Mercosul: união ou desunião?

Se ocorrer o acordo entre Uruguai e China, com certeza será o fim do bloco

Michel Abdo Alaby
10/Ago/2022
  • btn-whatsapp

O Mercosul vem sofrendo reveses não por questões que envolvem comércio e integração, mas sim por posições ideológicas. Ademais, ocorreram duas vertentes negativas que corroboram com a paralisia de avanços técnicos do bloco: a pandemia de covid-19 e, mais recentemente, a guerra Ucrânia-Rússia.

Na última reunião de cúpula do conselho do mercado comum realizada no Paraguai nos dias 21 e 22 de julho, ocorreu um atrito entre o Uruguai e a Argentina, pois o Uruguai pretende assinar um acordo de livre comércio com a China e a Argentina conclamou a união e não a desunião do bloco.

Em relação ao Brasil, o governo vê com bons olhos a flexibilização dos acordos.

Existe uma vedação (decisão nº 32/00 do conselho do mercado comum) que impede um país membro de negociar individualmente, podendo fazer isso apenas em bloco. Se ocorrer o acordo entre Uruguai e China, com certeza será o fim do Mercosul.

Não que esse tipo de situação não ocorra no bloco. Após quatro anos de negociações, por exemplo, foi fechado o acordo de livre comércio com Cingapura. Serão eliminadas cerca de 90% das tarifas no comércio bilateral. Também foram negociados a facilitação de investimentos, abertura de serviços e comércio eletrônico.

Cingapura tem uma série de tratados de livre comércio e é um hub na região do Sudeste Asiático e no Pacífico.

O acordo comercial do Mercosul com Cingapura deverá passar por análises jurídicas e ser aprovado pelos congressos. Provavelmente, só em 2023 entrará em vigor.

Os investimentos de Cingapura no Brasil chegam a alcançar quase US$ 10 bilhões, com portfólio de aeroportos, energia alternativa, celulose e papel.

O comércio entre o Brasil e Cingapura alcançou em 2021 a soma de US$. 6,7 bilhões. Com relação ao Mercosul, as exportações para Cingapura alcançaram US$ 5,9 bilhões e as importações somaram de US$ 1,25 bilhão em 2021.

De maneira geral, o Mercosul tem 27 acordos de livre comércio, entre eles, com a União Europeia, com os Estados Unidos, além dos mega acordos com os países da região do Sudeste Asiático e do Pacífico.

Tem o CPTPP (Acordo Abrangente e Progressivo da Parceria Transpacífica) envolvendo Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã.

Tem ainda o RCEP (Parceria Econômica Regional Abrangente), que envolve os 10 países da Associação das Nações do Sudeste Asiático - Tailândia, Filipinas, Malásia, Cingapura, Indonésia, Brunei, Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja, além da China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

Em meio a fragmentação do bloco, pelo menos tivemos uma notícia alvissareira recentemente. Os nossos parceiros do Mercosul concordaram em reduzir a tarifa externa comum, proposta pelo Brasil.

 

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio

O Diário do Comércio permite a cópia e republicação deste conteúdo acompanhado do link original desta página.
Para mais detalhes, nosso contato é [email protected] .

Store in Store

Carga Pesada

Vídeos

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Entenda a importância de planejar a sucessão na empresa

Especialistas projetam cenários para o pós-eleições municipais