Preços dos grãos em queda e falta de armazenagem prejudicam produtor

Sem espaço para estocar a produção, o produtor se vê obrigado a vender no pico da colheita, período em que as cotações estão mais pressionadas

Ronaldo Luiz Araujo
22/Jun/2023
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Preços dos grãos em queda e falta de armazenagem prejudicam  produtor

Com os preços dos grãos em queda na bolsa de Chicago, estoques globais elevados, sem armazéns suficientes para estocar a safra e crédito de comercialização escasso, o produtor, sobretudo o pequeno e médio, passa por um momento delicado de fluxo de caixa, alerta o coordenador do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Cesario Ramalho.

O preço da saca de soja nas principais praças, por exemplo, caiu cerca de 30% em um ano. Diante desta conjuntura, o produtor que conseguiu armazenar aguarda melhor oportunidade para comercializar a safra. Todavia, esta opção é para poucos.

Com os silos abarrotados, sem mais espaço para armazenar a produção, o produtor se vê obrigado a vender no pico da colheita, período em que as cotações estão mais pressionadas. Mesmo quem fez hedge - travou seu preço de venda - pode não conseguir exercer esta opção, porque não tem local para armazenar, a fim de entregar futuramente.

O Brasil vai colher nesta temporada uma safra de grãos superior a 315 milhões de toneladas, prevê a Conab. Em São Paulo, a área em produção de soja estimada é 2,7% superior à verificada no ciclo passado. Já a produção esperada é 5,7% maior [projeção de 4,9 milhões de toneladas], com produtividade média 3% acima da obtida na última colheita. As regiões de Itapeva, Assis e Ourinhos predominam na produção de soja paulista, com uma parcela de 40,2% do total.

No tocante ao milho, por exemplo, estamos prestes a colher uma safra cheia, e não há espaço para armazenagem. Já a capacidade disponível para armazenamento gira em torno de apenas 190 milhões de toneladas, aponta o IBGE.

No desafio da infraestrutura logística, registramos ligeiros avanços, ainda que demasiadamente insuficientes, em rodovias e portos. Por outro lado, no que diz respeito à armazenagem, o gargalo permanece. Viabilizar condições para que o produtor possa investir em armazenagem própria tem que ser uma das prioridades do novo Plano Safra 2023/24.

Contudo, a manutenção da taxa Selic em 13,75% preocupa o setor produtivo rural em relação às condições de juros para o Plano. Neste cenário, aumenta o tamanho da verba governamental necessária para equalizar - amortecer - os juros do financiamento agrícola.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que é produtor, está ciente do quadro, e vem demonstrando empenho para endereçar a questão. A expectativa de Cesario Ramalho é que a equipe econômica, que tem a missão de sanear as contas públicas em consonância com o investimento estatal, acolha no novo Plano Safra as legítimas demandas favoráveis ao financiamento agrícola.

 

IMAGEM: Freepik

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