A todos os profissionais do mundo digital: lembrem-se dos clientes!

Sou heavy user de tecnologia desde os tempos dos cartões perfurados (alguns de vocês já devem ter ouvido falar). Participei das primeiras informatizações em supermercados, etiquetei código de barras em produtos e implementei inovações, como balanças nos caixas, monitores coloridos e sistemas ERP, WMS. Ao longo da carreira, acumulei funções equivalentes às de CEO, COO, CMO e CIO, como são chamadas hoje. O tempo passa ... Continuo um heavy user de tecnologia. Porém, aos 65 anos, minha visão já não é mais a mesma e meus dedos não mais tão finos.

Por isso, peço: ao desenvolverem aplicativos, considerem também o uso em PCs. Já tentou fazer um pedido de delivery no computador? A maioria dos sites insiste para que baixemos o aplicativo no Android ou iOS. Eu prefiro usar a tela de 23 polegadas do PC, o que me facilita a vida.

E as drogarias? Algumas ainda precisam entender o conceito de ominicalidade. Experimentei iniciar um pedido no smartphone e, ao continuar no PC, a cesta estava vazia. A propósito... no PC, o site apresentava erros a cada produto inserido.

Os bancos também são um desafio. A justificativa é a segurança? Resolvi pagar todos os boletos do mês antes de uma viagem. No smartphone, cada boleto exigia uma confirmação de biometria facial que falhava cinco ou seis vezes antes de funcionar.  Então fui tentar no PC, mas, para cada boleto, o banco pedia que eu escaneasse um QR code com o smartphone, para então gerar um código e digitá-lo no computador. Desisti desse banco e estou transferindo minhas operações para outro.

Gostaria de fazer tudo no PC, mas parece que todos querem nos forçar a usar apenas o smartphone. Por favor, então, programem os canais de venda de modo a considerar o público mais velho.

Num tempo em que se fala tanto sobre experiência do cliente, como classificar esses perrengues tecnológicos?

Lembrem-se, a população está envelhecendo. Tornem a experiência digital inclusiva e funcional para todos.

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio

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