Atacadão acelera transformação digital de olho na experiência do cliente
A rede, que completa 63 anos, passou a usar inteligência artificial para personalizar ofertas, prever demandas e ajustar preços de forma dinâmica. Marco Oliveira, CEO da empresa, fala sobre essas e outras iniciativas

A expansão dos atacarejos reflete uma mudança no comportamento de compra dos brasileiros, que cada vez mais optam por estabelecimentos que oferecem economia, sem abdicar da variedade de produtos. A frequência de consumidores das camadas de menor renda nos atacarejos aumentou de 56,6% para 63% entre março de 2023 e março de 2024, segundo estudo da NielsenIQ (NIQ).
O Atacadão, do Grupo Carrefour Brasil, é a rede que lidera a expansão do segmento. A empresa completa 63 anos com um total de 382 lojas e 36 unidades de atacado de entrega e centros de distribuição, alcançando 95% dos municípios do Brasil.
Com foco em estratégias regionais, modernização das unidades, digitalização, inclusão de novos serviços e iniciativas sustentáveis, a empresa, com seus 76 mil colaboradores, figura entre as 50 marcas mais valiosas do país.
Para detalhar todos esses pontos, o Diário do Comércio conversou com Marco Oliveira, CEO do Atacadão. Confira a entrevista:
Diário do Comércio - O Atacadão está em 95% dos municípios do país. Como é feito o estudo para novas unidades?
Marco Oliveira - Somos a única rede de atacarejo presente em todos os estados brasileiros, com 382 lojas de autosserviço e 36 unidades de atacado de entrega e centros de distribuição. Essa capilaridade nos permite atender de forma eficiente tanto a pequenos comerciantes e empreendedores quanto aos consumidores finais. Além disso, o Atacadão se destaca pela resiliência em cenários econômicos desafiadores, oferecendo soluções reais para quem precisa economizar ou controlar custos no dia a dia. A escolha de novas unidades é baseada em estudos detalhados que avaliam diversos critérios estratégicos, incluindo as oportunidades de levarmos a proposta de valor do Atacadão à região escolhida, que é promover impacto positivo na economia local por meio da venda de produtos de qualidade a preços justos e por meio da geração de empregos diretos e indiretos.
Depois da aquisição pelo Carrefour, em 2007, o que mudou no dia a dia do Atacadão?
O Atacadão foi fundado em 1962, na cidade de Maringá (PR). A aquisição pelo Grupo Carrefour Brasil foi um marco na nossa história. Desde então, intensificamos a expansão nacional, investimos em tecnologia, logística e estrutura operacional, além de diversificarmos o portfólio. Com isso, ganhamos escala, presença e eficiência.
Quais foram as melhorias no quesito inovações e experiências para o cliente?
O Atacadão tem acelerado sua transformação digital para oferecer uma experiência de compra moderna, conveniente e personalizada. A rede vem adotando tecnologias que ampliam o acesso e melhoram a jornada do cliente, tanto no ambiente físico quanto digital.
Essa transformação vai além dos canais de venda. Utilizamos algoritmos e inteligência artificial para personalizar ofertas com base nos hábitos de consumo dos clientes, prever demandas com mais precisão e ajustar preços de forma dinâmica.
A digitalização também trouxe ganhos logísticos. Com tecnologia integrada, conseguimos gerenciar estoques de forma mais inteligente, evitar perdas e garantir que os produtos certos estejam disponíveis nos momentos adequados. Com isso, fortalecemos tanto a operação quanto o relacionamento com o cliente.
Pode citar exemplos?
Sim. O aplicativo Meu Atacadão, lançado em 2024, já soma mais de 5 milhões de usuários e oferece promoções personalizadas, descontos e benefícios que estimulam a fidelização. Além disso, mais de 2 milhões de clientes recebem ofertas e realizam pedidos pelo WhatsApp, canal de venda direta que está sendo expandido para todas as unidades.
Já o e-commerce do Atacadão está presente em 250 lojas com opções de entrega ou retirada. O self-checkout, já disponível em 192 lojas, também promove agilidade e autonomia ao cliente no momento da compra.
O que leva um consumidor a um atacarejo?
O modelo de atacarejo conquistou o consumidor brasileiro por unir economia, praticidade e diversidade de produtos em um único ambiente. No Atacadão, entendemos que, mais do que preços atrativos, é essencial oferecer uma experiência de compra eficiente e alinhada às necessidades de microempreendedores, comerciantes e consumidores finais.
Por isso, investimos continuamente em melhorias para tornar a jornada mais conveniente. Implementamos balanças de hortifrúti nos caixas, pontos de autoatendimento para reduzir o tempo nas filas e soluções digitais que facilitam o processo de compra, como o e-commerce e o aplicativo Meu Atacadão. Também oferecemos facilidades, como o recebimento de vale-alimentação e parcerias com aplicativos de entrega, ampliando o acesso às nossas ofertas.
Além disso, estamos modernizando nossas lojas com serviços adicionais como padaria, açougue, frios e fatiados e estações de recarga para carros elétricos, reforçando o compromisso com a conveniência e a sustentabilidade. Tudo isso contribui para criar um vínculo duradouro com nossos clientes, garantindo que encontrem não apenas preços baixos, mas também qualidade, agilidade e uma experiência de compra completa.
O que é feito no sentido da sustentabilidade?
Sustentabilidade é um dos nossos pilares. Atuamos com foco na redução e recuperação de resíduos, uso eficiente de energia, logística reversa e iniciativas que promovem impacto positivo nas comunidades onde estamos presentes. Também temos um compromisso contínuo com práticas responsáveis em toda a cadeia de valor.
Assim como outros supermercados, por que o Atacadão não atua com marcas próprias? Isso não seria uma boa estratégia para preços mais acessíveis?
Nossa estratégia está focada em oferecer um sortimento competitivo por meio de parcerias com fornecedores nacionais e, principalmente, regionais. Isso significa que produtos e marcas disponíveis em São Paulo, por exemplo, podem ser diferentes daqueles encontrados na Bahia ou em outros estados.
Essa abordagem permite que valorizemos a produção local, contribuindo para o fortalecimento da economia regional, além de oferecer aos clientes um mix de produtos, alinhado com os hábitos e preferências de consumo de cada região. Além disso, trabalhar com marcas locais nos dá mais agilidade, proximidade com os fornecedores e maior competitividade em preço.
Como o Atacadão encara a expansão de outros atacarejos em São Paulo, como a do Max Atacadista e do Spani, por exemplo?
A concorrência é parte natural de um mercado dinâmico e em constante evolução, como é o de atacarejo. Enxergamos a expansão de outras redes como um movimento positivo, que estimula a competitividade, eleva o padrão de atendimento e impulsiona a inovação no setor.
Em 1º de julho de 2025 entra em vigor a portaria 3.665/2023, que limita o trabalho no comércio aos domingos e feriados, exceto se estiver previsto em lei municipal ou convenção coletiva. O que o Atacadão acha dessa medida?
O Atacadão entende que o diálogo entre empresas, trabalhadores e autoridades é essencial para encontrar soluções equilibradas. O domingo representa um dia estratégico para o setor, especialmente para o público que não consegue fazer compras durante a semana. Seguimos acompanhando o tema de perto e acreditamos na construção conjunta de alternativas que atendam às necessidades de todos os envolvidos.
Além das lojas físicas, o Atacadão também tem uma plataforma de vendas online. Como é a adesão? É voltado para clientes finais ou empresas?
Temos avançado de forma significativa em nossa estratégia digital, o que tem ampliado nosso alcance para novos mercados, fortalecendo a presença da marca em regiões ainda não atendidas pelas lojas físicas. Nosso e-commerce atende aos públicos B2B e B2C com mais de 280 lojas em operação, permitindo compras com retirada na unidade mais próxima ou entrega no endereço mais conveniente. Os aplicativos parceiros iFood, Rappi e Uber complementam este serviço.
Há algum atendimento específico para empresas?
Oferecemos atendimento especializado para clientes pessoa jurídica, com condições diferenciadas, serviços de televendas e uma estrutura de atacado de entrega. Nosso foco é ser parceiro do empreendedor brasileiro, facilitando o abastecimento com eficiência e custo-benefício.
Poderia falar um pouco sobre a loja-modelo em retail media, no Shopping Bangu (RJ), com 200 metros quadrados de telas de LED? Qual é o objetivo? Há previsão de novas inaugurações semelhantes?
A loja-modelo representa um marco na nossa estratégia de comunicação e inovação. O espaço oferece uma experiência imersiva para o cliente e cria novas possibilidades de interação com as marcas. A proposta é testar formatos que combinam tecnologia, impacto visual e engajamento. Sim, estudamos a expansão desse modelo para outras regiões.
Que tipo de ações promocionais foram planejadas para engajar os clientes durante o aniversário?
A campanha de 63 anos contou com sorteios semanais, prêmios diários, vales-compras e um grande prêmio final de R$ 1 milhão. A cada R$ 200 em compras, o cliente recebia um código promocional para participar. Quem usou o Cartão Atacadão ou participou da promoção anterior teve chances em dobro. Foi uma forma de agradecer a confiança dos nossos clientes ao longo dessas seis décadas.
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