Após troca na liderança, Ambev é buy para BofA e neutra para BTG

Carlos Eduardo Klutzenschell Lisboa, diretor-presidente da Middle Americas Zone (MAZ) na Anheuser-Busch InBev, assumirá a partir de 1º de janeiro de 2025 o cargo de diretor-presidente-executivo da Ambev

Victor Marques - DC News
29/Ago/2024
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Após troca na liderança, Ambev é buy para BofA e neutra para BTG

A gigante de bebidas Ambev anunciou na terça-feira (27) uma troca importante de cadeiras do comando da companhia. Carlos Eduardo Klutzenschell Lisboa, membro do conselho de administração e diretor-presidente da Middle Americas Zone (MAZ) na Anheuser-Busch InBev – região que inclui Colômbia, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Peru e República Dominicana – assumirá a partir de 1º de janeiro de 2025 o cargo de diretor-presidente-executivo da Ambev.

A posição era anteriormente ocupada por Jean Jereissati Neto, que faz o caminho oposto e assumirá como diretor-presidente da MAZ no lugar de Lisboa, que também deixará de ocupar a cadeira no conselho de administração da Ambev a partir de janeiro.

Na quarta-feira (28), dia seguinte ao anúncio, a ação flutuou pouco. Abriu em R$ 13,03 e fechou em R$ 12,95 (leve variação negativa de 0,61%). Com a dança das cadeiras, Bank of America (BofA) começou o dia recomendando a compra das ações e BTG classificando como neutra – que são as ações com retorno total esperado entre 10% e menos 10% da média.

Para o BofA, a recomendação é de buy para a ação, com preço-alvo de R$ 15,50. Considerando o preço atual, a expectativa é de uma valorização de 19,7%. Segundo o relatório do banco americano, a troca de posições de comando não é anormal no histórico da companhia. Lisboa, antes de ocupar a cadeira atual de diretor-presidente da MAZ, na qual está desde 2019, foi presidente da região sul da América Latina na Ambev e, antes, vice-presidente global de marcas, entre outros cargos. Para o banco, a troca de posição não apresenta riscos ou anormalidades, por isso reitera a posição de buy.

No caso de Jereissati, a instituição cita a mudança dos resultados da Ambev sob seu comando nos últimos cinco anos. Os volumes de venda de cerveja cresceram 13% entre 2019 e o primeiro semestre de 2024, com o Ebitda da região Latam Sul subindo 44%. No Brasil, os volumes de venda de cerveja cresceram 20% no mesmo período. “A empresa teve sucesso ao lançar novas marcas, como Becks, Michelob Ultra, Spaten focando no segmento premium e inovando em torno de marcas muito fortes, incluindo cerveja sem álcool”, afirmou o Bank of America no relatório assinado pelos analistas Isabella Simonato, Julia Zaniolo e Fernando Olvera. “Isso, aliado ao desenvolvimento do e-commerce e do Zé Delivery, mudou a forma de vender cerveja.”

Do lado do BTG, a história é parecida. Segundo o relatório do banco brasileiro, assinado pelos analistas Thiago Duarte e Guilherme Guttilla, a troca de cadeiras de agora é inesperada, mas também reitera que é um movimento natural dentro da cultura da companhia. O preço-alvo é de R$ 15, com retorno de 15,8% em um período de 12 meses. “A troca de funções entre executivos internamente se tornou uma prática bastante comum para a Ambev e está inserida na cultura da empresa de nutrir talentos e construir liderança”, afirmou o BTG no relatório, que também discorre sobre os bons resultados da empresa sob o comando de Jereissati. “Nos últimos anos vimos a Ambev seguindo o caminho certo, o que nem sempre é o mais fácil.”

O BTG ainda afirmou que a expectativa agora é entender o que acontece a seguir e como a empresa vai entregar lucratividade e poder de precificação enquanto ainda alavanca os negócios desenvolvidos nos últimos cinco anos. É reforçado também que a troca de CEO acontece em um momento decisivo da companhia, em que seu market share – segundo dados da Nielsen de 2023, oscilou de 59,7% para 59,3% – não representa a grandeza dos bons resultados dos últimos anos.

A Ambev ainda tem a maior fatia do mercado brasileiro. Heineken tem 24,4%, Petrópolis 11,3% e outras marcas detém os 5% restantes. “Chegou a hora de a Ambev provar se ela ainda tem poder de precificação em meio a um cenário competitivo muito mais acirrado. O reposicionamento do portfólio e as ferramentas digitais serão colocadas à prova.”

ANÁLISE

Segundo Hudson Bessa, professor na FVG e no Insper, conselheiro da Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos e sócio na HB Escola de Negócios, a recente mudança na liderança não deve alterar substancialmente o preço das ações. “Após descontarmos a taxa de juros do crescimento projetado de 15%, feito pelo BTG, isso representaria um crescimento real entre 4% a 5%”, afirmou Bessa. “É um crescimento que reflete o estágio de maturidade da Ambev. Mas não devemos esperar grandes saltos nas ações.”

Nos seis primeiros meses de 2024, a Ambev reportou faturamento de R$ 40 bilhões, o que representa crescimento de 2,3% na comparação com o mesmo período de 2023. O lucro líquido foi de R$ 6,2 bilhões (redução de 2,5%) e o Ebitda alcançou os R$ 12,3 bilhões (crescimento de 5,3%).

 

IMAGEM: divulgação 

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