Para as pequenas do e-commerce, o lucro está além das fronteiras

O mercado interno desaquecido e a alta do dólar criam um cenário de oportunidades para os negócios de menor porte. Saiba como se preparar para aproveitar o momento

Karina Lignelli
14/Jan/2016
  • btn-whatsapp
Para as pequenas do e-commerce, o lucro está além das fronteiras

O empreendedor brasileiro não tem o hábito de vender para clientes do exterior – principalmente se tiver uma empresa de micro ou pequeno porte. E muito menos pela internet.

Um levantamento do Sebrae/SP mostra que, de 2004 a 2013, a participação das micro e pequenas paulistas no total de exportações do estado foi de aproximadamente 1,8% - ou um pouco mais de 9,8 mil empresas.

Entre as que estão no e-commerce, o número é ainda menor: a expectativa é que apenas 25% delas vendam ou iniciem operações transnacionais por meio de plataformas internacionais do tipo E-bay ou Alibaba, diz Thiago Brandão, consultor de comércio exterior do Sebrae/SP.  

LEIA MAIS: Do interior paulista para Miami

“Além do medo de se relacionar comercialmente lá fora, há o de não receber pela venda de produtos ou serviços”, afirma.

Já é mais do que sabido que, com o mercado interno desaquecido e o dólar se mantendo na casa dos R$ 4, fica mais interessante vender além das fronteiras geográficas.

E quando se fala em e-commerce, as perspectivas são animadoras por causa do resultado do último ano. O faturamento cresceu 15,3% em 2015, ante queda de 8% nas vendas do comércio como um todo. Além disso, é um canal de amplo alcance de negócios, diferente do varejo físico.

Alguns estudos encomendados pela PayPal (empresa global de meios de pagamento online) sinalizam o potencial do mercado externo para os pequenos negócios que estão no e-commerce.

Um estudo realizado pela Nielsen, a pedido da PayPal, mostra que até 2018 as empresas brasileiras que vendem para estrangeiros via e-commerce devem atingir uma receita de US$ 4 bilhões, ante US$ 1,5 bilhão em 2013.

Alguns dados de outra pesquisa global de e-commerce da PayPal e Ipsos, realizada junto a mais de 23,3 mil consumidores em 29 países em 2015, trazem algumas pistas sobre possíveis oportunidades.

O levantamento mostra quem consome produtos de outros países (inclusive via mobile), mercados mais promissores e até o que o comprador leva em conta na hora de comprar em um site estrangeiro, como o frete.

LEIA MAIS: Comércio eletrônico no Brasil está entre os dez maiores do mundo

Outra pesquisa mais recente (de março de 2015), encomendada pela PayPal à Big Data, mostra que dos 450 mil sites ativos no país, 88% são pequenos negócios, que recebem até 10 mil visitas mensais.

Porém, 60% deles ainda não oferece nenhuma opção de pagamento online.

“É um segmento de mercado que tem condições de aproveitar as oportunidades que a demanda internacional por produtos e serviços locais apresenta”, diz Gabriela Szprinc, diretora da área de pequenas e médias empresas e organizações não-governamentais da PayPal.

PROFISSIONALIZAÇÃO

Em primeiro lugar, de acordo com Brandão, do Sebrae-SP, é preciso montar o plano de negócios, avaliar o mercado, mix de produtos, definir o público-alvo e aprender o que é necessário para fazer as operações funcionarem.

Além disso é preciso adotar ferramentas tecnológicas que ajudam a elevar as vendas, como as do tipo SEO (Search Engine Optimization), para que o site se mantenha em melhor posição nos sites de busca. É necessário, ainda, obter soluções anti-fraude para facilitar o recebimento de pagamentos vindos do exterior.   

Os especialistas também recomendam ao empreendedor que fique atento aos produtos mais procurados por estrangeiros, como couro e calçados, madeira e móveis, confecção (principalmente de moda praia e lingerie), além de frutas e cosméticos confeccionados com matéria-prima típica “do Brasil.”

“O estrangeiro quer outro tipo de produto. Basta observar o consumidor da China, que mesmo sendo responsável por 65% da produção de calçados do mundo, procura no exterior modelos que não existem no país”, afirma.

Outra questão importante é encontrar um parceiro para fornecer meios de pagamento e a logística – que em operações até US$ 50 mil dólares podem ser realizadas de forma simples via Correios ou, acima disso, por meio de empresas comerciais-exportadoras (tradings).

Nesse caso, a vantagem de exportar é a isenção de impostos para a pequena empresa no regime do Simples ou no Lucro Real.  

“O pequeno negócio já tem pouco capital, então é preciso investir da melhor maneira. Muitas não quebram essa barreira por falta de informação”, afirma Brandão. 

Ele lembra que sites como do Sebrae-SP ou o da APEX-Brasil ajudam os empreendedores a iniciar operações para o exterior gratuitamente, ou até a participar de rodadas de negócios no exterior.  

Ou seja, para internacionalizar, primeiro é preciso profissionalizar. “Não dá para deixar o parente cuidar da sua loja virtual por causa do custo. Se não houver um mínimo de qualidade, o e-commerce não vai para frente. Nem aqui, e muito menos lá fora”, conclui Gabriela, do PayPal.

Foto: Thinkstock / Arte: Rejane Tamoto

O Diário do Comércio permite a cópia e republicação deste conteúdo acompanhado do link original desta página.
Para mais detalhes, nosso contato é [email protected] .

 

Store in Store

Carga Pesada

Vídeos

Alessandra Andrade é o novo rosto da SP Negócios

Alessandra Andrade é o novo rosto da SP Negócios

Rodrigo Garcia, da Petina, explica a digitalização do comércio popular de São Paulo

Alexandra Casoni, da Flormel, detalha o mercado de doces saudáveis