'Tem lojistas do Brás que vendem R$ 1 milhão por mês em marketplaces'
Rodrigo Garcia, da Petina, fala sobre o potencial do digital em regiões de comércio popular e como otimizou processos operacionais para colocar essas 'lojinhas' na internet

O bairro do Brás, na região central de São Paulo, foi o primeiro polo industrial da cidade. Com o tempo, passou de um bairro operário formado por imigrantes a um reduto do comércio popular de moda. São mais de 15 mil lojas espalhadas por cerca de 50 vias em torno do Largo da Concórdia e da rua Oriente, comandadas, na maior parte, por coreanos.
Sacoleiros e comerciantes fizeram do endereço o maior polo atacadista de moda da América Latina, com faturamento anual estimado em R$ 12 bilhões.
Com lojas sempre cheias e movimentadas pelas trocas de coleção, muitos lojistas do Brás estão expandindo os seus negócios para o ambiente digital, criando lojas virtuais e utilizando marketplaces para alcançar um público ainda maior. E isso vem transformando a maneira como comerciantes e clientes interagem.
Rodrigo Garcia, fundador da startup Petina Soluções Digitais, é peça fundamental nesse cenário. A empresa, fundada por ele em 2015, já digitalizou mais de 500 lojistas do Brás e, em 2024, faturou cerca de R$ 35 milhões. Com mais de 2 mil clientes no bairro, a Petina já atendeu nomes como Nike, Lupo e Puket.
"Quando chegamos ao Brás, a maioria dos lojistas achava que já vendia on-line porque comercializava por whatsApp. Faltava entendimento sobre venda ao consumidor final pelo marketplace. Eles nem sabiam o que era isso, que na realidade é algo totalmente diferente e lucrativo", diz.
Com o sucesso das primeiras lojas digitalizadas pela Petina, outras procuraram Garcia para replicar o modelo. Todas queriam basicamente o mesmo: ganhar eficiência operacional e aprender sobre gestão de cadastro de produtos, precificação estratégica, publicidade paga e logística.
Além de público, esse volume de marcas em um mesmo polo varejista gera também muita concorrência. Por isso, a importância de se investir em fotos profissionais para divulgar os produtos na internet, entender que os interesses de compra nas lojas físicas e virtuais são diferentes e, principalmente, que é preciso agilidade.
O processo da Petina funciona como uma espécie de mentoria até que o lojista consiga realizar todo o processo de forma independente. Hoje, segundo Garcia, já há lojistas que faturam R$ 1 milhão por mês via marketplaces.
"Tem que aprender a jogar. Alguns achavam que poderiam usar o marketplace para desovar estoque. E vender com grade furada (oferecer produtos que não estão disponíveis em todos os tamanhos no estoque) gera muita visita e baixa conversão. O marketplace entende que aquela marca é pouco vendável e para de entregar o anúncio", diz.
Agora, a Petina tenta repetir o mesmo sucesso obtido no Brás no Bom Retiro, outro polo de moda da capital paulista, mas com lojas mais sofisticadas, preços mais altos e menor volume de vendas - mesmo assim, com muito potencial. Outros estados, como Paraná e Santa Catarina, também são foco.
Em entrevista ao Diário do Comércio, Garcia conta sobre os planos da Petina para 2025 de expandir para novos mercados e consolidar a sua posição como referência na digitalização do comércio popular. Confira:
Foto: Petina/divulgação