ACSP cria Núcleo de Turismo e Comércio
Coordenado pelo consultor Virgílio Carvalho (esq.), o grupo de estudos reúne especialistas do setor e pretende lançar projetos relacionados ao calendário de eventos da capital

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) formalizou neste mês de março a criação de mais um conselho, o NUT (Núcleo de Turismo e Comércio), coordenado por Virgílio Carvalho, consultor em turismo e hotelaria. O novo núcleo faz parte da estrutura do Conselho de Política Urbana (CPU), da ACSP, que é coordenado por Antonio Carlos Pela, também vice-presidente da casa. A entidade, que tem como tradição debater grandes temas que impactam na infraestrutura, economia, varejo, cidades, comércio e serviços, espera agora, por meio de um grupo de especialistas, contribuir com propostas e projetos relacionados ao calendário de eventos da capital.
Cerca de 20 autoridades e especialistas que representam o setor foram convidados a integrar esse grupo de discussões. De acordo com Virgílio, a criação do NUT é uma demanda antiga da ACSP e sinaliza a importância de alavancar a capital paulista para além do nicho corporativo. São Paulo é a cidade brasileira que mais recebe eventos da área de negócios, oferecendo boa estrutura de centros de convenção, hotéis, restaurantes e estabelecimentos 24 horas.
"Como o turismo é um pilar importante da economia paulistana, sentimos que podemos ir além. Pensando nesses eventos, a ideia é que eles sempre tenham um momento para compras. Vamos trabalhar o comércio como produto turístico. Queremos ser pioneiros porque ninguém faz isso no Brasil", disse o coordenador do NUT.

Para isso, Virgílio acredita que seria possível ampliar a permanência desses visitantes em dois ou três dias com roteiros pré-estabelecidos por shoppings, ruas temáticas e afins. Pesquisas realizadas pelo Observatório do Turismo, núcleo de estudos, e a São Paulo Turismo (SPTuris) mostraram que, entre os meses de setembro e outubro de 2024, mais de 15% dos gastos dos turistas nacionais foram destinados às compras. Entre os turistas estrangeiros que vieram a São Paulo no mesmo período, a busca foi maior por peças de vestuário (31,7%), brinquedos (10,6%) e perfumaria (9,8%).
O mesmo material mostra que a época que antecede o Natal traz mais de 2 milhões de visitantes à cidade por sua programação natalina e os atrativos culturais e turísticos. Desse total, cerca de 25% vão às compras. Outro estudo realizado pela SPTuris revelou que o Terminal Turístico de Compras 25 de Março, administrado pela empresa, recebe cerca de 600 ônibus todos os meses.
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), cerca de 390 mil pessoas trabalham nos setores de turismo e eventos — e atividades impactadas, como alimentação fora do lar — na cidade de São Paulo.
Vale lembrar, segundo Virgílio, que a cidade de São Paulo foi o destino turístico nacional mais vendido em 2023, segundo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), entidade que reúne as maiores empresas do setor. Foi a primeira vez que um destino turístico fora do Nordeste apareceu na liderança do ranking.
Entre os principais motivos para as viagens a São Paulo estão os grandes eventos. Em 2023, mais de 1,2 mil eventos foram realizados na capital, entre feiras, congressos e convenções, com 6,3 milhões de participantes e impacto econômico de R$ 9,3 bilhões, segundo a União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios (Ubrafe).
Nesse sentido, Virgílio acredita que o Centro de São Paulo, certamente, será uma das primeiras áreas a receber ações. "A Rua 25 de março é a maior zona de comércio popular do país. O Bom Retiro e o Brás são bairros fortes em confecções. Temos o famoso reduto dos eletrônicos, na rua Santa Efigênia. Além disso, o Centro tem muita arte e gastronomia", disse.
Para tirar esses planos do papel, Virgílio espera contar com a expertise das 15 Distritais da ACSP, distribuídas pelas macrorregiões da capital. Nas palavras do coordenador do NUT, as Distritais desempenham um papel fundamental, representando os empresários e o comércio local, e isso tem muita sinergia com o trabalho do grupo.
Ao citar a importância de iniciativas como as previstas pelo NUT, Virgílio recordou que a abertura de shoppings aos domingos foi autorizada por lei em 1997, após um movimento liderado pelo São Paulo Convention&Visitors Bureau. E hoje, esse é o segundo melhor dia em vendas para esses empreendimentos. Na época, a abertura dos shoppings aos domingos mudou o comportamento da cidade de São Paulo, impulsionando o emprego e o comércio e tornou a capital uma cidade mais competitiva no turismo e no lazer.
Na época, a ACSP também participou ativamente desse movimento e destacava que muitos trabalhadores disputavam o direito de trabalhar aos domingos porque a comissão sobre as vendas acabava sendo mais elevada - e assim segue até hoje, relembra Vírgilio.
"De uma forma indireta, a ACSP sempre esteve envolvida nessa pauta. É difícil imaginar o que seria de São Paulo com seus shoppings fechados aos domingos. Vamos retomar novas ações e destacar a importância de aliar turismo e comércio na cidade", disse.
*Conteúdo atualizado em 08/04/2025, às 14h30.
IMAGEM: ACSP