‘A revitalização do Centro de SP tem gerado bons frutos para o turismo’
Secretário de Turismo da cidade de São Paulo, Rodolfo Marinho fala sobre o atual momento do setor e os planos de atrair mais hotéis para o Centro

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Incentivos no Centro de São Paulo, como a Lei do Triângulo e do Quadrilátero, que reduzem tributos para empreendimentos residenciais e não-residenciais, buscam atrair negócios e novos moradores. Mas há um terceiro público que também está na mira das ações governamentais: os turistas. De acordo com o secretário municipal de Turismo, Rodolfo Marinho, o maior desafio para a área central da cidade nesse sentido é a rede hoteleira, na qual a taxa atual de ocupação está entre 45% e 60%. O número está muito aquém do que a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (FHORESP) considera ideal, que seria uma ocupação de 80%.
Apesar disso, o secretário afirma que o turismo na região central tem crescido e que o momento atual é positivo. Um exemplo, segundo Marinho, são os museus Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que tem recebido uma média de 2,5 mil pessoas nos finais de semana (11% acima do ano anterior), e o Farol Santander, com 1,5 mil visitantes aos sábados e domingos (a assessoria do Farol Santander informou que as visitas se mantiveram estáveis nos últimos anos). Na análise do secretário municipal de Turismo, ainda falta fortalecer o setor. Uma das ideias com esse objetivo será colocada em prática ainda este ano, com a realização de um encontro entre associações do segmento e órgãos públicos, promovido pela Prefeitura de São Paulo. “Com isso, pretendemos identificar ações e soluções para o setor”, disse Marinho.
Confira, a seguir, a entrevista exclusiva que o secretário de Turismo concedeu ao Diário do Comércio.
Diário do Comércio - Que avaliação o senhor faz do Centro hoje, com o processo de revitalização pelo qual a região está passando?
Rodolfo Marinho - Nós temos exemplos de que a revitalização do Centro tem gerado bons frutos para o turismo. Um deles é a Praça da Sé. Antes, as pessoas tinham muita dificuldade de transitar por lá. No final do ano passado, conseguimos fazer uma ativação de Natal, com árvore, Papai Noel, pista de patinação, praça de alimentação e apresentações musicais. A loja da Catedral da Sé, que antes vendia em torno de R$ 5 mil por mês, atualmente consegue atingir esse valor diariamente. O aumento de turistas nos museus é nítido. Os dois mais procurados do Triângulo Histórico são o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que chega a receber 2,5 mil pessoas nos finais de semana, e o Farol Santander, que recebe até 1,5 mil visitantes aos sábados e domingos.
Por muito tempo, o Centro ficou sem receber a devida atenção do Poder Público. Isso acabou afetando a imagem da região. O que fazer para contornar esse quadro?
Algumas medidas já foram tomadas para contornar isso, como a aprovação do Plano de Intervenção Urbana no Centro, que tem como um dos principais objetivos incentivar a vinda de novos moradores. Além disso, numa ação conjunta entre a Prefeitura e o Governo do Estado, colocamos 2,5 mil policiais militares para garantir a segurança da região, sem contar o número de guardas civis municipais, que são mais de 1 mil todos os dias. A gente tem uma central que mostra a visão de 10 mil câmeras instaladas na área. Esses equipamentos trabalham em tempo real para acionar a polícia, caso alguém cometa algum delito.
Que estratégias a Prefeitura tem usado para promover o Centro?
Eu vou citar o último evento que fizemos aqui no Centro: o Festival do Café. Foram 38 cafeterias do Centro Histórico que participaram do evento e mais de 150 artistas. Eles passavam nas cafeterias e ficavam tocando, cantando. Isso chamou a atenção de muitas pessoas. No último domingo (26 de maio), realizamos uma corrida num percurso de 5 quilômetros, num trajeto que passou pelo Triângulo Histórico. Tivemos 7 mil inscritos e as inscrições se esgotaram em 4 minutos.
Como o senhor classificaria o atual momento do Centro de São Paulo?
Eu classificaria como ótimo. Nós estamos cuidando do Centro de forma que o turista seja beneficiado, mas, principalmente, quem está lá no dia a dia. Temos feito obras de requalificação, buscamos ajudar da melhor forma possível as pessoas em situação de rua e temos cuidado da limpeza na região. Além disso, a promoção de eventos privados faz muita diferença.
Em janeiro, o Governo do Estado decretou o Centro de São Paulo como distrito turístico urbano. O que muda para a região a partir disso?
Agora, nós conseguimos colocar em prática algumas políticas públicas de forma mais rápida. É possível fazer reformas no Centro com mais celeridade e garantias. Com isso, os frequentadores, moradores e as iniciativas privadas ganham mais segurança jurídica para investir na região.
Há algum projeto para incentivar a ida de hotéis para o Centro?
Durante a pandemia, muitos hotéis saíram do Centro e os que ficaram enfrentam sérios problemas financeiros. O decreto que define a região como distrito turístico urbano favorece a rede hoteleira, por facilitar o processo de revitalização dos locais e diminuir os impostos. A taxa de ocupação nos hotéis do Centro, atualmente, está em torno de 45% e 60%. Em breve, vamos promover um encontro para reunir as grandes associações de hotéis para, em parceria com a Prefeitura, lançar alguns programas para mudarmos esse cenário.
IMAGEM: Gregory Grigoragi