Saldo de empregos em bar e restaurante fica 26,7% menor de janeiro a junho
No primeiro semestre, o saldo no setor foi de 38.579 vagas, enquanto que em igual período do ano passado foi de 51.233
O saldo de empregos no setor de bares e restaurantes retraiu no país, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os números de janeiro a junho mostram que o saldo de empregos (diferença entre admitidos e desligados) no segmento foi de 38.579, enquanto que mesmo período do ano passado foi de 51.233 – queda de 24,6%.
O Sul do país tem o pior cenário, o que também impactou no desempenho nacional. Nos primeiros seis meses deste ano, o saldo ficou negativo em todos os estados do Sul, com -291 vagas em comparação com 2023, quando chegou a 6.612.
O diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Joaquim Saraiva, disse que a catástrofe no Rio Grande do Sul tem grande importância nos dados gerais. No acumulado do ano, o estado gaúcho também registrou o maior saldo negativo com -3.874 empregos. Por causa das chuvas, no Rio Grande do Sul, por exemplo, o saldo do primeiro semestre foi -3.874 vagas. Em 2023, o saldo chegou a 2.385 empregos com carteira assinada.
Em Santa Catarina, o Caged aponta um saldo de 77 novos empregos formais no ano passado e de 31 em 2024 (-59,7%). No Paraná, o resultado caiu de 4.150 para 3.552 (-14,4%). “O movimento turístico diminuiu muito no Rio Grande do Sul, também porque o aeroporto de Porto Alegre precisou ficar fechado e as pessoas tinham receio de ir até lá. Com isso, muitos estabelecimentos não conseguiram contratar e, em alguns casos, tiveram de demitir funcionários, além daqueles que fecharam temporariamente e não conseguiram reabrir devido à falta de recursos.”
Os saldos das regiões Sudeste, Nordeste e Norte também não foram positivos. No Sudeste, por exemplo, o saldo foi de 25.049 no primeiro semestre – queda de 17% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o saldo foi de 30.140. No Nordeste, o número do ano passado foi de 6.187 e caiu para 5.308 (-14%). Já no Centro-Oeste, a queda foi de 4% (5.535 nos seis primeiros meses de 2023 e 5.321 até junho de 2024).
No entanto, na Região Norte, houve um aumento de 15,7%. O saldo do primeiro semestre de 2023 foi de 2.759 e saltou para 3.192 neste ano. Para o diretor da Abrasel, “o turismo externo tem uma grande curiosidade pela Floresta Amazônica, e viajar pelo Brasil tornou-se mais acessível com a média do dólar 5 para 1”.
VENDAS
O volume de vendas em bares e restaurantes registrou a maior queda do ano em julho, despencando 5,4% em comparação com o mês anterior, de acordo com o levantamento do Índice de Atividade Econômica Abrasel-Stone. Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda foi de 6,3%, a maior registrada até agora em 2024.
Joaquim Saraiva afirmou que entre os motivos para a queda nas vendas estão “as novas modalidades de trabalho, que permitem o home-office e, portato, as pessoas acabam comendo em casa.” Por consequência, segundo o diretor da Abrasel, os estabelecimentos também têm contratado menos.
Por outro lado, ele afirma que não enxerga uma crise no setor. “Temos boa expectativa para o segundo semestre, quando fatores como a queda no desemprego e o pagamento do décimo terceiro salário podem trazer mais poder de compra à população.”
IMAGEM: Felipe Denuzzo/DC