Carnaval abre alas para os impostos passarem
Produtos cujo consumo cresce nesta época do ano, como bebidas alcoólicas e adereços, têm tributação que pode superar 80% de seus preços
Levantamento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), com base em dados do Impostômetro, mostra que a carga tributária de produtos largamente consumidos no Carnaval pode superar os 80%. Esse é o caso da cachaça, bebida que tem embutido em seu preço 81,9% de tributos.
De modo geral, as bebidas alcoólicas, que crescem em venda nesta época do ano, são bastante tributadas. Mas o peso dos impostos afeta outros itens típicos do Carnaval. Do preço das máscaras de plástico, por exemplo, 43,93% equivalem a impostos embutidos. Na fantasia de tecido, são 36,41%.
Segundo João Eloi Olenike, presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), responsável pelo levantamento de dados do Impostômetro, os tributos de produtos comumente consumidos no Carnaval são elevados por se tratarem de itens considerados supérfluos ou prejudiciais à saúde pelo legislador.
"Além disso, no Brasil a tributação é muito concentrada no consumo, o que eleva os preços dos produtos para o consumidor final e, muitas vezes, impede que este consuma mais e melhor", diz Olenike.
Embora mercadorias consideradas supérfluas apareçam no topo da lista da tributação, a mão pesada do Fisco também chega às passagens aéreas e bilhetes de viagens, que apresentaram um salto tributário ao longo dos anos, passando de 9,25%, em 2019, para 22,32% neste ano, segundo a ACSP.
De acordo com Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP, “essa situação pode ser atribuída à elevada demanda por viagens que não foi acompanhada por uma oferta suficiente de voos.”
Confira na tabela o percentual de tributos embutidos nos preços de itens típicos de carnaval:
IMAGEM: Patrícia Cruz/DC