Ricardo Nunes toma posse como prefeito de SP e 55 vereadores também assumem
Câmara Municipal agora será comandada pelo vereador Ricardo Teixeira, do União Brasil, sucedendo Milton Leite, seu colega de partido que ficou 27 anos no cargo

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o vice Ricardo Augusto de Mello Araújo (PL) foram empossados na tarde desta quarta-feira, 1º de janeiro, para o mandato à frente da Prefeitura de São Paulo. A cerimônia, realizada na Câmara Municipal, no Centro, também marcou a posse dos 55 vereadores eleitos em outubro. A solenidade foi conduzida pelo vereador mais velho, Eliseu Gabriel (PSB), conforme prevê o regimento da Casa.
O prefeito em segundo mandato deu posse ao novo secretariado em uma cerimônia no Theatro Municipal, optando por priorizar a continuidade e manter a maior parte de sua equipe no novo mandato. O prefeito foi reeleito com 59,35% dos votos válidos, ao derrotar Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT) no segundo turno das eleições municipais de 2024.
A vitória veio após um primeiro turno acirrado, em que Nunes garantiu a vaga no segundo turno com uma diferença de apenas 81.865 votos sobre o terceiro colocado, Pablo Marçal (PRTB), e 25 mil votos à frente de Boulos (PSOL), que ficou em segundo lugar.
No discurso de posse, Nunes disse que entre 2021 e 2024 a cidade de São Paulo teve mais do que o dobro de investimentos que nos quatro anos anteriores, e que recuperou a saúde financeira da cidade. "Zeramos a dívida de R$ 25 bi entre a cidade e o governo federal."
Durante sua fala, Nunes enumerou outras realizações, como as Parcerias Público-Privadas (PPPs) e o enxugamento da máquina administrativa, e disse que gerou mais emprego do que qualquer Estado brasileiro.
Além disso, reforçou que continuará a ter uma boa relação com a Câmara de Vereadores. "Quero continuar sempre mantendo um trabalho de colaboração com a atividade parlamentar", disse Nunes em cerimônia realizada no Palácio Anchieta.
O prefeito também aproveitou a oportunidade para se dizer o primeiro prefeito eleito em São Paulo vindo da periferia, e também fez menção ao ex-prefeito Bruno Covas, morto em maio de 2021. Nunes era vice-prefeito, e então, assumiu o cargo. "Soube o que é a responsabilidade de cuidar da vida de 12 milhões de pessoas."
Um pouco antes do discurso, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) enviou um vídeo, exibido no telão, para o emedebista. Ele não pôde comparecer, pois está de licença no exterior.
"Vocês contarão com o governo do Estado em todos os momentos. Seremos parceiros. Conte com a nossa equipe para continuarmos essa parceria que vem dando certo", afirmou Freitas.
O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Roberto Mateus Ordine, participou da cerimônia de posse de Ricardo Nunes e dos vereadores eleitos. Em sua avaliação, a cerimônia representou momento importante para a cidade, pois ressaltou o valor da colaboração entre o poder público e o setor privado para o progresso e desenvolvimento da nossa capital, destacou Ordine, que disse que Nunes também reconheceu os desafios que a cidade enfrentará e se comprometeu a adotar uma abordagem colaborativa.
"E não apenas com a sua equipe, mas também com outras esferas de governo e com entidades privadas, como a ACSP, para alcançar resultados concretos e duradouros para a cidade."
FOCO NA PERIFERIA E MENOS SECRETARIAS
Outra promessa feita na solenidade realizada posteriormente no Theatro Municipal, no Centro da Capital paulista, foi que seu segundo mandato dará atenção às periferias da cidade.
"Cuidar das periferias é cuidar de todos os bairros da cidade", afirmou o emedebista. "No extremo Sul, estávamos esquecidos. Quero que todas as noites vocês pensem em qual Ricardo eu salvei hoje", disse para os seus secretários, para quem pediu "humanidade."
O novo presidente da Câmara Municipal, Ricardo Teixeira (União Brasil), que chegou no meio da cerimônia para cumprimentar o prefeito, fez um discurso semelhante, também relacionado às periferias paulistanas. Ele comentou que pretende aprofundar as medidas de aproximação entre o Legislativo e a população, com a realização de audiências públicas e sessões nas periferias.
"Seria mais para ouvir a população do que para falarmos alguma coisa", disse.
Ricardo Nunes também reduziu o tamanho da Prefeitura em seu segundo mandato. De 35 pastas e órgãos, agora 26 nomes tomaram posse em cerimônia posterior no Theatro Municipal. A informação foi confirmada pela Prefeitura.
O ex-secretário da Educação do Estado, José Renato Nalini, foi confirmado como secretário-executivo de Mudanças Climáticas na própria cerimônia e já foi empossado.
As pastas de Desestatização e Parcerias, Programas Mananciais, Relações Institucionais, Limpeza Urbana e Segurança Alimentar, Nutricional e de Abastecimento não devem ter secretários anunciados nos próximos dias, como era esperado.
O MDB de Nunes encabeça cinco secretarias: Casa Civil, Cultura e Economia Criativa, Direitos Humanos e Cidadania, Governo e Habitação. Enquanto isso, o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro tem duas: Verde e Meio Ambiente e Projetos Estratégicos, além de uma aliada nas Relações Internacionais, a jurista Ângela Gandra. Já o Republicanos do governador Tarcísio de Freitas recebeu Turismo e Inovação e Tecnologia. O PSD, Podemos e PP receberam uma secretaria cada um: Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Esportes, respectivamente.
NOVA COMPOSIÇÃO DA CÂMARA
O vereador Ricardo Teixeira (União Brasil), eleito presidente da Câmara Municipal de São Paulo no primeiro dia do ano vai suceder Milton Leite (União), tido como 'manda-chuva' da política paulistana que optou não concorrer a um novo mandato.
O nome de Teixeira foi quase um consenso, após meses de disputas internas. Anteriormente, Rubinho Nunes (União) era o favorito para o cargo. No entanto, o parlamentar embarcou na campanha do candidato derrotado à Prefeitura Pablo Marçal (PRTB), o que gerou mal estar com Ricardo Nunes, levando Teixeira a assumir a dianteira pelo comando do Legislativo municipal.
A maior bancada partidária da nova legislatura da capital paulista é a do PT, com oito assentos, mas a base de Nunes detém a maioria dos vereadores. A sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve o mesmo número de cadeiras conquistadas em 2020.
As fileiras do MDB, do PL e do União Brasil contam com sete vereadores cada. Uma das características marcantes das eleições foi o bom desempenho de estreantes, que figuraram entre os cinco mais votados, deixando de fora nomes tradicionais como Adilson Amadeu (União Brasil), Arselino Tatto (PT), Paulo Frange (MDB), Gilson Barreto (MDB), Carlos Bezerra Júnior (PSD), além de Milton Leite (União Brasil), que após 27 anos na Câmara, optou por não concorrer ao cargo eletivo.
A taxa de renovação da Câmara foi de 63,3%, considerando os vereadores que disputaram e os que não tentaram a reeleição. Enquanto figuras histórias da política paulistana não conseguiram se eleger, jovens políticos com forte presença nas redes sociais foram destaques nesta eleição.
Vereador mais votado de todo o Brasil, Lucas Pavanato (PL), que assume o cargo pela primeira vez, obteve 161,3 mil votos. O jovem de 26 anos, eleito com a segurança pública como uma de suas principais bandeiras de campanha, disse que pretende propor projetos baseados nos valores conservadores que o elegeram e provocou, dizendo que a oposição terá que "aguentar" seu estilo de fazer política.
"Viemos para ficar e, todos aqueles que não gostam de lidar com a gente, não gostam de lidar com políticos como a gente, eles terão que nos aguentar, porque nós vamos continuar ocupando espaço", disse.
O segundo lugar entre os mais votados também tem uma estreante na disputa pelo Legislativo paulistano. Trata-se da bancária Ana Carolina Oliveira (Podemos), mãe de Isabella Nardoni, morta em 2008 pelo pai e pela madrasta. Ela conquistou 129,5 mil votos, com uma plataforma baseada na defesa de "todas as vítimas que sofrem em silêncio".
Com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, Ana foi uma das principais apostas do Podemos na capital paulista, recebendo R$ 1,5 milhão do partido e um número de urna nobre.
Dr. Murilo Lima e Sargento Nantes, ambos do PP, ocuparam o terceiro e quarto lugar com 113,8 mil e 112,4 mil votos, respectivamente. Lima focou na proteção animal, enquanto Nantes, com apoio de Pablo Marçal, destacou a segurança pública.
Amanda Paschoal (PSOL), apoiada por Erika Hilton, foi a candidata de esquerda mais votada, com 108,6 mil votos, defendendo causas LGBTQIA+ e ambientais.
ALINHAMENTO E PAUTAS CONSERVADORAS
Por conta da base, Nunes deve encontrar menos resistência para aprovar projetos na Câmara Municipal. Levantamento realizado com os 55 vereadores eleitos aponta que a base aliada pode chegar a 30 parlamentares.
A oposição ocupa 15 cadeiras, enquanto 10 integrantes do Legislativo se declararam independentes. Entre estes estão Rubinho Nunes (União) e Sargento Nantes (PP), apoiadores de Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno, contrariando as orientações de seus partidos.
Nomes como Tripoli (PV), Marina Bragante (Rede) e Eliseu Gabriel (PSB), de siglas que estavam coligadas ou que declararam apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) durante a disputa, também se declararam como "independentes".
O levantamento também mostrou que a maioria dos vereadores apoia pautas conservadoras, entre as quais a ampliação do armamento e das atribuições da Guarda Civil Metropolitana (GCM), além da internação compulsória de dependentes químicos na região da Cracolândia.
SEM REPRESENTAÇÃO
Uma ausência notável entre as bancadas partidárias é a do PSDB, outrora dominante na Câmara Municipal, mas "varrido" do mapa político no último pleito.
A candidatura a prefeito do apresentador José Luiz Datena (PSDB) registrou o pior desempenho da história do partido na capital paulista, com 1,84% dos votos válidos.
Durante o primeiro semestre, o PSDB paulistano viveu um racha interno entre os adeptos de uma candidatura própria e os favoráveis ao apoio à reeleição de Nunes.
A rixa levou à debandada, em março, dos oito vereadores em exercício pelo partido. Em junho, após a oficialização da candidatura de Datena, o ex-ministro Aloysio Nunes, quadro histórico da sigla, anunciou sua desfiliação. Isolado, o PSDB lançou a candidatura de Datena em uma chapa "puro sangue".
A campanha não ganhou tração nas pesquisas de intenção de voto e acabou marcada pelo episódio da cadeirada em Pablo Marçal, do PRTB, durante o debate organizado pela TV Cultura. Ao cabo, os tucanos não elegeram nenhuma das 49 candidaturas à Câmara.
VEREADORES ELEITOS EM OUTUBRO DE 2024
1. Lucas Pavanato (PL) - 161.386 votos
2. Ana Carolina Oliveira (PODE) - 129.563 votos
3. Dr. Murillo Lima (PP) - 113.820 votos
4. Sargento Nantes (PP) - 112.484 votos
5. Amanda Paschoal (PSOL) - 108.654 votos
6. Rubinho Nunes (UNIÃO) - 101.549 votos
7. Luna Zarattini (PT) - 100.921 votos
8. Luana Alves (PSOL) - 83.262 votos
9. Dra. Sandra Tadeu (PL) - 74.511 votos
10. Pastora Sandra Alves (UNIÃO) - 74.192 votos
11. Silvão Leite (UNIÃO) - 63.988 votos
12. Isac Félix (PL) - 62.275 votos
13. Zoe Martinez (PL) - 60.272 votos
14. Rodrigo Goulart (PSD) - 58.715 votos
15. Danilo do Posto de Saúde (PODE) - 58.676 votos
16. Gabriel Abreu (PODE) - 58.581 votos
17. Edir Sales (PSD) - 58.190 votos
18. Alessandro Guedes (PT) - 58.183 votos
19. Celso Giannazi (PSOL) - 57.789 votos
20. Cris Monteiro (NOVO) - 56.904 votos
21. Silvinho (UNIÃO) - 53.453 votos
22. Thammy Miranda (PSD) - 50.234 votos
23. Nabil Bonduki (PT) - 49.540 votos
24. Janaina Paschoal (PP) - 48.893 votos
25. Fabio Riva (MDB) - 44.627 votos
26. Major Palumbo (PP) - 43.455 votos
27. Rute Costa (PL) - 43.090 votos
28. Sidney Cruz (MDB) - 42.988 votos
29. George Hato (MDB) - 42.837 votos
30. Sansão Pereira (REPUBLICANOS) - 42.229 votos
31. André Santos (REPUBLICANOS) - 41.379 votos
32. Hélio Rodrigues (PT) - 40.753 votos
33. Amanda Vettorazzo (UNIÃO) - 40.144 votos
34. Marcelo Messias (MDB) - 40.079 votos
35. Marina Bragante (REDE) - 39.147 votos
36. Tripoli (PV) - 39.039 votos
37. Simone Ganem (PODE) - 38.540 votos
38. Sandra Santana (MDB) - 38.326 votos
39. João Jorge (MDB) - 36.296 votos
40. Ely Teruel (MDB) - 35.622 votos
41. Professor Toninho Vespoli (PSOL) - 34.735 votos
42. Silvia da Bancada Feminista (PSOL) - 34.537 votos
43. Sonaira Fernandes (PL) - 33.957 votos
44. Dr. Milton Ferreira (PODE) - 33.493 votos
45. João Ananias (PT) - 33.225 votos
46. Kenji Palumbo (PODE) - 32.495 votos
47. Ricardo Teixeira (UNIÃO) - 31.566 votos
48. Jair Tatto (PT) - 30.905 votos
49. Eliseu Gabriel (PSB) - 30.706 votos
50. Dheison (PT) - 30.575 votos
51. Senival Moura (PT) - 30.480 votos
52. Renata Falzoni (PSB) - 30.206 votos
53. Keit Lima (PSOL) - 27.769 votos
54. Adrilles Jorge (UNIÃO) - 25.038 votos
55. Gilberto Nascimento (PL) - 22.306 votos
FOTO: Richard Lourenço/Rede Câmara