Dia Nacional da Cachaça: cachaçarias são 1,2 mil, e bebida vai para 76 países

Produção em 2023 chegou a quase 226 milhões de litros, mais de 1 litro por habitante, segundo o Ibrac

Bruna Galati - DC News
13/Set/2024
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Dia Nacional da Cachaça: cachaçarias são 1,2 mil, e bebida vai para 76 países

Nesta sexta-feira (13/09) é comemorado o Dia Nacional da Cachaça, uma data instituída pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) em 2009. E o mercado da bebida segue firme em crescimento. Segundo o Anuário da Cachaça 2024, do Ministério da Agricultura e Pecuária, o número de cachaçarias cresceu: em 2023 eram 1.217, e em 2022, 1.129, alta de 7,8%.

De 2019 para 2023, o salto foi de 36%. Em termos de produção, foram 225,7 milhões de litros – o que dá mais de 1 litro por habitante – e apenas 0,6% disso é vendido no exterior.

Para Delfino Golfeto, fundador e presidente da rede de restaurantes-cachaçarias Água Doce, o crescimento do mercado está associado à forte retomada dos hábitos presenciais e à economia aquecida, mas também guarda relação com novos comportamentos.

“O brasileiro tem buscado maior qualidade e diversificação das bebidas”, disse.

Buscar produtos premium dentro de um universo que é identidade nacional. Acredita-se que a popular bebida, conhecida por mais de 3 mil nomes – de pinga a branquinha -, está presente no Brasil desde o século 16.

O Ibrac diz que, embora não hajam registros precisos, ela é considerada a primeira bebida destilada da América Latina, antes mesmo do aparecimento do pisco, do rum e da tequila. A destilação da mistura fermentada de cana-de-açúcar teve início por volta de 1520.

Os cinco estados brasileiros que mais concentram cachaçarias são Minas Gerais (504), São Paulo (169), Espírito Santo (81), Santa Catarina (68) e Rio de Janeiro (65). Elas estão presentes em 25 dos 26 estados e Distrito Federal – só não existe produção no Amapá e em Roraima.

A tradição mineira se confirma no número de cachaçarias registradas, com 41,4% do total de estabelecimentos no país. Salinas, em Minas Gerais, se destaca como a cidade com o maior número de cachaçarias, abrigando 24 endereços.

Apesar da fama da bebida, o setor não tem um papel de destaque na geração de empregos. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a fabricação de aguardente de cana-de-açúcar empregou diretamente 6,3 mil pessoas em 2023, representando 4,7% dos 134 mil empregos gerados pela indústria de bebidas.

Por outro lado, o número de marcas é expressivo. Em 2023, havia 10.526 marcas registrados no ministério, 16% mais que as 9.074 de 2022. Minas Gerais novamente aparece liderando: 4.341 registros. 

MARKETING

No recorte exportações, o volume financeiro foi de US$ 20,2 milhões, em 2023, praticamente estável em relação a 2022, quando US$ 20 milhões foram exportados – a alta foi de 1%. Mas nos últimos seis anos, o crescimento foi de 29%. De acordo com o Anuário, a cachaça brasileira manteve presença em 76 países em 2023.

Em termos de mercado, os dez maiores compradores de cachaça brasileira (em volume financeiro) foram, pela ordem, Estados Unidos, Itália, Portugal, Paraguai, Alemanha, Uruguai, França, Holanda, Espanha e Reino Unido. Golfeto diz que o Brasil poderia explorar melhor o consumidor externo.

“Falta um trabalho mais forte de marketing e comunicação para consolidar a boa visão que a bebida tem em outros mercados”, avalia. 

Golfeto é fundador e presidente da rede de cachaçarias Água Doce Sabores do Brasil

ENTREVISTA

Delfino Golfeto fundou em 1990 em Tupã, interior de São Paulo, a rede de restaurantes-cachaçarias Água Doce Sabores do Brasil. Em 1993, abriu a primeira unidade franqueada e em 2013 recebeu da Associação Brasileira de Franchising o prêmio de Franqueador do Ano.

Hoje são 80 endereços da marca localizados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que oferecem 60 tipos de cachaça e comidas típicas brasileiras.

DC NEWS – O que impulsionou o mercado produtor de cachaça no Brasil?

Esse crescimento está associado tanto ao aumento da renda da população, com a diminuição do desemprego, à forte retomada dos hábitos presenciais, especialmente as confraternizações, e à busca do brasileiro por uma maior qualidade e diversificação das bebidas, no qual a cachaça mantém um papel importante.

Produtos premium são a bola da vez?

Sim. O consumidor está buscando por um produto mais premium e artesanal, não de prateleira, com novas opções de rótulos. Isso enriquece a cultura que envolve esse produto tão brasileiro.

Sobre o mercado internacional, como avançar?

O mercado internacional de destilados é muito concorrido, é um jogo com grandes players e investimentos. Falta um trabalho mais forte de marketing e comunicação para consolidar a boa visão que a bebida tem em outros mercados externos.

A empresa tem planos de novas frentes de negócios?

Hoje temos 80 unidades em sete estados, e nos consolidamos em cidades interioranas do país, ofertando uma gastronomia baseada na cultura brasileira. O próximo passo é ampliar a rede para ingressar em shopping centers. Com forte atuação com os restaurantes de rua, enxergamos uma oportunidade de levar o DNA de interior e casual dinner para dentro desse formato de empreendimento.

Quando essas novas lojas serão abertas?

Até o fim de 2025 são esperadas seis operações situadas em centros comerciais. Estes espaços se transformaram em locais de confraternização e descontração, indo além da tradicional praça de alimentação e lojas de vestuário, por exemplo.

O que diferencia a Água Doce de outras cachaçarias no Brasil?

A Água Doce foi precursora de um conceito de casual dining verdadeiramente brasileiro, que valoriza tanto a gastronomia quanto bebidas autênticas nacionais, com destaque para a cachaça. Nossos restaurantes apresentam pratos típicos com um toque caseiro e regional, porções generosas, drinques criativos com ou sem álcool, além de uma seleção das 60 melhores cachaças brasileiras.

FOTOS: Freepik e Bruno Marconato

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