Varejo terá recuperação lenta ao longo de 2017
A expectativa dos economistas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) é que as vendas cresçam no compasso das reduções da Selic e da inflação
As vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) abriram o ano com queda de 7% na comparação com o mesmo mês de 2016, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado surpreendeu negativamente os analistas de mercado, que esperavam queda de 4,5%.
De acordo com Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), a recuperação do varejo depende da continuidade da política de redução da taxa básica de juros, a Selic.
“Os dados de janeiro são evidência clara de que o Banco Central precisa acelerar o ritmo de corte da taxa básica de juros. Somente isso poderá ajudar na recuperação do varejo”, diz Burti.
Porém, os economistas da ACSP chamam a atenção para o resultado acumulado em 12 meses, que mostra uma tendência de recuperação do varejo.
Nessa comparação houve retração de 5,9%, inferior à registrada na leitura anterior (-6,2%), o que para a equipe de economistas da ACSP, sugere arrefecimento da crise do setor, ainda que de forma mais lenta do que se previa.
Por sua vez, o varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, apresentou, nas mesmas bases de comparação, retrações de 4,8% e 7,9%, respectivamente.
O resultado no acumulado nos últimos 12 meses terminados em janeiro também foi inferior ao anotado em dezembro (-8,7%), o que também sugere perda gradual de intensidade da crise.
Para os economistas, no contraste com igual mês de 2016, a forte queda dos segmentos de supermercados e farmácias provavelmente está associada ao nível recorde de desemprego (12,6%).
Por outro lado, as quedas menores nas vendas de móveis e eletrodomésticos, e também de veículos, podem ser explicadas pela baixa base de comparação do ano passado.
Para a ACSP, a perspectiva para o varejo durante os próximos meses parece ser de lenta recuperação, acompanhando a continuidade das reduções de juros e da taxa de inflação.
“Desse modo, a atividade econômica, fortemente influenciada pelo consumo das famílias e pelos serviços, que apresentaram queda interanual similar em janeiro (7,3%), também sinaliza um cenário de melhora gradual, principalmente durante a segunda metade do ano”, dizem os economistas.
IMAGEM: Agência Brasil