'Ofensiva internacional quer reduzir competitividade do agro brasileiro'
A frase é do ex-ministro Aldo Rebelo (segundo à esq.), que participou de reunião do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
O ex-ministro e ex-parlamentar Aldo Rebelo disse, na última segunda-feira (30), na reunião do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que existe um movimento ofensivo internacional, que conta com a participação de algumas Organizações Não-governamentais (ONGs), atuantes, sobretudo na região amazônica, com o objetivo de impor ao agronegócio brasileiro uma série de pressões ambientais, tributárias, sociais, logísticas, entre outras.
O intuito, segundo Rebelo, seria reduzir artificialmente a competitividade do agro brasileiro, imputando-o uma espiral de barreiras tarifárias e não-tarifárias, elevando automaticamente os custos de produção e de transação.
Coordenado por Cesario Ramalho, o Conselho do Agro da ACSP tem como objetivo propor reflexões, que possam endereçar políticas públicas e modelos de desenvolvimento, para o agro brasileiro.
Na reunião, liderada pelo presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine, Rebelo acentuou que os desdobramentos da geopolítica global são cruciais para o agro brasileiro e, consequentemente, para o País. "O eixo da economia mundial está saindo da Europa e dos EUA para a Ásia", ressaltou.
Relator do Código Florestal, aprovado em 2012, Rebelo salientou que na temática ambiental o Brasil já fez a transição energética, diferentemente das nações que nos cobram. "Nossa matriz energética, por exemplo, é altamente limpa e renovável, com 15% dela apenas sendo fóssil."
Rebelo também recordou projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), as quais apontam que o Brasil vai superar os EUA nas exportações de milho e algodão, assim como já ocorreu na soja. "Precisamos voltar a crescer, e o agro tem papel preponderante nesta jornada. O caminho para o Brasil passa pela agricultura dando arranque a um novo processo de industrialização. Grandes potências têm ao mesmo tempo indústria e campo fortes."
Em paralelo à investida internacional contra o agro brasileiro, Rebelo acrescentou, ainda, que há uma espécie de "desconstrução" interna da imagem do agricultor perpetrada por correntes da sociedade avessas ao sucesso da agricultura.
No que diz respeito às oportunidades do mercado de créditos de carbono, Rebelo mencionou que, de fato, são muitas, porém, ressalvou que há de se tomar cuidado com o eventual fenômeno de se converter áreas hoje produtivas em matas.
Ramalho, coordenador do Conselho do Agro da ACSP, uma vez mais lembrou dos gargalos de infraestrutura de transportes e armazenagem e da pouca cobertura do seguro rural como entraves para um avanço ainda maior do agronegócio brasileiro.
IMAGEM: ACSP/divulgação