Intenção de consumo das famílias cai 27% em um ano
Perspectiva quanto à economia derrubou o indicador ainda mais do que em julho de 2014, diz CNC

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu 5,3% em julho ante junho, informou nesta terça-feira (21/07) a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo a entidade, na comparação com julho de 2014, a queda é bem maior: 27,9%. Na comparação com o mês anterior, o indicador atingiu 86,9 pontos. Quanto mais baixa é a pontuação em relação a 100, mais pessimista é o cenário de consumo do país.
O indicador confirma o INC, afirma Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), citando o índice mensal da confiança da entidade, medido pelo Instituto Ipsos.
“É um dos componentes da intenção muito ligados à percepção da economia, à renda e ao emprego. Se falta confiança, a perspectiva não pode mesmo ser favorável”, completa.
A comparação mensal do nível de confiança das famílias com renda maior que dez salários mínimos atingiu, em julho, 6,5% (85,1 pontos) - o que indica recuo superior ao registrado entre as com renda inferior a dez salários mínimos, que foi 5,1% (87,4 pontos).
A pesquisa, que ouviu consumidores nas capitais do país, mostra que todos os indicadores ligados ao consumo estão na zona negativa. O componente Nível de Consumo Atual ficou em 67,2 pontos, em julho, com queda de 4,4% em relação a junho, e de 32,5% em relação a igual período de 2014. Mais da metade das famílias (51,5%) declararam estar com o nível de consumo menor que o do passado.
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A pressão grande na renda das classes mais baixas, puxada pelo tarifaço e pela alta no preço dos alimentos reflete essa queda na intenção de compra, diz Solimeo. Já nas classes mais altas, a insegurança impede de assumir compromissos de consumo de longo prazo, como a compra de imóveis, carros ou bens duráveis.
“Se a gente pegar os dados de serviços, dá para ver que (o indicador) também está caindo: o consumidor já corta idas ao cabeleireiro, ao restaurante... Tanto por falta de dinheiro como por medo de gastar”, afirma.
Para esse ano, economista reforça que não deve haver reversão no quadro – exceto a sazonal do último trimestre, puxada pela injeção do 13º salário na economia.
“Como disse um deputado, não vai dar para ver ‘nem vagalume’ no fim do túnel. Tirando o fator sazonal, o quadro é de desaceleração, mesmo. Se o ajuste (fiscal) andar, a economia também começa a andar, muito lentamente, a partir do segundo trimestre de 2016.”
*Com informações da Agência Brasil