Secretária do Tesouro dos EUA diz que Brasil precisa estimular setor privado

Segundo Janet Yellen, medidas como a adoção de padrões da OCDE podem tornar o país mais atrativo para investidores

Estadão Conteúdo
27/Fev/2024
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 Secretária do Tesouro dos EUA diz que Brasil precisa estimular setor privado

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, afirmou nesta terça-feira, 27/2, que o setor privado do Brasil pode destravar um crescimento forte, atraindo investimentos para o país.

“É vital que o Brasil crie condições para o setor privado investir e crescer”, afirmou ela, durante encontro promovido pela Amcham Brasil com a ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva. 

Yellen usou como exemplo o anúncio do setor privado americano de mais de US$ 600 bilhões em energia limpa e indústria, que tem apoiado o crescimento do país.

A autoridade americana também atribuiu o bom desempenho da economia aos investimentos públicos da “legislação tríplice” dos Estados Unidos: a Lei de Infraestrutura Bipartidária, o projeto para incentivar indústrias de semicondutores - conhecido como CHIPS and Science Act - e a Lei de Redução da Inflação.

“Há uma grande oportunidade para o Brasil se tornar mais integrado à cadeias de valores globais e os EUA serão um grande parceiro neste esforço. Passos como endereçar altos tributos externos e progredir na adoção de padrões da OCDE podem tornar o país mais atrativo”, disse Yellen. Na visão dela, isso permitirá ao país atrair mais investidores estrangeiros.

Yellen também aproveitou para parabenizar o ministro da Economia, Fernando Haddad, na aprovação da reforma tributária em seus comentários.

PROPOSTAS DA AMCHAM

A Amcham Brasil entregou a Janet Yellen e à ministra do Meio Ambiente do Brasil um documento com uma série de propostas para aprofundar as relações bilaterais. A agenda aponta uma série de ações em três frentes: descarbonização, cadeias de produção e comércio e investimentos.

Ao observar que, além da presidência brasileira nas reuniões do G20, 2024 marca o bicentenário das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, a câmara americana de comércio considera que o momento representa uma oportunidade única para intensificar os diálogos e a cooperação entre os países.

A Amcham destaca, no documento entregue às autoridades, o fato de os Estados Unidos serem o principal parceiro econômico-comercial do Brasil, quando considerado o fluxo de bens, serviços e investimentos, assim como ressalta que temas como meio ambiente e clima, energias renováveis, fortalecimento industrial-produtivo ou estabilidade democrática são prioridades de ambos os governos.

Assim, dentro da agenda de transição para uma economia de baixo carbono, as sugestões da Amcham incluem a criação de um roteiro de ações na agenda verde, com a definição de uma lista e cronogramas de projetos do plano de transformação ecológica do Brasil, preferencialmente em parceria com o setor empresarial, com foco em adensamento tecnológico e produtivo, bioeconomia, visando ao desmatamento zero, transição energética e mitigação climática.

A câmara de comércio defende ainda a criação de um plano para impulsionar o financiamento sustentável, bem como a adesão do Brasil ao "First Movers Coalition", uma coalizão de governos e grandes empresas que visa a aproveitar o poder de compra das grandes multinacionais para alavancar tecnologias de ponta e mais críticas na transição climática.

Diante do interesse dos EUA de diversificar e descentralizar suas fontes de abastecimento, a Amcham, dentro da agenda que trata das cadeias de suprimentos, propõe a formação de um grupo bilateral para identificar oportunidades geradas por movimentos como nearshoring e friendshoring.

Nesta frente, também é sugerida a definição de setores estratégicos onde há interesse mútuo de aproximação, como baterias, semicondutores e equipamentos para transição energética, além da coordenação de políticas relacionadas à estabilidade das cadeias e regras para cooperação em momentos de disrupção industrial.

Por fim, no eixo de comércio e investimentos, a câmara americana pede, entre outras ações, que os governos voltem a negociar um acordo para evitar dupla tributação dos fluxos de capital e mercadorias entre os países.

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