FHC: impedimento da presidente é o caminho
"Tão doloroso quanto o impeachment é a assistir ao desfalecimento da economia e da sociedade", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que antes pedia a renúncia de Dilma

"Com a incapacidade que se nota hoje de o governo funcionar, de ela (Dilma) resistir e fazer o governo funcionar, eu acho que agora o caminho é o impeachment", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
FHC disse que mudou gradativamente de posição. Defendia que a presidente Dilma Rousseff renunciasse, em um "gesto de grandeza", como afirmou ao jornalista Alberto Bombig, autor da entrevista.
"Tão doloroso quanto o impeachment é a assistir ao desfalecimento da economia e da sociedade", disse.
Para o ex-presidente, as instituições brasileiras estão mais sólidas do que na época do impeachment do ex-presidente Fernando Collor (1992) e, por isso, não deve haver temor de retrocesso institucional. E se o afastamento se concretizar, segundo ele, assumirá o vice-presidente Michel Temer -com provável apoio do PSDB.
"O PSDB tem de perguntar ao presidente o que ele vai fazer com o País. Se estiver de acordo, tem apoiar", declarou FHC, ao acrescentar que o país quer a continuidade da Lava Jato, soluções para as questões econômicas e respeito à institucionalidade.
Na mesma entrevista, o ex-presidente se declarou chocado com as revelações das conversas telefônicas de Lula e seus aliados no governo, liberadas pelo juiz Sergio Moro:
"O que mais me chocou nesses áudios (...) foi o baixo teor do palavreado e o tipo de atitude revelado através deles. Não têm nada de republicano, nada de democrático, é uma coisa de chefe de bando", disse.
FOTO: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo