Natal deve ter 2º pior resultado desde 2001

Apesar da falta de otimismo dos comerciantes, os lojistas das ruas de comércio popular ainda têm perspectivas de ampliar as vendas de fim de ano

Estadão Conteúdo
20/Dez/2016
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Natal deve ter 2º pior resultado desde 2001

O Natal deste ano deve ser o segundo pior em vendas desde 2001 e a perspectiva é que o faturamento retroceda para o nível de 2012, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Com 3,6 milhões de desempregados a mais do que em dezembro de 2015, o brasileiro está inseguro para comprar a prazo. Quando opta por pagar à vista, procura gastar menos.

O clima de incerteza afeta até mesmo os lojistas de shoppings, que normalmente são mais otimistas. No fim de semana, os shopping centers tiveram bom fluxo de consumidores, mas com vendas abaixo do esperado.

"O consumo está sem espaço e as vendas não estão evoluindo", afirma Izis Ferreira, economista da CNC. A demora para a economia se ajustar fez com que a entidade ampliasse a projeção de queda de vendas para o Natal, de 3,5% para 4,0%. Ela explica que apesar de o porcentual de retração ser menor - no Natal de 2015, a queda foi de 7,1% -, este ano será de "queda sobre queda".

A falta de otimismo entre os comerciantes é atestada pelo presidente da Associação de Lojistas de Shoppings (Alshop), Nabil Sahyoun. "No fim de semana, o fluxo de pessoas nos shoppings foi bom, mas a conversão em vendas foi baixa", observa. Isso significa que houve mais gente circulando, mas pouca gente comprando.

Sahyoun acredita que houve antecipação de compras por causa da Black Friday, a megaliquidação do fim de novembro.

Além disso, com o crédito limitado, a elevação do desemprego e o clima de insegurança, ele projeta para as vendas de Natal dos shoppings queda maior do que a registrada no ano passado. No Natal de 2015, a retração foi de 2,8% sobre o ano anterior.

Apesar do prognóstico ruim, na avaliação de Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) este não será o pior Natal do Plano Real.

De acordo com os dados da ACSP, que mede o volume de vendas na cidade de São Paulo, o principal mercado consumidor do País, as vendas em dezembro do ano passado na capital paulista caíram 14,5% em relação ao ano anterior. Para este ano, a perspectiva é de retração de 6%. "A queda está perdendo velocidade."

Na primeira quinzena deste mês, houve um recuo de 7,2% no movimento do comércio em relação ao mesmo período de 2015.

"Foi uma queda maior do que a esperada", afirma Alfieri, lembrando que novembro tinha fechado com retração de 2,2% na comparação anual. O economista frisa que o cenário é nebuloso e que poderá ocorrer alteração. "O grande teste será a partir de amanhã (terça-feira, 20), quando ocorre o pagamento da segunda parcela do 13.º salário."

COMÉRCIO POPULAR

Os lojistas das ruas de comércio popular são os únicos que ainda têm perspectivas de ampliar as vendas de Natal, apesar da recessão.

De acordo com Claudia Urias, presidente da Univinco, que representa 4,5 mil lojistas espalhados pela 25 de Março e 16 ruas da região, o comércio local espera aumentar entre 3% e 6% o volume de negócios neste ano em relação ao anterior. "No sábado, as lojas da região receberam mais de um milhão de pessoas."

Mesmo com o grande fluxo de gente, Claudia observa que o gasto médio nas compras tem sido menor. Essa tendência foi observada até nas vendas do atacado, com corte de 50%. 

DESCONTOS

A chave para atenuar a queda de vendas neste Natal é oferecer descontos maiores. Uma pesquisa online realizada na semana passada mostra que quase 70% dos consumidores que não pretendem ir às compras estariam dispostos a rever essa decisão se receberem descontos agressivos e frete grátis nas lojas de comércio eletrônico.

A pesquisa foi feita com mais de 600 consumidores internautas pela empresa Mercado Pago, especializada em soluções de pagamento para o comércio eletrônico.

De acordo com a enquete, entre os que não pretendem comprar presentes neste Natal, que representam quase 40% dos entrevistados, 38% consideram os preços cobrados pelas lojas muito elevados. Outro fator apontado para não consumir na data é a necessidade de economizar. Diante do cenário adverso da economia brasileira, com aumento do desemprego e da insegurança, 37% alegaram que vão poupar os recursos.

Na análise do economista Emílio Alfieri, o desempenho de vendas deste Natal está nas mãos do departamento de marketing das empresas em oferecer descontos mais agressivos.

"Este Natal depende da oferta e do marketing",  o economista. Ele observa que, com a popularização do smartphone ficou mais fácil para o brasileiro comparar preços entre lojas físicas e virtuais e ir em busca da melhor oferta.

FOTO: Thinkstock

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