais posições, destaque para a Oggi Sorvetes, em 18º, que subiu de 808 para 1.005 operações (19,6%), a maior variação positiva do grupo de 11º o 20º lugar. Já entre o 21º e o 30º, a Kopenhagen, adquirida pela Nestlé em 2023, avançou do 27º para o 35º lugar, com 672 franquias (23,8%).
Entre o 31º e o 40º lugares o Empório Mineiro Cheirin Bão subiu da 45ª para 36ª posição, com 539 unidades (23,2%), e a Mais 1.Café da 48ª para a 40ª, com 475 (20,6%).
Essas marcas endossam o desempenho do grupo Alimentação no crescimento total do setor em 2023, e que respondeu por 33% de participação no ranking das 50 maiores, junto a marcas como a Cacau Show, McDonald's, Subway (mesmo com o imbróglio da SouthRock), Burger King, Chiquinho Sorvetes, Kopenhagen e outros.
Entre as estreantes, os destaques entre o 41º e o 50º lugar está a Cresci e Perdi, que entrou na 41ª posição como nova associada, com 466 unidades, e a Decor Colors (Casa e Construção), que teve o maior crescimento percentual do ranking, aumentando o número de franquias de 224 para 441 (alta de 96,9%).
Segundo Tom Moreira Leite, entre as estreantes que se destacaram foram identificados esses nichos interessantes, como a de moda circular e de soluções de pintura e decoração. "Além disso, a Decor Colors participou do programa Shark Tank Brasil e recebeu investimentos, tendo grande impulso", disse.
A marca foi investida por João Apolinário, um dos "tubarões" e fundador da Polishop.
Na edição 2023 do Ranking ABF, 19 redes ultrapassaram as mil operações, ante 16 em 2022 e, por esse motivo, o volume mínimo para figurar na lista aumentou, passando para 377 unidades (eram 366).
O formato "loja" domina o ranking, com 95% do total. Além disso, 78% das marcas têm mais de 10 anos de franchising, 88% estão no Sudeste e 43 marcas são brasileiras. Juntas, todas as marcas têm 50.717 operações.
NOVAS MARCAS PUXAM NÚMEROS DO SETOR EM 2023
A recuperação do franchising se consolidou no ano passado, e o setor voltou a crescer acima das projeções. Segundo balanço da ABF divulgado ontem, o faturamento total de 2023 ficou em R$ 240,661 bilhões - uma alta de 13,8% ante 2022, acima do intervalo entre 9,5% e 12% projetado pela associação.
Um dos indicadores que puxou o crescimento do setor, além do número de operações, que chegaram a 195.862 (6,2%), foi o número de novas marcas, ou seja, negócios individuais que passaram a adotar o modelo de franquias como plataforma de expansão, totalizando 3.311 redes.
O crescimento, de 7,6%, é considerado um recorde histórico no setor, com uma média de 59 operações por rede, segundo a ABF. Entre os segmentos, o que mais tem crescido é o de serviços financeiros.
"Além das indústrias, que cada vez mais têm olhado as franquias como um canal a ser explorado, as diversas gamas de serviços financeiros vêm apresentando um crescimento importante, atraindo muitas empresas para operar dentro do setor", explicou Moreira Leite.
Em 2023, algumas redes do segmento de microfranquias foram exemplos disso, e uma delas é a É Seguro Corretora, que cresceu 103% e alcançou 809 operações, com faturamento de R$ 1 bilhão. A empresa, inclusive, estreou no Ranking das 20 maiores microfranquias da ABF do ano passado na 6ª posição.
Com expectativa de crescer 40% em volume de produção e faturamento em 2024, alcançar esse crescimento, segundo o CEO da corretora, Adriano Oliveira, mostra "que as estratégias estão acertadas."
No total das franquias da ABF, a taxa média de abertura de novas operações chegou a 17,3%, ante 14,9% em 2022. E 5,9% das operações fecharam, ligeira queda ante o período anterior (6%). Já os repasses quase dobraram, passando de 2,5% para 4,3% em 2023. Os empregos chegaram a 1,7 milhão (7,1%).
Para 2024, as projeções da ABF são de alta de 10% no faturamento, expansão de operações em 5,5%, aumento das redes de 5% e dos empregos, em 5,5%.
Mas há desafios, segundo o presidente da ABF, como a pressão de custos, a dificuldade na contratação de mão de obra qualificada e a necessidade do avanço do novo sistema tributário brasileiro.
"O nosso foco é que esse sistema atenda às necessidades de um setor intensivo em mão de obra, e defendemos também o reajuste do Simples Nacional para que o setor continue a gerar cada vez mais emprego e renda."
IMAGEM: Divulgação *Alterado em 09/02 às 20h37