Prisão de Lula traria instabilidade, diz Temer na TV
Entrevistado no programa Roda Viva, o presidente reafirmou que enviará ainda este ano os projetos de Reforma da Previdência ao Congresso
Em entrevista no Roda Viva, programa da TV Cultura veiculado na noite desta segunda-feira (14/11), o presidente Michel Temer, em resposta a uma pergunta sobre a hipótese de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser preso, disse que o fato poderia causar instabilidade.
"Acho que causa, não é para o governo, é para o país. Acho que haverá movimentos sociais", afirmou. "Toda vez que você tem movimento social de contestação especialmente a uma decisão do Judiciário, isto pode criar uma instabilidade."
Durante a entrevista, que durou cerca de uma hora e meia, o presidente disse que está "satisfeitíssimo" com os primeiros seis meses de governo, ressaltando o apoio dos senadores e deputados na aprovação de diversas medidas.
Segundo ele, se o teto para os gastos públicos, a mudança nas regras de aposentadoria e as demais reformas forem aprovadas o governo terá feito "uma boa parte do seu trabalho".
Temer voltou a dizer que "seguramente" enviará ainda este ano os projetos de reforma da Previdência ao Congresso Nacional, depois de apresentá-la aos representantes dos trabalhadores e da sociedade.
"A ideia é uma reforma para perdurar para sempre. Evidentemente quem dá a última palavra é o Congresso Nacional", afirmou. "[Não enviaremos] sem falar com setores da sociedade, com líderes da Câmara e do Senado, sem fazer uma espécie de esclarecimento público, por meio da televisão, dos jornais, da necessidade da reforma da Previdência."
Quanto à possibilidade de membros do governo estarem envolvidos nas investigações da Operação Lava Jato, o presidente disse que conversaria com o ministro ou autoridade hipoteticamente denunciada.
"No TSE eu não tenho preocupação. Tenho sustentado com muita ênfase porque acredito juridicamente que são figuras apartadas, do presidente da do vice-presidente. As contas são julgadas ao mesmo tempo mas são fisicamente prestadas em apartado. Tanto que quando acabei de mencionar o caso do cheque que o PMDB colocou na minha conta é porque tinha uma conta da candidatura do vice-presidente da República", disse, referindo-se à ação movida contra a chapa dele e da ex-presidenta Dilma Rousseff no Tribunal Superior Eleitoral.
ESTADOS UNIDOS
No campo internacional, Temer disse que vai aguardar as primeiras declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, quando assumir, mas defendeu um maior "prestígio" entre as relações entre o país norte-americano e o Brasil.
"Os Estados Unidos são um país onde as instituições são fortíssimas. Não vamos imaginar que o presidente chega ao poder e o exerce com autoritarismo. Isso não vai acontecer. Há uma série de condicionantes a partir do Congresso que acho que dimensionarão a atividade do presidente. Vamos aguardar o que ele vai fazer. É um parceiro comercial atuante do Brasil. Eu duvido que ele faça algo que tente afastar o Brasil."