Gasto com tecnologia para propaganda vai crescer 60% até 2029, aos US$ 43 bi

Privacidade é a maior preocupação dos usuários, segundo pesquisa da empresa de inteligência de mercado Juniper Research

Victor Marques - DC News
29/Out/2024
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Gasto com tecnologia para propaganda vai crescer 60% até 2029, aos US$ 43 bi

Cada vez mais as empresas estão fugindo dos métodos tradicionais de propaganda e migrando para o digital. A consequência disso é um crescimento do mercado global de tecnologia para propaganda, também chamado de AdTech. Ele pode chegar ao valor de US$ 27,2 bilhões até o fim deste ano, segundo a empresa de inteligência de mercado Juniper Research. E não para por aí.

Até 2029, o mercado pode crescer 60%, chegando a um valor de US$ 43,5 bilhões, impulsionado por tendências como retail media, televisões conectadas, DOOH (digital fora de casa), celulares e mídia online no geral. Segundo o relatório, com esse aumento exponencial da mídia digital – que vai além do computador e do celular – o usuário está preocupado com sua privacidade.

A pesquisa descobriu que o aumento das preocupações com a privacidade dos consumidores exigirá que as plataformas de AdTech implementem métodos de coleta de dados mais conscientes em relação à privacidade e aumentem a transparência em torno da análise de dados. Para que isso funcione, a palavra-chave é relevância.

O estudo identificou que a coleta e análise de dados em tempo real são cruciais para que as plataformas identifiquem as audiências mais relevantes para seus conteúdos de forma eficaz, o que não é tão simples. Isso se torna mais desafiador à medida que novas regulamentações de privacidade de dados surgem.

Alexander Coelho, especialista em direito digital e proteção de dados e sócio do Godke Advogados, lembra que, no Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece diretrizes rigorosas para a coleta e o processamento de dados pessoais, incluindo informações coletadas em tempo real. “A lei exige que a coleta de dados seja feita com um propósito claramente definido e com o consentimento do usuário.” Isso inclui dados de comportamento de navegação, preferências e interações, frequentemente usados para análise de audiência em plataformas digitais.

Esse cenário apresenta desafios para empresas que dependem de dados em tempo real para moldar a experiência do usuário.

Por outro lado, as empresas ainda têm algumas alternativas para realizar essa análise de forma ética e conforme a lei. Por exemplo, podem investir na anonimização e pseudonimização dos dados. Uma técnica que ajuda a reduzir os riscos. Também podem se apoiar na base legal de legítimo interesse quando a coleta em tempo real se alinha às expectativas razoáveis do usuário e está devidamente documentada. “É fundamental realizar uma Avaliação de Impacto à Proteção de Dados (DPIA) para confirmar que o uso desses dados respeita os direitos dos titulares e minimiza os riscos”, afirmou Coelho.

Para superar esse desafio, o relatório também sugere que as plataformas invistam em formas seguras de coletar dados diretamente dos próprios usuários (first party data). Outra alternativa são os IDs derivados de autenticação, que usam dados obtidos com o consentimento do usuário em momentos de registros em websites ou outros acessos.

Além disso, é recomendado que as plataformas de AdTech devem trabalhar junto das plataformas de dados de clientes, como os CRMs, visando ter informações atualizadas sobre as preferências dos usuários.

Segundo a autora do relatório da Juniper Research, Molly Gatford, comentou que, à medida que as plataformas de AdTech integram IA à segmentação de audiências, elas devem garantir que os algoritmos processem dados apenas de usuários que deram consentimento explícito.

“Isso é crucial para criar uma proposta de alto valor para anunciantes”, afirmou. “É necessário, cada vez mais, maximizar o retorno sobre o investimento em anúncios em um mundo cada vez mais consciente da privacidade.”

 

IMAGEM: Freepik

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