“O Brasil é maior que a crise”

No comando da filial da GE, que duplicou as operações nos últimos quatro anos, Gilberto Peralta (foto) promete continuar a investir e recomenda paciência aos brasileiros

Inês Godinho
30/Jun/2015
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“O Brasil é maior que a crise”

Quando indagado sobre a reação da General Electric à crise pela qual atravessa o país, seu presidente, Gilberto Peralta, afirma: “Estamos aqui há 95 anos.” 

Depois dos Estados Unidos e da China, o Brasil representa o terceiro mercado da GE no mundo. No país, mantém operações nas áreas de óleo e gás, aviação, energia elétrica, transportes e saneamento, entre outros, que respondem por 50% dos negócios da companhia na América Latina.

Segundo Peralta, não é o atual clima de desaceleração econômica que modificará a visão de longo prazo e a relação estratégica da companhia com o país. 

A mesma mensagem de confiança no país pôde ser ouvida recentemente. O americano Jeffrey Immelt, presidente mundial da GE, declarou, após uma audiência com a presidente Dilma Roussef, em Brasília, que o Brasil “continua sendo um mercado extremamente importante em escala global para a GE” e que o grupo tem interesse em ampliar os investimentos por aqui.

Em outro momento, o presidente para a América Latina, Reinaldo Garcia, afirmou: “Os planos da GE para o Brasil permanecem inalterados. Mantivemos investimentos de longo prazo mesmo em momentos de instabilidade na economia mundial.”

No período 2010 e 2016, os investimentos destinados à operação brasileira totalizam US$ 1,3 bilhão. No final de 2014, a companhia inaugurou, no Rio de Janeiro, o Centro de Pesquisas Global, o primeiro na América Latina, com um aporte de US$ 1,5 bilhão até 2020. Em quatro anos, de 2010 a 2014, a GE dobrou de tamanho no país, e as encomendas atingiram o valor de US$ 4,4 bilhões. 

Em entrevista ao Diário do Comércio, Peralta explica o que mantém a confiança da GE no mercado brasileiro. “A crise é mais um passo importante no aperfeiçoamento institucional do Brasil”, disse. “Temos que ter paciência e esperar”

 

UNIDADE DE TURBINAS DA GE: ATÉ O PRÓXIMO ANO A COMPANHIA TERÁ INVESTIDO O EQUIVALENTE A US$ 1,3 BI NO BRASIL

 

A GE está há muito tempo no Brasil. Como está sendo viver mais uma vez um cenário de desaceleração econômica no país?
A GE é focada no longo prazo. A empresa está no Brasil desde 1919. Depois de 95 anos no país, a gente consegue entender um pouco como funciona a realidade brasileira. Temos experiência com o Brasil. Eu diria que não ficamos preocupados com a situação, mas atentos ao que está acontecendo. 

A crise atual não pode ser mais grave?
Consideramos este mais um momento na vida política do país. Já passamos por muitos momentos graves, pela ditadura de 1930, de 1964, pelo problema da dívida brasileira, pela crise de 2008. Agora, temos mais um problema. 

Não será mais difícil sair da atual recessão?
Vou falar como brasileiro. O Brasil está passando por uma dificuldade temporária. O país é maior que a crise, a sociedade vai responder. E mais importante que tudo - não temos instabilidade institucional. As instituições brasileiras estão trabalhando, estão resolvendo. Talvez não sejam as melhores, mas o país está navegando. Não temos tanques na rua, temos um governo instituído, o Brasil está funcionando institucionalmente. Não foi assim nas outras crises.

Tem uma previsão de quanto vai durar?
Prevejo de um a dois anos. As medidas anunciadas foram extremamente positivas. Espero que o Congresso faça sua parte. 

Quais medidas a GE vêm tomando?
Primeiro, não cortamos nenhum investimento no Brasil. Pelo contrário, vamos aumentar os investimentos de longo prazo. Já anunciamos mais investimentos na planta em Petrópolis além do estava decidido há três anos (a GE Celma, em Petrópolis, é umas das principais unidades de reparo e manutenção de motores aeronáuticos da companhia no mundo e recebeu US$ 100 milhões). Fizemos alguns ajustes administrativos em operações específicas. Nosso saldo no Brasil é positivo, com aumento de investimento. 

Que conselho daria para os empresários brasileiros neste momento?
Esta é uma das coisas que quem está no país há 95 anos consegue entender - a crise é mais um passo importante no aperfeiçoamento institucional do Brasil. Temos que ter paciência e esperar. Não vamos sair do Brasil, não vamos fechar, não vamos nos desfazer de ativos, não estamos atacando, não estamos reclamando. Tem que ter paciência. 

 

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