Rede Ford chega ao Top 5 em ranking Fenabrave após fim da produção no país

Há dois anos, a marca ocupava a 21ª posição entre as franquias de maior valor. Hoje está atrás apenas da BYD, GWM, BMW e Chery

Cleide Silva Cravo - DC News
13/Jan/2025
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Rede Ford chega ao Top 5 em ranking Fenabrave após fim da produção no país

Com número mais enxuto de lojas, venda apenas de veículos premium, de maior retorno financeiro, e fora da disputa no segmento de carros de entrada (antes chamados de populares e que rendem menores lucros), nos últimos dois anos a rede de revendas Ford subiu da 21ª para a 5ª posição no ranking de valor de franquia.

Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), responsável pelo estudo, a Ford está atrás apenas das redes da BYD, GWM, BMW e Chery. O cálculo para o valor da franquia inclui o parque circulante e todos os equipamentos de lojas e oficinas. Estão fora da conta os estoques de veículos e o imóvel.

O resultado é que a marca ficou mais atraente. “Antes tínhamos de bater de porta em porta para oferecer concessionárias. Mas isso mudou”, afirmou Martin Galdeano, presidente da Ford América do Sul, à AGÊNCIA DC NEWS.

Em 2021, após anunciar o fechamento das fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), a multinacional norte-americana descredenciou 163 das 283 concessionárias no país. Algumas fecharam as portas e parte migrou para outras marcas. Dois anos antes, o grupo já havia encerrado operações de sua planta mais antiga, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

Após o trauma inicial, quando a avaliação era de que as lojas e os veículos da montadora teriam grande desvalorização, a empresa reestruturou rapidamente seu formato de vendas. A estratégia foi trazer de fora do país veículos de maior valor agregado, com preço médio de R$ 270 mil. Os concessionários começaram a ter lucro em seus negócios, resultado que a maioria não registrava havia alguns anos. Em média, o faturamento anual por loja hoje fica na casa dos R$ 108 milhões.

LUCRO

Além de uma rede mais valorizada, a companhia registrou em 2024 seu terceiro ano seguido de lucro na América do Sul, onde a operação brasileira participa com cerca de 35% das vendas. Quando mantinha operações fabris, a marca representava entre 60% e 70% das vendas regionais. Em 2020, seu último ano de produção local, a Ford vendeu 139,2 mil veículos, obtendo 7,1% de participação no mercado total de automóveis e comerciais leves.

Com esse volume, foi a quinta marca no ranking nacional de vendas, posição ocupada durante vários anos. No ano passado as vendas totalizaram 48 mil unidades – 70% a mais que em 2023. A fatia no mercado de automóveis e comerciais leves foi de 2% e a posição no ranking nacional caiu para o 13º lugar.

José Maurício Andreta Junior, presidente do Grupo Andreta, explica por que esse movimento de reduzir participação foi positivo para a montadora norte-americana. “Vendemos menos em quantidade, mas faturamos mais em valores”, disse. Segundo ele, por vários anos fábrica e rede perderam dinheiro no país, mas a direção da Ford “teve uma decisão estratégica e arriscada que deu certo e tornou o negócio lucrativo”.

Na época do encerramento da produção, Andreta tinha duas concessionárias Ford. “Hoje tenho quatro e quero ter cinco”, disse. O grupo do empresário – que até dezembro também presidiu a Fenabrave –, tem 34 concessionárias de dez marcas. Andreta diz que a bandeira Ford está entre as mais rentáveis.

A marca Ford atualmente é muito desejada, tem uma gama de produtos de alto valor e é bem aceita pelos consumidores, além de oficinas bem-preparadas com alta tecnologia e baixo índice de consertos. “Os modelos atuais não têm tantos problemas como tínhamos com os carros de entrada”, afirmou Andreta.

PORTFÓLIO

Entre os modelos à venda estão a picape F 150, importada dos Estados Unidos, o esportivo Mustang, que vem do México e dos EUA, e a picape Ranger, fabricada na Argentina, único país da América do Sul onde a Ford mantém linha de produção atualmente. Para este ano, a marca promete dez lançamentos, como a van Transit, produzida no Uruguai por uma empresa terceirizada, e o Mustang com câmbio automático.

Antonio Baltar, diretor de Vendas, Marketing e Serviços da Ford, diz que como montadora a marca brigava por posição com a maioria das outras fabricantes e o volume de vendas era mais importante. “Agora estamos em um lugar com produtos que não são de luxo, mas são premium, entregam tecnologia e conexões que quase ninguém tem”, afirmou. “E tudo isso reflete no valor final.”

Os pilares que levaram a Ford ao patamar atual, explica Baltar, são o portfólio de produtos que atende a realidade do cliente com preços competitivos e uma rede que presta atendimento diferenciado. “Tudo isso influencia o valor da franquia e produz um efeito bola de neve”, afirmou. “A imagem positiva da marca gera efeito na rentabilidade.”

 

IMAGEM: Ford/divulgação

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