Brasileiro inicia 2017 pessimista
O Índice Nacional de Confiança, da ACSP, mostra que desde dezembro do ano passado o otimismo da população só recuou
As perspectivas de melhora na economia parecem que ainda não foram sentidas pelo brasileiro, que tem se mostrado pessimista nesse início de ano. Em fevereiro, o Índice Nacional de Confiança (INC) registrou a terceira queda mensal seguida. O indicador apontava 79 pontos ao final de 2016, caiu para 77 pontos em janeiro e agora marca 74.
O INC é elaborado mensalmente pelo Instituto Ipsos a pedido da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Em sua elaboração são ouvidos 1,2 mil entrevistados de diferentes regiões do país. O Índice varia de zero a 200 pontos, sendo que pontuações abaixo de 100 denotam pessimismo.
A avaliação do brasileiro em relação as suas finanças pessoais piorou. Em janeiro, 53% dos entrevistados consideravam a própria situação financeira ruim, sensação apontada por 54% dos ouvidos no levantamento de fevereiro.
O que preocupa é o fato da perspectiva futura também estar piorando. Ainda com relação às finanças pessoais, quando perguntado se em seis meses ela estará melhor ou pior, 35% responderam que irá melhorar. Em janeiro, eram 38% que tinham essa sensação mais otimista.
Também caiu de 17% para 16% o número de pesquisados que se mostraram dispostos a realizar compras de valor médio para a casa, como um fogão ou uma geladeira. De maneira semelhante, recuou de 21% para 20% o número de pessoas que acreditam serem capazes de economizar para investir, se aposentar ou aplicar no estudo dos filhos.
Muito do pessimismo se explica pela situação do emprego. A sensação de possibilidade de perda do emprego atinge 51% dos entrevistados, sendo que aqueles que se sentiam confiantes com a estabilidade na empresa, que eram 20% em janeiro, agora em fevereiro são 19%.
Uma média entre os entrevistados mostra que eles conhecem 5,87 pessoas que perderam o emprego nos últimos tempos.
“A confiança do brasileiro está estabilizada em nível baixo. Ele espera mais sinais da economia e do governo, e mudanças concretas, que deem segurança para voltar a gastar”, diz Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Para Burti, a liberação das contas inativas do FGTS pode ser um sinal nesse sentido. “A população já cortou gasto, trocou marcas de produtos, fez tudo o que pôde. O saque do FGTS poderá melhorar a impressão sobre a situação financeira do consumidor e a disposição para compras, ajudando a confiança a subir. Resta saber o tamanho do impacto que terá no INC nos próximos meses”, diz o presidente da ACSP.
POR CLASSES SOCIAIS
As classes de renda menor começaram 2017 mais pessimistas pelos dados do INC. Na passagem de janeiro para fevereiro, o recorte do Índice de Confiança para a classe D/E mostra recuo de 79 pontos para 74 pontos.
No caso da classe C, o recuo foi de 79 pontos para 75. Já a classe A/B, embora seja a menos otimista historicamente, registrou elevação no indicador, que nessa mesma comparação avançou de 65 pontos para 68 pontos.
POR REGIÕES
A confiança oscilou bastante em algumas regiões. Segundo a ACSP, as recentes crises penitenciárias em presídios das regiões Nordeste e Norte do Brasil fizeram despencar o INC dos consumidores locais.
Na passagem de janeiro para fevereiro, a confiança do nordestino bateu recorde de baixa, passando de 69 pontos para 58 – foi o menor valor registrado na região desde que o levantamento começou, em abril de 2005.
No grupo formado pelas regiões Norte/Centro-Oeste, o INC caiu de 99 para 89 pontos.
"Alguns fatores explicam essa queda, como a seca, as dificuldades financeiras dos governos, a crise de segurança em estados dessas regiões. Nessa situação, as pessoas deixaram de sair nas ruas, de movimentar o comércio e a cidade. A rotina foi alterada. Além disso, cenas como ônibus incendiados e massacres afetaram diretamente a sensação de segurança dos consumidores, deixando-os mais pessimistas", diz Burti.
No Sudeste, houve leve melhora, de 72 pontos em janeiro para 74 em fevereiro. A confiança do Estado de São Paulo foi na contramão e encolheu quatro pontos (de 70 para 66).
No Sul, segundo a ACSP, o ânimo em relação à safra agrícola e a possibilidade de equacionar as contas públicas no Rio Grande do Sul levaram a uma alta significativa, com INC passando de 80 para 86.
ÍNDICE NACIONAL DE CONFIANÇA DO CONSUMIDOR - BRASIL
ACSP INC Onda143 Fevereiro2017 by diariodocomercio on Scribd
ÍNDICE NACIONAL DE CONFIANÇA DO CONSUMIDOR - SÃO PAULO
ACSP INC Sao Paulo Onda143 Fevereiro 2017 by diariodocomercio on Scribd
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