Girondino quer abrir 150 cafés pelo país a partir de 2025

Estabelecimento centenário do Centro de São Paulo passa por reformulação da marca e pretende transformar sua loja matriz, na esquina da rua São Bento com a Boa Vista, em uma flagship

Mariana Missiaggia
03/Ago/2023
  • btn-whatsapp
Girondino quer abrir 150 cafés pelo país a partir de 2025

Uma nova identidade visual, mudanças no cardápio e produtos de marca própria fazem parte do processo de rebranding do Café Girondino, tradicional estabelecimento do Centro de São Paulo. Criado em 1875, na Praça da Sé, o negócio mudou para a esquina da rua São Bento com a Boa Vista em 1998, e agora se prepara para um ousado plano de expansão, com previsão de abertura de 150 lojas pelo país.

Partindo do desejo de ter uma flagship, André Boaventura, sócio e gestor do Girondino, tem se dedicado nos últimos meses a pesquisar referências e profissionais para nortear o novo momento do negócio, que assumiu em 2020.

Ele contratou a designer Claudia Lammoglia, com passagem pela Pinacoteca e responsável pela reformulação do Le Jazz. A designer vai retrabalhar a marca do Café, a comunicação visual, cardápios, uniformes, entre outros itens. 

Além das mudanças na decoração, o empresário quer resgatar a história do lugar, criar um empório, ter produtos de marca própria e oferecer novas experiências de bar com um investimento estimado em R$ 1,5 milhão.

Para além disso, pensando na importância que o estabelecimento tem para a vitalidade do Centro, Boaventura quer também se conectar com vizinhos e, possivelmente, articular futuras parcerias. 

Segundo ele, histórias como a do Café Girondino e da Mercearia Godinho, na rua Líbero Badaró, declarado patrimônio cultural da cidade, merecem ser perpetuadas e, de certa forma, ter sua experiência requalificada para retomar o protagonismo no triângulo histórico.

Para Boaventura, o momento é muito oportuno. Com a concessão do Martinelli, as obras do calçadão, o público retornando ao Centro e com uma série de ações acontecendo, a marca Girondino quer mostrar que está comprometida com essa requalificação.

Ao mesmo tempo em que repagina o negócio - do ambiente físico ao cardápio -, nos próximos seis meses o empresário se dedicará ao plano de expansão do Café Girondino. O desejo é inaugurar a flagship na data do próximo aniversário de São Paulo (25 de janeiro), e ter em mãos o planejamento da abertura de outras 150 lojas pelo país a partir de 2025.

"Um plano muito ousado e que está ancorado em perpetuar nossa matriz. Entendo que o Girondino precisa contar sua história e a do Centro de São Paulo em outros locais", diz.

Hoje, o arroz doce é a preparação mais clássica da casa. O famoso picadinho e o filé Oswaldo Aranha também fazem parte dessa nova identidade cada vez mais paulistana e que busca um equilíbrio entre passado e futuro.

"Esse momento do Centro nos inspira. Queremos resgatar um cardápio das antigas revivendo memórias do inícios do século 20".

O empresário recorda que o Girondino surgiu em uma época em que a gastronomia era muito clássica, mas em um período em que os chefs não eram muito valorizados e as cozinhas não tinham uma assinatura.

Recém-chegado ao Café, há dois meses, o chef Daniel prepara essa nova fase com a ajuda da chef Clarice Reichstul, a responsável por repensar o menu e trazer novas receitas ao Shoshana, restaurante judaíco do Bom Retiro.

Com uma das portas do Café voltada para uma uma galeria, o empresário quer estender as mesas do Girondino para o calçadão da São Bento. Para Boaventura, mais uma forma de transmitir segurança e tornar o entorno ocupado.

Acompanhando essa ideia, o desejo do empresário é ocupar pequenos pontos da região com quiosques do Girondino para trazer ainda mais fluxo e permanência em espaços como, por exemplo, o deque implantado entre as ruas São Bento e Líbero Badaró.

Deque na esquina da rua São Bento com a Líbero Badaró pode receber quiosque do Café Girondino

 

Outra mudança, que ficará a cargo do escritório de arquitetura Gurgel D'Alfonso, é a criação de uma nova fachada. A atual, segundo o empresário, hoje não condiz com a riqueza histórica do estabelecimento. Elementos que remetem ao Ciclo do Café e coberturas de toldo devem surgir em breve na entrada do Girondino.

Nesse processo de unir pesquisa, história e cultura, Boaventura retoma também a primeira função do prédio onde atualmente está o Café, que originalmente abrigava o Grande Hotel Paulista, inaugurado em 1 de outubro de 1889.

O Girondino está instalado no prédio onde originalmente funcionava o Grande Hotel Paulista, aberto em 1889 e reconhecido pela sua cozinha de alta qualidade 

 

A ideia é estudar essa história e aplicar traços arquitetônicos da época. Publicações históricas relatam um espaço com grandes candelabros a gás iluminando a entrada principal, escadas de mármore, quartos amplos e decorados com elegância. Citações da época também fazem referência ao restaurante do hotel, que era considerado excelente.

O prédio do Grande Hotel foi o primeiro prédio comercial no estilo neo-renascentista da cidade e é considerado o primeiro a se integrar à “revolução da verticalização” do Centro Velho, inaugurando a série de hotéis localizados em arranha-céus. Depois dele, surgiriam outros, também muito importantes para a hotelaria paulistana, como, por exemplo, o Hotel São Paulo e o Othon Palace Hotel.

O Diário do Comércio permite a cópia e republicação deste conteúdo acompanhado do link original desta página.
Para mais detalhes, nosso contato é [email protected] .

Store in Store

Carga Pesada

Vídeos

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Conversamos com Thaís Carballal, da Mooui, às vésperas da abertura de sua primeira loja física

Entenda a importância de planejar a sucessão na empresa

Especialistas projetam cenários para o pós-eleições municipais