Veja o que é importante (ou não) nestes dias pré-impeachment
Movimentações de Meirelles como futuro ministro da Fazenda valem bem mais que o fim melancólico da agenda de Dilma

O noticiário está congestionado nestes dias que antecedem o afastamento de Dilma Rousseff. Há coisas muito importantes e outras secundárias. Seguem dez exemplos de episódios que fazem parte de cada um desses grupos:
Importantes:
1 - As movimentações de Henrique Meirelles, que nesta quarta-feira (04/05) volta a Brasília para continuar na definição, com Michel Temer, das medidas de impacto para reequilibrar as contas públicas e restaurar a confiança do mercado.
2 - O depoimento na segunda-feira (02/05), na comissão de impeachment do Senado, do procurador do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Júlio Marcelo de Oliveira.
A explicação técnica que ele deu sobre as pedaladas fiscais são definitivas para desanuviar o clima emocionalmente confuso que o governo criou com sua tese de “golpe”.
3 – O envolvimento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) nas investigações sobre Furnas e Banco Rural. A decisão contra ele, na Procuradoria Geral da República, o coloca na defensiva e modifica a correlação interna de forças entre os tucanos, que são parceiros do projeto de Temer.
4 – As decisões que o STF (Supremo Tribunal Federal) poderá tomar com relação aos peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Eduardo Cunha (RJ), presidentes do Senado e da Câmara, e na linha sucessória do ainda vice-presidente. Ambos são alvos de 18 pedidos de investigação.
5 – A decisão do procurador Rodrigo Janot de investigar Dilma e Lula por tentativa de obstruir a Lava Jato; a ainda presidente tentou nomear seu antecessor para a Casa Civil, para tirá-lo do foco do juiz Sérgio Moro.
6 – Do mesmo Janot, o engavetamento, anunciado nesta terça, das denúncias contra Michel Temer, feitas na delação premiada de Delcídio do Amaral; o motivo foi a falta de indícios para sequer abrir investigações.
7 – O acompanhamento sobre a solvência das empresas; previsão de dificuldades prejudicou o balanço do Itaú e derrubou o Bovespa nesta terça.
8 – Os prejuízos que o comércio e os prestadores de serviços tiveram em todo o país com decisão da Justiça de Sergipe, revogada nesta terça, de silenciar o WhatsApp.
9 – Os efeitos cotidianos da crise financeira do Estado do Rio; Judiciário determinou nesta terça que governo repasse US$ 3,5 milhões à Uerj para evitar o fechamento do Hospital Universitário Pedro Ernesto.
10 – O mais provável enterro da Base Nacional Comum Curricular, pela qual o PT queria, por exemplo, abolir o ensino de Grécia, Roma, nascimento do cristianismo e Revolução Francesa, substituindo-os por história indígena e da descolonização da África.
Menos importantes:
1 – Dilma Rousseff e suas movimentações. Ela não será mais presidente na quinta-feira (12/05) da próxima semana, e seu final melancólico já está entrando para o anedotário político.
2 – Os 15 pontos, com “princípios e valores para um novo Brasil”, que Temer receberá do PSDB, com o pedido de discussão do Parlamentarismo a partir de 2018. É um documento para marcar posição, sem energia para pressionar o futuro presidente.
3 – A influência política dos pequenos partidos do “centrão”, como o evangélico PRB, que ficará talvez com o Ministério da Ciência e Tecnologia. É um factoide só amplificado pela crítica de petistas nas redes sociais.
3 – O Partido dos Trabalhadores e seu presidente, Rui Falcão, mais os chamados movimentos sociais que não demonstram ter pólvora estocada para se rebelarem contra o novo governo.
4 – Os argumentos em favor de Dilma de José Eduardo Cardozo, o advogado-geral da União.
5 – O pedido de indenização de R$ 300 mil, da mulher, de um dos filhos e de uma nora de Lula, pela divulgação de conversas grampeadas pela Polícia Federal.
6 – As opiniões de Jessé Souza, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), para quem Dilma está sendo vítima de uma conspiração das elites que não toleraram a ascensão social dos mais pobres.
7 – A ocupação de três escolas técnicas em São Paulo; movimento não tem organicidade e é um fogo-de-palha derivado dos atos públicos difusos de junho de 2013.
8 – A importância diplomática da Unasul e do Mercosul, que abortaram movimentos internos de boicote ao Brasil, em protesto pelo impeachment de Dilma.
9 – A tentativa do governo federal de se beneficiar com a popularidade das Olimpíadas de agosto, no Rio.
10 – O fim definitivo das gafes verbais de Dilma, que ainda no Primeiro de Maio disse que “os índios morriam por falta de assistência técnica” (em lugar de assistência médica).