Moro rebate teorias da conspiração sobre a Lava Jato nos EUA
Manifestantes levaram cartazes questionando a imparcialidade da Lava jato. O juiz rebateu as acusações

O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, disse nesta segunda-feira (6/02), em uma palestra nos Estados Unidos, que as investigações realizadas no Brasil contra a corrupção no meio político e empresarial possibilitarão o fortalecimento das instituições.
A palestra de Moro foi antecedida por um protesto de pessoas que levaram cartazes e gritavam palavras contra o seu comportamento na condução da Lava Jato. Para os manifestantes, Moro tem atuado sem a imparcialidade que se exige dos juízes.
Durante a palestra também precisou desmentir o que classificou de boatos espalhados na Internet de que seria um agente da CIA (órgão de inteligência do governo norte-americano).
Ele disse que tais acusações são teoria da conspiração, que buscam tirar do centro do debate político os efeitos positivos das investigações.
Em sua fala, Moro defendeu celeridade nas investigações da Lava Jato para que sejam evitadas as práticas de obstrução da Justiça, como costuma ocorrer quando há nomes de políticos e empresários importantes envolvidos.
Dirigindo-se ao público presente, ele disse que quem vive nos Estados Unidos não tem ideia do número de processos em andamento. "É além da imaginação", disse. Moro acrescentou que o excesso de casos acaba permitindo manobras obstrutivas. "É uma história sem fim", afirmou.
Moro contou que a operação enfrentou, ao longo de seu trabalho, alguns contratempos. Entre eles a morte do ministro Teori Zavascki, do STF.
Para ele o juiz, Teori era profundamente comprometido com a celeridade dos processos e disse esperar que o novo relator, Edson Fachin, dê continuidade a esse trabalho.
DOENÇA TROPICAL
Ele afirmou que a corrupção às vezes se assemelha a uma doença tropical, mas destacou que, no caso do Brasil, felizmente o combate aos desvios de políticos e empresários está mostrando à sociedade que é possível superar o problema.
O juiz também considerou infundadas as críticas de que a Lava Jato tem prejudicado a economia brasileira por envolver grandes empresas que geram investimentos e empregos.
Ele disse que, se os investimentos forem planejados com essa noção de que não há corrupção, os recursos provenientes dos lucros das empresas vão ser dirigidos para combater a miséria e não para o pagamento de propinas.
CRÍTICAS
Sérgio Moro também comentou as acusações de que a Lavo Jato não tem a imparcialidade necessária a uma investigação judicial. "Isso não é certo", rebateu.
Ele admitiu que, em alguns casos, segmentos da equipe de investigação vão além do esperado, mas esclareceu que os exageros não chegam a comprometer o resultado da operação. "Os crimes estão expostos e os procuradores e integrantes do Judiciário são sérios".
Ao ser indagado por uma participante sobre os constantes vazamentos da Lava Jato, Moro disse que é muito difícil saber a origem da informação quando ela sai do controle da investigação. "É muito difícil saber quem vazou para a imprensa", disse.
Questionado ainda sobre porque aparece em imagens ao lado de políticos que estão sendo investigados na Lava Jato, como o caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Moro disse que as fotos divulgadas se referem a um evento público em que, por acaso, os políticos investigados também participavam.
IMAGEM: Agência Brasil