Sebrae: 54% dos pequenos negócios do RS não se reergueram totalmente após as enchentes
Os principais obstáculos para a recuperação são de ordem financeira. A maioria dos negócios que ainda enfrenta problemas relata falta de recursos próprios e dificuldade para obter crédito

Um levantamento do Sebrae-RS mostra que, um ano após as enchentes que destruíram cidades do Rio Grande do Sul, principalmente as da Região Metropolitana de Porto Alegre, do Vale do Taquari e do Sul do estado, mais da metade dos micro e pequenos empreendimentos locais não conseguiu retomar totalmente suas atividades.
Realizado entre 3 e 28 de abril, o levantamento ouviu 1.058 empreendedores das regiões atingidas. Desse total, apenas 46% afirmaram que hoje operam normalmente. Outros 45% ainda estão em processo de reestruturação, enquanto 7% sequer conseguiram retomar as atividades e 2% fecharam as portas definitivamente.
O segmento de microempreendedores individuais (MEI) é o que mais encontra dificuldade para se reerguer, sendo que 13% ainda não conseguiram retomar suas atividades ou encerraram definitivamente o negócio.
Obstáculos
Os principais obstáculos para a recuperação são de ordem financeira. A maioria dos negócios (84%) relata falta de recursos financeiros próprios para reconstrução, e metade enfrenta dificuldade para obter crédito.
Além disso, 87% dos empreendedores viram o faturamento despencar logo após a tragédia. Em 30% dos casos, o faturamento segue muito abaixo do necessário para manter o negócio, sendo que 12% consideram fechar.
Impactos nos negócios
Entre os impactos diretos das enchentes, destacam-se a queda na demanda (79%), dificuldades de acesso (75%), perdas de estoque (57%) e danos estruturais (47%). A infraestrutura pública também foi comprometida, o que agrava a situação dos negócios locais, destaca o Sebrae-RS.
Outro ponto crítico é o apoio recebido: 35% dos entrevistados afirmam não ter contado com nenhum tipo de auxílio. Embora 36% tenham tido acesso a algum suporte governamental, a cobertura segue insuficiente.
Desafios
Entre os desafios para a retomada, 64% dos micro e pequenos empresários apontaram a captação de novos clientes. Em seguida aparece a necessidade de reorganizar a gestão dos negócios (42%).
Além disso, quase metade dos empreendedores (47%) ainda não adotou qualquer medida preventiva para minimizar os danos em futuras catástrofes.
IMAGEM: Júlio Ferreira/Prefeitura de Porto Alegre