Uso de veículo particular na Grande SP supera o de transporte público

Pesquisa Origem e Destino, do Metrô, revela que 51,2% dos moradores de SP escolheram viajar de carro, moto e veículos de aplicativos em 2023, enquanto 48,8% optaram pelo transporte público

Redação DC
12/Fev/2025
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Uso de veículo particular na Grande SP supera o de transporte público

A Região Metropolitana de São Paulo registrou a primeira queda nas viagens diárias por transporte coletivo desde 1967, segundo a Pesquisa Origem e Destino, realizada pelo Metrô. Foram 42,007 milhões de viagens em 2017 (dado da pesquisa anterior) contra 35,661 milhões em 2023, uma queda de 15,1%.

A população está se deslocando menos, com uma redução de 6,346 milhões de viagens por dia. O levantamento ouviu moradores com mais de 12 anos em 32 mil domicílios da capital e região metropolitana. O estudo, apresentado a cada 10 anos, deveria ser lançado apenas em 2027.

“A atual edição foi antecipada pelo Metrô para entender as transformações na mobilidade urbana após a pandemia”, disse Julio Castiglioni, diretor-presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô). Os dados ajudam no planejamento urbano e de transportes na Grande São Paulo, servindo como base para políticas públicas e investimentos no setor.

A covid-19 impactou diretamente a mobilidade urbana, com uma tendência a mudanças na forma de trabalho (home office) e ensino à distância. Isso se mostrou como um catalisador de transformações em outras formas econômicas, como mudanças no jeito de consumo, ou seja, o crescimento do e-commerce.

TIPOS DE TRANSPORTE

As viagens foram divididas em quatro principais categorias: transporte coletivo (ônibus, metrôs e trens) e transporte particular (carros e motos) e as viagens a pé e por bicicleta.

Os hábitos de transporte também mudaram com o advento dos carros por aplicativos, com a chegada principalmente da Uber e da 99. As demandas por táxis convencionais e não convencionais (aplicativos), juntas, tiveram alta de 137% no período.

A preferência por motos também subiu: 16%. Na contramão, o ônibus caiu 37% na preferência das pessoas, seguido pelo metrô, com queda de 31%, e pelo trem, 26%.

O estudo mostrou que 51,2% dos entrevistados utilizaram transporte individual e 48,8% das pessoas optam pelo transporte público, o que não acontecia desde 2017. No entanto, o transporte coletivo perdeu 3 milhões de viagens e o individual, apenas 116 mil viagens.

Em número de viagens, as maiores quedas são dos ônibus, com 31,9% (8,3 milhões em 2017 para 5,6 milhões em 2023), e 19,6% do metrô (3,4 milhões para 2,7 milhões).

Do total das 35,6 milhões de viagens diárias registradas pela pesquisa na Região Metropolitana de São Paulo, cerca de 70,5% ocorreram por meios motorizados (coletivo e individual) e 29,5% por modos não motorizados (bicicleta ou a pé). As viagens por motorizados diminuíram 11% e as não motorizadas tiveram queda de 23,3% no período.

“Quando se pensa em mobilidade eficaz, dados como os apurados por essa pesquisa são fundamentais para nortear investimentos vultosos, como na expansão da rede metroferroviária, ou até mesmo para a implantação de novas linhas de ônibus e faixas segregadas para bicicleta”, diz Castaglioni.

As viagens por bicicleta cresceram 25,2% de 2017 para 2023, passando de 377 mil para 472 mil viagens/dia. A razão de escolha de 65,4% dessas viagens se deve à pequena distância a ser percorrida.

APLICATIVOS

As viagens por táxi não convencional, demandadas por aplicativos, tiveram crescimento significativo de 183%, passando de 368 mil para 1,04 milhão no período entre as duas pesquisas.

O modelo é utilizado preponderantemente por mulheres (68%). Quase metade das viagens é realizada por pessoas de 23 a 49 anos. Houve acréscimo de participação da população acima de 60 anos e leve redução da população abaixo de 17 anos. Essa opção ocorre preferencialmente para quem ganha de 2 a 8 salários mínimos.

POPULAÇÃO

As mulheres são as que menos viajaram, tanto em 2017 (58,7%) quanto em 2023 (56,8%). Na faixa de idade, aumentou o número da população entre 30 e 49 anos, além dos com mais de 60 anos.

Observa-se uma distribuição da população por escolaridade semelhante nos dois períodos comparados, com uma redução na participação das faixas até o fundamental II completo e um aumento nos níveis médio completo e superior completo.

Mais famílias possuem um carro na pesquisa de 2023, com uma queda de 3,2 pontos percentuais em relação a 2017 do número de famílias sem automóvel (43,9%).

RENDA

A renda média familiar computada foi de R$ 6.779 em 2023, representando um aumento de 38,1% em relação a 2017. O maior crescimento na renda média familiar mensal (77,3%) ocorreu na sub-região Norte, formada pelos municípios de Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã.

Essa sub-região apresenta crescimento de emprego, de renda, dos deslocamentos por transporte individual, entre outros. O estudo revela que isso se deve, provavelmente, à instalação de galpões logísticos na região, que atendem às grandes empresas de e-commerce.

O uso de carros e motos cresceu em todas as faixas de renda, tanto em números absolutos quanto na participação percentual, crescendo sua participação no total, à medida que aumenta a renda, chegando a representar 86% na faixa mais alta (mais de R$ 15.840).

Já o transporte coletivo registrou queda (19,8%) em todas as faixas de renda. As viagens de táxi convencional e táxi por aplicativo aumentaram significativamente em todas as faixas de renda.

A renda familiar de quem usa preferencialmente carro e moto fica entre R$ 5,2 mil e R$ 10,5 mil.

EMPREGOS E SETORES

Outro dado relevante foi o aumento de 11,7% dos empregos, o que sugere que uma recuperação econômica pós-pandemia tem impulsionado alterações nos padrões de deslocamento na Região Metropolitana.

Em 2023, 87,3% dos trabalhadores permaneceram no formato presencial de trabalho, enquanto 12,7% estavam no trabalho híbrido - home office/teletrabalho ou remoto o tempo todo.

O maior volume de empregos (62,2%) está na sub-região Centro. No entanto, essa área registrou uma queda de 2 pontos porcentuais no total de empregos da RMSP entre 2017 e 2023.

Os empregos cresceram em todas as sub-regiões. A sub-região Sudeste, que engloba os municípios de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema, tem o segundo maior número de empregos (11,8%).

O setor terciário continua em 2023 apresentando o maior volume de empregos (83,7%), mostrando, no período 2017-2023, um crescimento de 13,3%. Nesse setor, destacam-se maiores aumentos dos empregos no comércio (25%), serviço especializado (16%) e serviço de saúde (8,5%). Houve aumento de participação dos empregos no setor secundário de 4,1% entre 2017 e 2023, tendo a construção civil participado com 35% do total da indústria.

MOTIVOS

Trabalho foi o motivo de 46,2% das viagens, seguido por educação, com 36,2% do total. As viagens por motivo educação diferenciam-se das demais por terem como principal modo de transporte as viagens a pé (46,6%) em 2023. Ao contrário, as viagens de ônibus diminuíram em todos os motivos de viagem.

FROTA

A frota de automóveis particulares na Região Metropolitana era de 5,375 milhões em 2023, excluindo automóveis pertencentes a empresas e táxis.

Entre 2017 e 2023, a frota de automóveis particulares aumentou 21,5%, crescimento dez vezes superior ao da população, que foi de 2%. No mesmo período, a taxa de motorização aumentou 19,8%.

PICOS

Segundo a pesquisa, o horário de pico do transporte motorizado é pela manhã, uma mudança expressiva em relação ao levantamento anterior, que indicava o almoço como o horário mais movimentado.

Às 6h da manhã é quando mais pessoas usam o transporte coletivo. Já quem se desloca de carro costuma fazer o trajeto por volta das 7h. Além disso, há um pico à noite, entre 21h e 22h, principalmente devido à saída de escolas e também à entrada ou saída do trabalho, predominando o transporte coletivo.

Para o diretor-presidente do Metrô, “a riqueza de informações da pesquisa também a transforma em uma inesgotável fonte de insumos para as mais diversas aplicações que vão além da mobilidade, podendo estabelecer um vetor coordenado de crescimento da metrópole”, diz.

Os dados também são usados para o planejamento logístico, de segurança e saúde pública, além do setor acadêmico, entre outros.

 

IMAGEM: Celso Júnior/Agência Estado

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