Apesar dos juros estáveis, cartões de crédito cobram 459,53% ao ano
Taxa média para o consumidor ficou em 157,47% ao ano, a menor desde agosto. Já para empresas, duplicatas, capital de giro e empréstimos ficaram em 75,93% ao ano

Quase não houve alteração nas taxas de juros para a pessoa física entre outubro e novembro, segundo pesquisa feita em seis modalidades pela Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Na média, a taxa ficou estável em 8,2% ao mês e 157,47% ao ano, a menor desde agosto último. No entanto, um dos principais meios de consumo, o cartão de crédito, continua nas alturas com uma taxa de 459,53% ao ano, com alta de 0,26% ante outubro.
Na rolagem da dívida, a taxa ao mês atingiu 15,43%. A segunda modalidade mais onerosa ao consumidor continua sendo o cheque especial, com taxa mensal de 12,56% e 313,63% ao ano, corrigida em 0,40%.
A maior elevação do período foi constata no empréstimo pessoal junto a financeiras, que estavam cobrando 8,35% ao mês e 161,79% ao ano, um aumento de 0,95%.
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O que levou à estabilidade da taxa média foi o recuo no empréstimo pessoal bancário de 1,28% . Neste tipo de financiamento, a taxa ao mês passou de 4,68% para 4,62%, atingindo 71,94% ao ano.
No período, também ficou estável o juro sobre o Crédito Direito ao Consumidor (CDC) oferecido pelos bancos para a compra de automóveis.
A taxa foi mantida como a mais baixa, de 2,32% ao mês e 31,68% ao ano. Já no comércio, o custo do crédito alcançou 5,90% ao mês e 98,95% ao ano, ou 0,68% mais do que em outubro.
EMPRESAS
Duas das três linhas de crédito utilizadas por empresas tiveram elevação. Na média, a taxa ficou em 4,82% ao mês e 75,93% ao ano.
Na modalidade Desconto de Duplicata, houve alta de 0,61%, passando para 3,29% ao mês e 47,47% ao ano e, na conta garantida, aumento de 0,35% ao atingir 8,5% ao mês e 166,17% ao ano.
Em relação à tomada para capital de giro, a variação foi negativa em 1,1% com a taxa de 2,67% ao mês e 37,03% ao ano, a menor desde março deste ano.
No caso dos empréstimos para pessoas jurídicas, os juros subiram 32,35 pontos percentuais ou 74,23% entre março de 2013 e novembro deste ano (de 43,58% para 75,93% ao ano).
“QUEDA DE JUROS PRECISA SER SUSTENTÁVEL”
A redução dos juros básicos feita de forma “responsável e sustentável”, para não precisar ser revertida no futuro, será defendida novamente por Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central (BC) nesta terça-feira (13/12) em São Paulo.
Hoje, Goldfajn será palestrante no seminário Perspectivas 2017, promovido pelo Instituto Millenium, e no Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), ambos em São Paulo.
De acordo com a síntese dos discursos, divulgada pelo BC, Goldfajn defende que um “alívio de atividade” baseado somente na redução da Selic “seria apenas temporário”. Ele lembra que há sempre um debate sobre a “calibragem” das decisões sobre a Selic.
“O Copom [Comitê de Política Monetária do BC] se reúne de forma frequente e pode adequar as decisões à realidade que se apresenta”, diz Goldfajn. Ele acrescentou que o BC é sensível ao nível de atividade econômica.
Diante da recessão econômica e da melhora na inflação, o BC tem sinalizado que pode intensificar o corte da taxa básica de juros.
Nas suas duas últimas decisões, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual. Atualmente, a taxa está em 13,75% ao ano.
O presidente do BC vai reafirmar que política de definição de juros não substitui, mas complementa outras políticas do governo.
“Crescimento de um país depende de investimento, produtividade, que são os elementos cruciais. Redução das incertezas de todas as naturezas, inclusive de eventos não econômicos [como a crise política], é fundamental para a volta do crescimento”, afirma.
Foto: Arquivo/Agência Brasil