O que heróis e executivos têm em comum?

Para a jornalista Maria Tereza Gomes, a carreira de um presidente de empresa segue etapas muito parecidas a dos heróis clássicos. Ela defende a ideia no livro O Chamado

Estadão Conteúdo
06/Ago/2016
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O que heróis e executivos têm em comum?

A jornada de um executivo pode ser comparada à de um herói de filme de ação? Sim, segundo a jornalista Maria Tereza Gomes. 

No livro O Chamado - Você é o herói do próprio destino (Editora Atlas, 200 páginas), ela demonstra como os desafios clássicos da trajetória dos grandes personagens - desde os clássicos da literatura até diversões pop como Star Wars - se assemelham aos obstáculos enfrentados por executivos que conseguem escalar os degraus mais altos da escada corporativa.

Usando como pano de fundo o cultuado O Herói de Mil Faces, escrito pelo americano Joseph Campbell em 1949, Maria Tereza usou as etapas da jornada do herói para compilar um material rico de pesquisa que ela trazia do exercício do jornalismo. 

A jornalista Maria Tereza Gomes

 

A jornalista trabalhou por 18 anos na Editora Abril, onde foi diretora de redação da revista Você S/A. Como diretora do canal Ideal TV, de 2007 a 2009, entrevistou 71 presidentes de grandes companhias para o programa Trajetória Ideal.

Para o livro, que foi adaptado de sua tese de mestrado em administração da FEA-USP, a autora selecionou 12 perfilados, entre eles Roberto Lima (então presidente da Vivo, hoje na Natura), Manoel Horácio (que passou por Vale, CSN, Ericsson e Telemar) e Waldey Sanchez (que trabalhava, à época da entrevista, havia 34 anos na fabricante de motores MWM).

A obra priorizou executivos mais velhos, para apontar possibilidades para um item fundamental de qualquer boa história: o desfecho. No caso de uma carreira, o fim pode ser a aposentadoria, a migração para uma consultoria ou para um conselho de administração.

Entre os momentos de superação narrados por Lima está um desafio enfrentado pela operadora na área de tecnologia da informação, que parecia insolúvel. Como a questão era vital, o executivo decidiu, mesmo não sendo da área, juntar-se ao time responsável até que a questão fosse vencida. E obteve êxito.

EXECUTIVOS X EMPRESÁRIOS

Desde a concepção do programa Trajetória Ideal, segundo a autora, a ideia sempre fora retratar executivos - e não donos de empresas. O objetivo era mostrar casos de pessoas que conseguiram galgar o sucesso dentro de uma corporação, um passo de cada vez, como precisam fazer milhões de profissionais brasileiros.

A trajetória desses heróis, segundo o argumento de O Chamado, é definida pelas provações que aparecem pelo caminho. Entre as etapas, estão "o chamado", a ajuda de um mentor e as provações antes da recompensa. A partir da identificação desses desafios, Maria Tereza consegue traçar vários pontos em comum entre os executivos que retrata.

PONTOS EM COMUM

A maior parte dos profissionais que contam sua história no livro começou a trabalhar ainda antes dos 14 anos. Além disso, em algum momento, vários deles se viram no comando de negócios internacionais e tiveram de tomar decisões drásticas durante crises.

Outra característica que Maria Tereza percebeu nos executivos já próximos da idade de aposentadoria foi a dificuldade de decidir a hora de parar. Entre as fases pelas quais um herói tem de passar para completar sua jornada, a "volta para casa" parece ser a mais difícil, segundo a autora. 

"Percebi (nos executivos) dificuldade de abrir mão do escritório, do voo de primeira classe, da secretária", diz a autora. "Parar é algo difícil, pois significa desistir do poder."

NOVO PERFIL

O Chamado mostra que, à medida que o mercado brasileiro evoluiu, o perfil do executivo também mudou. O capítulo dedicado aos jovens executivos - que inclui Bernardo Hees, atual presidente global da Heinz - mostra um estilo de formação muito diferente dos profissionais próximos da aposentadoria. "É uma formação completa, com MBA e inglês", diz Maria Tereza.

RETICÊNCIA FEMININA

O livro ainda toca na questão da mulher - ou, mais especificamente, da discreta presença feminina no topo das organizações. Entre as 71 entrevistas feitas pela jornalista, figuraram só cinco mulheres. 

Para a autora, ainda há reticência da mulher em buscar um cargo de liderança com o mesmo vigor competitivo do homem. Não por acaso, o capítulo que retrata as executivas tem o título A Heroína Tímida

Imagem: ThinkStock

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