Confiança do brasileiro atinge pessimismo sem precedentes

Pela primeira vez desde que foi criado, em 2005, Índice Nacional de Confiança da ACSP entra no campo pessimista. Do total de entrevistados, 53% estão inseguros no emprego

Redação DC
10/Ago/2015
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Confiança do brasileiro atinge pessimismo sem precedentes

O Índice Nacional de Confiança (INC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), medido pelo Instituto Ipsos, registrou 84 pontos em julho, uma queda de 16 pontos com relação a junho. 

Trata-se do pior resultado desde o início da série histórica da pesquisa, em abril de 2005. Em julho de 2014, o INC marcou 144 pontos, ou 60 pontos acima do atual.

Pela primeira vez, o índice fica abaixo dos 100 pontos. No indicador, os valores acima de 100 pontos significam otimismo. Abaixo disso, indica pessimismo. A pesquisa foi realizada entre 15 e 31 de julho em todas as regiões brasileiras. 

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“A economia não piorou tanto de um mês para o outro. Portanto, o INC indica que, além dos fatores macroeconômicos, a crise política também tem alterado a percepção do brasileiro, que está perdendo a confiança. Os poderes precisam achar um consenso a respeito do que fazer no Brasil para superar essas crises", analisa Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo).  

PESSIMISMO GENERALIZADO

Também pela primeira vez a confiança de todas as regiões brasileiras e todas as classes socioeconômicas ficaram no campo do pessimismo. Diferentemente dos outros meses de 2015, em julho, o Sul foi a região mais pessimista com 67 pontos, ante 100 pontos em junho.

A queda acentuada pode ser explicada pelos eventos climáticos adversos, que prejudicaram a economia local, e pela situação das finanças no Rio Grande do Sul. 

Nas demais áreas, foram registrados 83 pontos no Sudeste (90 em junho), 90 no Norte/Centro-Oeste (109 em junho) e 93 no Nordeste (111 em junho).

As classes A e B continuaram sendo as mais pessimistas em julho, com INC de 75 pontos ante 81 no mês anterior. A classe C marcou 85 pontos (103 em junho).

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Já as classes D e E assinalaram 89 pontos (ante 109) - parcelas da população são mais sensíveis às elevações dos preços e da taxa de desemprego. 

“Apesar de ter mais condições de compra, as classe A e B são as mais pessimistas. Então, realmente não é apenas uma questão econômica que está afetando os consumidores brasileiros: há um fator político que está pesando muito. E isso contribui para aumentar a incerteza.” 

FUTURO INCERTO

Quando questionados se sua atual situação financeira é ruim, 49% dos entrevistados responderam afirmativamente. Em relação às perspectivas futuras, 34% disseram acreditar que sua situação financeira vai melhorar – há um ano eram 48%. Por outro lado, 32% acreditam que irá piorar, contra 13% há um ano. 

Outro ponto abordado pela pesquisa, a segurança no emprego, apresentou piora: em julho, 53% dos entrevistados estavam inseguros no emprego, enquanto apenas 18% estavam seguros. 

Uma média de 4,31 pessoas conhecidas dos entrevistados perderam o emprego nos últimos seis meses (sobre 3,81 em junho).
“O aumento coincide com os números de desemprego do IBGE”, ressalta o presidente da ACSP.

Por conta de tudo isso, apenas 18% dos entrevistados se disseram mais à  vontade para comprar eletrodomésticos, ante 60% menos à vontade

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Quando se avaliou a intenção de comprar bens de maior valor (casas e automóveis), os resultados foram parecidos: 14% mais à vontade, e 66% menos à vontade.

“As pessoas não querem se endividar porque temem perder o emprego a qualquer momento, até mesmo porque cresce o número de conhecidos que estão sem trabalhar. Acima de tudo, estão os juros mais altos e a concessão de crédito, mais rigorosa”, diz Burti. 

Por fim, a pesquisa perguntou como as pessoas analisam sua capacidade de investir no futuro, incluindo capacidade de economizar: 55% estavam pouco confiantes para investir no futuro e, 20%, confiantes.

Para o presidente da ACSP, esses números estão “em sintonia com os saques que a poupança tem sofrido.” 

Foto: Thinkstock     Arte: William Chaussé 

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