Só um entre 5 veículos foi multado em São Paulo
Foram 5,3 milhões de infrações no primeiro semestre ante 6,8 milhões no mesmo período do ano passado

A redução das multas ocorre mesmo com incremento do número de radares em operação. A cidade contava com 877 equipamentos no ano passado. Atualmente, são 901. Mas há redução tanto no total de multas aplicadas pelas máquinas (que caíram de 5,1 milhões para 4,1 milhões) quanto nas anotadas pelos marronzinhos.
No primeiro caso, a principal infração registrada ainda é o desrespeito aos limites de velocidade em um total de até 20% acima do limite da via - que é de 50 km/h em quase todo o Município, com exceção de vias como a Avenida 23 de Maio e as Marginais. Na vice-liderança está o desrespeito ao rodízio.
Já as multas aplicadas pelos marronzinhos, que fiscalizam alguns tipos de infração que não são captadas pelos radares, como usar o celular enquanto se dirige, caíram em um porcentual maior, se observadas isoladamente. Foi de 26%, passando de cerca de 1,7 milhão de infrações nos primeiros seis meses do ano passado para 1,2 milhão agora.
No ano passado, a infração que liderava o ranking, com 278 mil autuações, era estacionar irregularmente em local de Zona Azul. Neste ano, a liderança ficou com andar na faixa exclusiva para ônibus, com 197 mil registros. Houve queda de 56% no total de infrações à Zona Azul, com registro de 121 mil infrações neste ano.
Para o engenheiro de trânsito Sérgio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), uma das explicações para a queda é o fato de que, mais caras, as multas podem estar cumprindo o papel educativo.
"Com o tempo, as pessoas aprendem. Se você instala um radar, no começo o número de multas vai ser grande, mas com o tempo tende a diminuir. É como pescar em um local em que ninguém pesca. Você pegará muitos peixes. Mas, depois, quando mais gente pesca, o número diminui. Se a pessoa leva uma multa, duas, três, existe um efeito educativo no bolso. E as infrações diminuem", afirma ele.
Vale destacar que, desde o fim de 2016, as multas ficaram mais caras. A infração leve, que custava R$ 53,20, passou para R$ 88,38, por exemplo.
Mas Ejzenberg cita outras hipóteses para a queda: a retração da atividade econômica e o desemprego, que resultam em menos carros em circulação e, por isso, menos infrações.
Essa infração, especificamente, passou por uma mudança de fiscalização em 2016, quando começaram a ser vendidos cartões eletrônicos, adquiridos por celular. Em 2017, foram emitidos 9,5 milhões. Neste ano, foram 11,6 milhões. É um aumento de 21%, mas que fica em porcentual menor do que o da queda de autuações.
Este é o segundo ano em que o total de multas aplicadas a carros na cidade cai, o que quebra uma série de aumentos que vinha sendo observada na capital de 2014 (dado mais antigo disponível no site da CET) em diante.