Ainda falta muito para São Paulo virar uma cidade de "economia circular"

Para tanto, a reciclagem e o reaproveitamento deverão ser a bola da vez dos projetos de sustentabilidade, com o propósito de transformar lixo em ouro

Thais Ferreira
20/Jun/2017
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Ainda falta muito para São Paulo virar uma cidade de "economia circular"

De um lado, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente apela para o trabalho voluntário, doações e mutirões. De outro, a iniciativa privada busca reduzir os impactos ambientais. Projetos que carregam valores ambientais podem se converter em ativos e fazer parte do que se chama de economia circular.  

Do lado da gestão pública, ainda há desafios. “Durante uma crise econômica, a área ambiental é a que mais sofre”, disse Gilberto Natalini, secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente.

Ele fez essa avaliação durante o seminário ‘Urgências Ambientais na Cidade de São Paulo’, organizado pelo Conselho Socioambiental e pelo Conselho da Mulher Empresária, ambos da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Segundo Natalini, com o atual cenário político e econômico, as causas ambientais permanecem no fim da lista de prioridades. 

GILBERTO NATALINI, SECRETÁRIO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE, DURANTE EVENTO NA ACSP 

E isso porque desafios não faltam na cidade de São Paulo: emissão de gases poluentes, tratamento de água, ocupação irregular da área de mananciais, coleta e reciclagem de lixo. Esses são apenas alguns exemplos de problemas que ainda não foram superados. E a lista é longa.

De acordo com o secretário, sobram dificuldades e faltam verbas. Com a queda na arrecadação da prefeitura, que foi de 8,7% apenas no primeiro bimestre desse ano, os repasses para as secretarias também foram reduzidos.

 “Mal dá para pagar a folha de pagamento”, afirma Natalini.

Para não ficar de braços cruzados, a secretaria conta com forças-tarefa, doações, mutirões e trabalho voluntário.

Como parte do projeto de governo do prefeito João Dória, as empresas são chamadas a contribuir.

Paulo Mathias, Prefeito Regional de Pinheiros, acredita que uma das soluções está no envolvimento da iniciativa privada.  “O Estado não pode fazer tudo sozinho”, afirma.

Durante o evento da ACSP, ele contou sobre os projetos que estão sendo realizados na região com a ajuda de empresários e comerciantes.

Para a manutenção e conservação de canteiros e jardins da Avenida Brigadeiro Faria Lima, por exemplo, a prefeitura firmou uma parceria com a rede de academias Smart Fit.

Nos próximos dias, será anunciada a colaboração com a lanchonete Z-Deli para a conservação dos canteiros da Avenida Pedroso de Morais.

Essa prática tem sido amplamente utilizada pela prefeitura. Para além das questões relacionadas ao meio ambiente, o prefeito João Dória já firmou diversas parcerias similares.

Por exemplo, a limpeza e manutenção dos banheiros do parque do Ibirapuera são realizadas por meio de doações da Unilever - multinacional proprietária de diversas marcas como Omo e Dove - e pela construtora Cyrela, respectivamente.

As iniciativas fazem parte do projeto Cidade Linda, que tem como objetivo realizar um amplo trabalho de manutenção em São Paulo.

PAULO MATHIAS, PREFEITO REGIONAL DE PINHEIROS, FALA SOBRE AS AÇÕES DA PREFEITURA

SUSTENTABILIDADE

Enquanto a prefeitura pede ajuda para o setor privado, as empresas estudam formas de melhorar suas práticas de sustentabilidade.

Um dos casos mais bem sucedidos no tema é o do Shopping Eldorado.

Dentro do centro comercial foi criado um sistema de separação do lixo orgânico e compostagem. Também foi feito um telhado verde, onde crescem legumes e verduras que são distribuídos para os funcionários do shopping.

A iniciativa se tornou uma referência. Outros centros comerciais e empresas estão adotando soluções similares. Um prédio comercial na Avenida Brigadeiro Faria Lima tem um projeto parecido. Em vez de utilizar o telhado, eles optaram por fazer no subsolo, que recebe a iluminação de lâmpadas especiais.

Mas a sustentabilidade não precisa ser colocada em prática em um projeto paralelo ao negócio principal.  A Sinctronics, especializada na reciclagem de componentes eletrônicos, é um exemplo de como as empresas podem repensar suas cadeias de produção.

A Sinctronics faz parte da Flextronicns, uma empresa multinacional que fabrica computadores, celulares e impressoras para grandes marcas como IBM e HP. 

Essa subdivisão da empresa foi criada para reciclar e reutilizar os produtos eletrônicos que são descartados. Os componentes são aproveitados dentro da produção da própria empresa ou são transformados em resina plástica para criação de novas peças.

“Já criamos mais de 50 toneladas de resina plástica”, afirma Josué Graton, gerente em Logística Reversa da Sinctronics. “Geramos 70% de economia em energia e reduzimos em 80% a emissão de gás carbônico.”

Esse reaproveitamento que transforma lixo em ouro é chamado de economia circular.

Trata-se de uma nova forma de repensar cadeias de produção e que promete crescer nos próximos anos. Uma pesquisa conjunta da Ellen MacArthur Foundation com o McKinsey mostrou que a adoção da economia circular pode aumentar o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas do país) da Europa em € 1,8 trilhão até 2030.

Além de ser sustentável, a reutilização e reciclagem também são um ótimo negócio. 

Foto: Thinkstock e Thaís Ferreira/ Diário do Comércio 

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