Comércio paulistano segue no vermelho
O ritmo do recuo, porém, está sendo reduzido. Para Alencar Burti, presidente da ACSP, a recuperação do varejo deve vir com a redução dos juros

Os números que mostram a saúde do varejo da capital paulista ficaram no vermelho nesse primeiro bimestre, apontando queda de 5,8%, mas revelam uma situação um pouco menos crítica se comparados ao mesmo período do ano passado, quando o recuo foi de 13,9%, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Um ano atrás, havia um cenário político muito mais conturbado, com o encaminhamento do impeachment trancando outras pautas no Congresso. Além disso, os juros estavam em nível mais elevado. Esses fatores estão mais controlados atualmente e, mesmo que de maneira marginal, ajudam na recuperação das vendas.
Mas há outros indicadores de extrema importância para o varejo que ainda preocupam, caso do desemprego, que atinge quase 13 milhões de pessoas, assim como a dificuldade de acesso ao crédito e a queda da massa salarial. Sem a recuperação desses fatores, o consumo permanecerá travado.
Para Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), esse cenário só vai mudar com a redução mais acentuada da taxa básica de juros, a Selic. "As retrações estão perdendo força e o desempenho do varejo vai melhorar se o Banco Central continuar derrubando a taxa básica de juros e repassar essa queda para o consumidor”, diz Burti.
A expectativa do presidente da ACSP é que a partir do segundo semestre os fatores macroeconômicos que ainda exigem atenção comecem a melhorar, permitindo que as vendas do varejo paulistano saiam do negativo.
A comparação entre o primeiro bimestre deste ano com o de 2016 mostra que as vendas a prazo recuaram 6,1% e aquelas feitas à vista caíram 5,5%. A média dessas duas modalidades resulta no recuo de 5,8%.
Já na comparação entre fevereiro deste ano e igual mês do ano passado, a queda nas vendas a prazo foi de 8,4%, enquanto as vendas à vista recuaram 4,8%. Emilio Alfieri, economista da ACSP, lembra que neste ano fevereiro teve um dia útil a menos, o que afeta negativamente o resultado.
O mesmo acontece na comparação entre janeiro e fevereiro deste ano, este último mês com três dias úteis a menos. As quedas nessa comparação foram de 6,3% para as vendas a prazo e 8% para aquelas à vista.
Para Alfieri, o Carnaval, embora este ano tenha registrado o fenômeno da proliferação dos bloquinhos, que reteve o paulistano na cidade, contribui pouco para as vendas gerais do varejo. “Bares e restaurantes vendem mais com o Carnaval, o que não acontece com a maior parte do varejo. Os bloquinhos podem ter ajudado um pouco na comercialização de vestuários”, diz o economista.
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