BNDES: crédito para comércio e serviços soma R$ 11 bi no semestre, alta de 70%
Os recursos voltados às micro, pequenas e médias empresas também avançaram, chegando a R$ 29,3 bilhões, alta de 53,2%
Ao divulgar os resultados do primeiro semestre – lucro líquido recorrente de R$ 7,2 bilhões (crescimento de 94% sobre 2023) –, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que as operações de crédito para o segmento de comércio e serviços aumentaram 70% na mesma base de comparação, para R$ 11,4 bilhões. No caso de micro, pequenas e médias empresas (MPME) de todos os setores, as aprovações somaram R$ 29,3 bilhões, alta de 53,2%, a terceira seguida. Foi um “balanço consistente”, resultado de “gestão responsável e transparente”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Segundo o diretor Financeiro de Mercado de Capitais da instituição, Alexandre Abreu, as cooperativas de crédito têm se destacado no repasse de recursos do BNDES. Isso explica por que estamos tão fortes no apoio às MPME e no crédito rural, dois grupos atendidos pelas cooperativas”, afirmou Abreu em entrevista à imprensa, na terça-feira (13). No dia 30 de junho, a carteira total de crédito atingiu R$ 530,2 bilhões, maior valor dos últimos seis anos. Enquanto as aprovações de crédito totalizaram R$ 64,9 bilhões (mais 79% sobre igual período de 2023), os desembolsos atingiram R$ 49,3 bilhões (21%).
O presidente da instituição, Mercadante, afirmou ainda que o BNDES está aumentando o volume de recursos destinados ao Tesouro Nacional e que a instituição dará uma “grande contribuição” ao esforço fiscal do Ministério da Fazenda, ao repassar quantia inédita de dividendos. “Vamos transferir, este ano, mais de 100% do lucro que nós tivemos no ano passado para o Tesouro Nacional. Já nos comprometemos com 75% e iremos além de 100% de transferência do nosso resultado”, disse. “O banco está transferindo parte de seu capital. Herdamos uma situação fiscal muito deteriorada.” Dessa forma, o volume, em discussão com a Fazenda, irá superar os R$ 15 bilhões em dividendos que já haviam sido definidos. Apenas em tributos, deverão ser destinados mais R$ 6 bilhões.
JUROS
Com isso, Mercadante espera colaborar para a redução da taxa básica de juros, atualmente mantida em 10,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). “Precisamos baixar esses juros, e estamos dando uma grande contribuição.” No entanto, no mesmo dia (terça 13) em que o BNDES divulgava seus resultados o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participava de audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Nesse encontro, o presidente do BC reafirmou a disposição da autoridade monetária em elevar os juros, caso considere uma medida necessária. Isso já havia sido salientado na ata divulgada pelo Copom, na semana passada. “Em relação à possibilidade de subir os juros, ontem (segunda-feira, 12) houve duas falas de diretores apontados por esse governo que vão fazer o que tiver de fazer para a inflação atingir a meta. E, se tiver de subir os juros, é isso que vai ser feito”, disse Campos Neto.
Um desses diretores foi Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cotado para ser o próximo presidente do BC. Na semana passada, ele afirmou que todos os integrantes do Copom “estão dispostos a fazer o que for necessário para cumprir a meta (de inflação)”. A meta é de 3% ao ano, com tolerância de até 1,5 ponto porcentual – o limite, portanto, seria de 4,5%. E o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses bateu exatamente no teto, segundo a divulgação mais recente, referente a julho, feita pelo IBGE. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de setembro.
IMAGEM: Paulo Pampolin/DC