Dezembro começa com movimento fraco na rua 25 de março
O mês das compras ainda não engrenou no maior shopping a céu aberto da América Latina. Para Emilio Alfieri, economista da ACSP, Black Friday colaborou para a queda

Dezembro, o mês mais esperado do ano, parece ainda não ter chegado para os comerciantes da rua 25 de março.
É verdade que está só começando, e que a expectativa de melhorar as vendas existe, mas o cenário à vista até agora é motivo de preocupações.
O maior shopping a céu aberto da América Latina mostra um movimento muito menor do que o que se verificou no mesmo período em anos anteriores.
A tradicional rede de lojas Armarinhos Fernando – com quatro unidades na rua 25 de março e uma na rua Carlos de Souza Nazareth, na mesma região -, tem espaços à vontade para quem quer fazer suas compras.
Conhecida por vender cosméticos, material escolar, brinquedos e utilidades domésticas, no atacado e no varejo, e também por ficar abarrotada de gente em datas comemorativas, como o Dia das Crianças, Natal, Ano Novo, e por vender material escolar como se fosse água no início do ano letivo, a Armarinhos Fernando, na avaliação de seu gerente, torce por dias melhores.
“O mês de dezembro não começou bem. As vendas caíram 10% em relação ao mesmo período do ano passado. O interessante é que em novembro o movimento foi um pouco melhor”, diz Derivaldo dos Santos, gerente de uma das lojas da rede.
O funcionário conta que no mesmo período de 2015 a loja atraía três mil clientes por dia. Hoje, esse movimento não passa de dois mil. O gasto médio por cliente também caiu, de R$ 80,00 para R$ 50,00.
Um outro aspecto que serve para mostrar que o consumidor anda desconfiado e sem ânimo para gastar chamou a atenção de Santos.
“Em outros anos era comum clientes chegarem aqui dispostos a gastar R$ 20 mil, ou até mais com brinquedos para as crianças carentes. Muitas vezes o dinheiro gasto era resultado de uma lista de doações passada no bairro. Hoje isto não existe mais”, afirma.
A Global Shoes, também na rua 25 de março, que vende sapatos, malas e bolsas, é outro estabelecimento comercial que teve movimento fraco neste início de dezembro.
“Sou gerente aqui há 10 anos. Este é o início de dezembro mais fraco que eu já vi”, afirma Fernando Galhardo. Ele contabiliza uma queda de 20%.
A torcida é para que a situação melhore a partir do dia 20 de dezembro, data limite para que as empresas depositem a segunda parcela do 13º salário.
Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), lembra que os números mostrados pelos lojistas da rua 25 de março comprovam que as previsões feitas pelo entidade estavam corretas.
“A ACSP já havia alertado que a recuperação da economia está sendo mais lenta do que se esperava quando houve a troca de presidente”, afirma.
Na avaliação do economista, as promoções proporcionadas pela Black Friday, que este ano foi no dia 25 de novembro, também colaboraram para a queda de movimento.
Segundo Alfieri, depois da Black Friday, os consumidores foram às compras com menos volúpia neste início de dezembro.
“Houve uma perda de intensidade nas compras. Muita gente usou a primeira parcela do 13º salário para aproveitar as ofertas da Black Friday”, diz.
Mesmo com a queda no consumo mostrada neste início de dezembro, ele não acredita que o movimento no Natal será tão ruim para os comerciantes como ocorreu no ano passado.
“O Natal de 2015 foi o pior desde que o Plano Real foi lançado”, afirma. Uma saída, de acordo com o economista, é o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, baixar os juros.
Só que a próxima reunião para avaliar se a taxa Selic deve ser reduzida ou não, está marcada para 10 e 11 de janeiro de 2017, portanto, após o término das festas de fim de ano.
Enquanto a redução dos juros não chega -se é que haverá a curto prazo-, a esperança é que os clientes resolvam ir às compras após o pagamento da segunda parcela do 13º salário.
FOTOS: Wladimir Miranda/Diário do Comércio